terça-feira, 1 de dezembro de 2020

VEREADORA ELEITA EM CAMPINA, JÔ OLIVEIRA, GANHA DESTAQUE NA MÍDIA NACIONAL

A vereadora eleita em novembro Jô Oliveira (PCdoB), vem conquistando espaço e se destacando na imprensa.

Depois de participar de vários programas de TV e rádio na Paraíba ela agora ganhou destaque na mídia nacional, sendo apresentada para todo o Brasil pelo portal Terra (em matéria do Estadão) como a primeira negra a ocupar uma vaga na câmara de vereadores campinense.
Assistente social, 39 anos, Jô Oliveira obteve 3.050 votos e é citada na matéria que fala sob a sub-representação de pretos e pardos em cargos eletivos no país, mesmo sendo maioria da população.
O portal Terra destaca ainda sua eleição numa cidade dominada politicamente por famílias tradicionais, a desigualdade de recursos (enquanto teve candidato que recebeu “200 mil reais”, ela teve apenas “13 mil reais” para fazer a campanha) mas soube fazer uma mobilização que acabou resultando em sua vitória.
LEIA A MATÉRIA DO PORTAL TERRA NA ÍNTEGRA:
“Uma em cada cinco cidades não elegeu nenhuma vereadora”
Apesar de as candidaturas de pautas identitárias – em defesa de grupos LGBT, feministas, antirracistas ou de povos indígenas – avançarem, a falta de representatividade ainda é realidade em boa parte dos municípios brasileiros.
Levantamento feito pelo Estadão mostra que quase uma em cada cinco cidades do País – ou 931 municípios (17% do total) – não elegeu nenhuma vereadora neste ano.
O número representa um avanço em relação a 2016, quando 1.292 câmaras municipais ficaram sem representatividade feminina.
Segundo especialistas, a cota de 30% de candidatas ajudou a conquistar mais espaço, mas ainda falta investimento e apoio das siglas.
Em Cotia, Carolina Rubinato (PSOL), de 38 anos, bem que tentou quebrar a sequência de 32 anos sem eleger uma só mulher no município. 
Ela uniu forças com outras quatro para lançar o Mandato Coletivo Feminino.
Mas, relata, esbarrou no machismo e na falta de investimento do partido.
Ganhamos ‘1.425 reais que foram depositados uma semana antes da eleição. Não deu tempo nem de rodar papel. Nós mesmas bancamos a impressão do folheto, os cartões e as redes sociais”, disse Carolina, que é especialista em política empresarial e pública para mulheres.
Ainda que com poucos recursos, ela foi a que teve maior votação entre as mulheres: ao todo, 1.052.
O resultado de quatro décadas de um Legislativo composto só por homens é a falta de políticas para mulheres em áreas como saúde e educação, segundo Carolina.
Eles não têm o olhar da necessidade da mulher. Por isso, a paridade de gênero é importante: para que as políticas atinjam a todos.”
Na Grande São Paulo, Cotia não é exceção: outras nove cidades também não tiveram mulheres eleitas, quase 30% de toda a região. Carapicuíba e Embu das Artes ficaram de fora do levantamento, pois o resultado da eleição ainda não foi validado pela Justiça Eleitoral.
Mesmo com as cotas, as candidaturas femininas tiveram crescimento tímido.
Parte da explicação tem a ver com a formação da cúpula dos partidos, que por ser majoritariamente masculina e branca, prioriza candidatos homens, segundo a cientista social Beatriz Della Costa Pedreira, diretora e cofundadora do Instituto Update.
As pessoas eleitas refletem o sistema interno partidário, que não é democrático. As mulheres não conseguem vencer essas barreiras, porque elas não têm apoio, inclusive financeiro, dos partidos.”
Sempre houve resistência por parte das legendas em cumprir a lei de cotas, que não é apenas incluir mulheres em condição de candidatura, mas com chances reais de serem eleitas, diz a cientista política Malu A. C. Gatto, professora da University College London.
Para que isso seja possível, elas não somente precisam estar na lista de concorrentes, mas ter acesso a recurso e a apoio partidário.”
Nas últimas eleições, as siglas começaram a respeitar mais a lei em termos de proporção de candidaturas, diz Malu.
Mas a maioria não tem passado dos 30% exigidos.
A cota se tornou um teto, em vez de um piso”, diz a especialista. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nenhum partido lançou mais mulheres do que homens nas eleições 2020.
O que mais se aproximou da paridade foi a recém-criada Unidade Popular (UP), com 43,28% de candidatas.
Em seguida, vem o PSTU (38,94%).
A sub-representação também afeta pretos e pardos, que são a maioria da população.
Este ano, 766 municípios não elegeram vereadores pretos ou pardos.
Mas, em comparação com 2016, houve uma conquista de 277 cidades. Campina Grande, na Paraíba, é uma delas.
Lá, a assistente social Jô Oliveira (PCdoB), de 39 anos, será a primeira negra a ocupar uma cadeira na Câmara.
Sua candidatura vinha sendo construída desde 2016, quando ficou como suplente.
Em um município onde famílias tradicionais dominam a política, Jô fez uma campanha de poucos recursos, mas com mobilização social. Recebeu o fundo partidário e o recurso da cota racial do partido, só que nas duas últimas semanas.
Em comparação com adversários, que arrecadaram quase  “200 mil reais” ela obteve “13 mil reais”.
Quem tem mais dinheiro tem mais tempo para estar na rua, mais pessoas para pedir votos, equipes de redes sociais. Os recursos são primordiais. Mas, o que eu não pude pagar, tive pessoas que ajudaram.”
Da construção do programa de mandato até começar a pedir votos, Jô teve a ajuda de movimentos como o das mulheres e o da juventude. Isso a levou a conseguir 3.050 votos.
É uma conquista importante enfrentar essa estrutura. Conseguir um mandato marca um espaço, mas ainda temos muito o que avançar.”
A cientista política Ana Claudia Farranha, professora de Direito da Universidade de Brasília (UnB), diz que é importante que espaços como a Câmara Municipal representem a diversidade do País.
Quanto mais a gente tiver o espelhamento da sociedade nas instâncias representativas, ela estará mais próxima da realidade da sociedade.”
A redução da desigualdade vai ao encontro da determinação de um critério racial na divisão de recursos do Fundo Eleitoral.
O TSE decidiu, em agosto, que a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda eleitoral gratuita devem ser proporcionais ao número de candidatos negros do partido.
Apesar de o plenário ter entendido que a medida deveria valer a partir de 2022, o Supremo Tribunal Federal antecipou a regra para este ano.
A eleição mostra que candidaturas de pautas identitárias avançaram, mas ainda não são maioria.
Sabemos que 81,7% dos novatos são homens e 52,7%, brancos e brancas. Pretos e pretas são 6,58%”, diz Malu Gatto.
Ela explica que, ao se analisar gênero e raça, as mulheres pretas continuam sendo minoria, com apenas 1,02% de eleitos.
Houve ganhos. Mas é um espaço que vem sendo conquistado lentamente e carregando com ele essas desigualdades sociodemográficas.”
Estadão Conteúdo Terra/Estadão
(Do Rede de Notícias)

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