A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está recomendando que a vacina da Universidade de Oxford, em parceria com a AstraZeneca, seja aplicada ao menos num primeiro momento em dose única, e não em duas como sugere o fabricante.
A intenção é que se tenham mais
imunizantes para vacinar um maior número de pessoas.
O ministério da Saúde, por outro lado,
considera que a imunização deve seguir o que preconiza a Oxford/AstraZeneca.
A aplicação em dose única foi sugerida
pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger,
em entrevista a GloboNews.
"Nós já temos uma comprovação da
eficácia de 73% por 120 dias a partir da primeira dose. Tratamos a segunda dose
quase como um reforço", disse na quinta-feira (21/01).
"Nossa recomendação, e é um
programa que está sendo utilizado pela Inglaterra e pela maioria dos países, é
realmente aproveitar essa característica da vacina e fazer uma vacinação mais
rápida, para distribuir doses para mais pessoas num primeiro momento, para que
a gente possa diminuir a carga viral populacional, e com isso diminuir a
transmissão da doença", sustentou Krieger.
Nesta sexta (22) ao Estadão, a Fiocruz reforçou sua
posição.
"O regime submetido e aprovado pela Anvisa é de duas doses. Segundo os
estudos clínicos, com uma dose, a vacina alcança 73% de eficácia e 82% de
eficácia após a segunda dose, com um intervalo de 12 semanas entre elas.
O
que foi pontuado na entrevista à GloboNews é que o intervalo recomendado de 12
semanas entre uma dose e outra nos permite usar todas as vacinas disponíveis.
Não
haveria, dessa forma, necessidade de fazer reserva de doses nesse momento, uma
vez que a produção na Fiocruz já terá iniciado no prazo de três meses"
Na terça-feira (19) o ministério da
Saúde encaminhou ofício ao Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass)
e ao Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasem) alertando
para a necessidade de que se cumpram as diretrizes estabelecidas pelo Programa
Nacional de Imunizações (PNI).
O programa prevê ciclos de vacinação de
acordo com os grupos prioritários, que são definidos em estudos populacionais.
Segundo o ministério, todas as unidades
de saúde do País devem cumprir o que rege o PNI a fim de que o Brasil tenha
doses suficientes para imunizar "com
as duas doses previstas neste primeiro ciclo" da campanha de
vacinação.
Nesta sexta, em nota ao Estadão, o
ministério reiterou o posicionamento.
"O PNI prevê que os cidadãos recebam inicialmente o quantitativo de
doses preconizado por cada laboratório produtor", informou a pasta.
"É importante ressaltar que, conforme já divulgado, o plano é dinâmico e
será adaptado - se necessário - à medida em que tivermos vacinas aprovadas e
incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) - de forma a atender a população
brasileira", sustentou.
Ainda segundo o ministério da Saúde,
"a imunização levará em conta as
especificidades técnicas de cada vacina - sempre de acordo com as bulas e
respeitando as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa)".
Com o atraso na chegada de insumos
vindos da China, a Fiocruz adiou de fevereiro para março a previsão de entrega
das primeiras doses da Oxford/AstraZeneca que serão produzidas no Brasil.
(Por Estadão)
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