segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

CONGADO DE TIRADENTES APELA À CNBB E ARQUIDIOCESE: 'IGREJA É PARA TODOS'

Depois de ser impedido de realizar suas celebrações na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Tiradentes, o Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia apelou as Arquidiocese de Belo Horizonte, à Diocese de São João Del Rei e à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil.

Em petição virtual que conta com, aproximadamente, 700 assinaturas, a associação do Congado afirma que está proibida de se manifestar no templo desde agosto de 2019.
Senhor Padre abre a porta, povo negro quer entrar”, diz o título do texto, endereçado a Dom José, bispo da Diocese de São João Del Rei, Dom Walmor, arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte e Presidente da CNBB e ao responsável pela proibição padre Alisson Sacramento, da Paróquia de Santo Antônio, em Tiradentes.
Segundo o Congado, a 'instituição religiosa continua omissa para o cuidado dos menos favorecidos'.
Afirma, ainda, que 'após mais de 100 anos a história se repete, mais uma vez os negros e negras são impedidos de adentrar os templos religiosos cristãos, batem a porta e é negado acesso a um espaço teoricamente público'.
E questiona. “A igreja é para todos os povos ou para alguns?”
A PROIBIÇÃO
A proibição foi decretada pelo pároco Alisson Sacramento, que assumiu a paróquia responsável por essa igreja em julho de 2019.
Em entrevista ao Estado de Minas, o padre Alisson disse que não há discriminação contra o Congado e que o veto é uma 'questão doutrinal'.
A Escrava Anastácia não é uma santa católica. Quando cheguei a Tiradentes, conversei a respeito com o Capitão Prego, responsável pelo congado, que me disse ser devoto da Escrava Anastácia e que havia no Rio de Janeiro uma igreja dedicada a ela. Expliquei, então, que a igreja Brasileira é uma dissidência da Igreja Católica, não faz parte da Igreja Católica”, declarou.
Ele completa: “Temos congados históricos, centenários, em louvor aos santos negros, a exemplo de São Benedito e Santa Efigênia. Não se trata de discriminação ou preconceito”.
O Estado de Minas entrou em contato com a CNBB e com a Arquidiocese de Belo Horizonte.
Ambas instituições afirmaram que não irão se pronunciar sobre o caso e que a decisão cabe ao bispo de São João Del Rei, Dom José Eudes Campos do Nascimento.
A reportagem aguarda retorno da Diocese de São João.
(Por o Estado de Minas)

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