O jornalista Lenildo Ferreira e o professor, publicitário, especialista em marketing político digital, Emerson Saraiva, construíram dois textos impecáveis “tratando” o transporte de passageiros em Campina Grande.
Lenildo postou o texto - Nem as crises, nem a concorrência. Foi a direção que quebrou os ônibus - como editorial do
seu site o Hora Agora (www.horaagora.com.br) após os
proprietários de empresas de ônibus se reunirem com o prefeito Bruno Cunha Lima, e Emerson
fez um comentário em cima do texto de Lenildo e foi mais adiante...
Uma verdade em dois textos.
O
QUE ESCREVEU LENILDO
“Nem as crises, nem a concorrência. Foi
a direção que quebrou os ônibus
Proprietários
das empresas de ônibus de Campina Grande estiveram reunidos hoje com o prefeito
Bruno Cunha Lima para dar curso à política de gestão que os representantes do
segmento mais têm desenvolvido nos últimos anos: o lamento, a autopiedade e o
clamor por benefícios da parte do poder público.
O
problema é que o dilema está chegando a um nó górdio no qual resta muito pouco
a ser feito pelo Município que, ano após ano, busca medidas para socorrer o
serviço, que é essencial, a fim de tentar evitar que milhares de cidadãos
fiquem desassistidos.
A
crise é real, a crise do segmento já era crescente, a concorrência com os
serviços de transporte por aplicativo e clandestinos piorou tudo e, finalmente,
a pandemia tirou outra fatia dos passageiros, principalmente estudantes,
deixando o setor sem freio numa ladeira a caminho do abismo.
Mas,
esse itinerário desastroso começou muito tempo atrás e, vale o trocadilho, por
falta de condução adequada.
Nos
tempos das vacas gordas, em que o ônibus era a única opção para a quase
totalidade da massa, o mesmo empresariado
fazia pouco caso dos graves problemas do serviço.
Rotas
mal atendidas, funcionários pouco qualificados e ainda menos educados, horários
truncados e uma rotina de passageiro pagando caro para ser tratado como
sardinha em lata eram itens de uma cultura empresarial que não reconhecia o
usuário como cliente.
A
lei do mercado veio a colidir com essa visão medíocre.
O
tempo tratou de trazer outras opções e o passageiro que pôde saltou antes do
ponto final.
E
foi aí que os magnatas descobriram, provavelmente tarde demais, que não eram os
ônibus que levavam o povo, mas o povo que carregava o transporte público.
(Texto
do www.horaagora.com.br)
O
QUE COMENTOU EMERSON
“Além
de todo o exposto de forma clara e objetiva na matéria, o sistema de ônibus de
Campina Grande é um estrondoso caso de fracasso de comunicação e marketing.
Ao
longo de anos e anos não se tem notícia de uma campanha promovida pelas
empresas, através do sindicato que concentra suas estratégias mercadológicas,
com o objetivo de mostrar qualquer aspecto positivo que fosse dos serviços
prestados.
Gastaram
milhões desde o início da crise com o único objetivo de tentar combater seus ‘inimigos’,
ocupando valiosos espaços de mídia para dizer que ‘Transporte Clandestino é
Crime!’, tentando, por um lado, jogar a população contra mototaxistas e
motoristas de alternativos, e, por outro, fazendo chantagem e tentando
constranger os órgãos encarregados de fiscalizar o tal ‘crime’.
Burrice
gigantesca imaginar que a população poderia se virar contra trabalhadores
pobres tentando sobreviver e, além disso, oferecendo serviços que se não
garantiam a mesma segurança do transporte legalizado, ofereciam a praticidade
de um serviço que tapava o enorme buraco da incompetência do setor, pelo menos
no sentido de tentar atrair alguma simpatia da população mostrando o que
eventualmente tivesse de bom a oferecer.
E
a estratégia utilizada foi tão desastrosa e contribuiu muito para a crise
justamente por isso: criou na população uma percepção de que não apenas as
empresas usam seu poder econômico para perseguir e criminalizar cidadãos que
tentam sobreviver através do trabalho honesto (mesmo sendo ‘clandestino’) pelo
fato de que não têm nada de bom para oferecer aos usuários.
A
mensagem implícita que criaram com tanto amadorismo foi algo como ‘nosso
serviço é péssimo e caro, nós tratamos você mal pra caralho e não estamos nem
aí pra dar qualquer satisfação, porque somos um monopólio e ninguém vai nos
tirar daqui, então você é obrigado a usar essa merda de qualquer jeito porque a
outra opção é ilegal’.
Aí
quebra e a culpa é de todo mundo, menos de quem fez a cagada”.
(Por
www.renatodiniz.com)
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