EX-JOGADOR DENUNCIA DISCRIMINAÇÃO EM SUPERMERCADOS DE CAMPINA GRANDE

Ex-zagueiro do Treze, onde marcou seu nome e foi uma das peças chaves do bicampeonato paraibano 2010-2011, Tiago Messias de Jesus usou as redes sociais esta semana para relatar um drama: a discriminação que sofre todos os dias em supermercados de Campina Grande por ser negro.

Depois de deixar os gramados prematuramente em virtude de uma lesão, Tiago Messias buscou empreender para conquistar o sustento da família – ele é casado e tem três filhas.

Vendeu água em semáforos até abrir um pequeno restaurante. Com muito esforço, o empreendimento vai bem, mas uma atividade de rotina no trabalho passou a representar constrangimento e sofrimento para Tiago.

É que ele, que precisa diariamente ir a supermercados atacadistas comprar insumos para o restaurante, relata se deparar, a cada momento de compra, com a mesma situação: ser seguido de perto por seguranças dentro dos estabelecimentos.

“Tem acontecido de uma forma recorrente e eu não posso aceitar isso. É inaceitável ter que conviver com isso, entrar no mercado e saber que vou ser seguido”, comentou em um vídeo publicado nas redes sociais.

Segundo ele, sua família, que muitas vezes o acompanha nas compras, sofre a mesma discriminação.

O ex-jogador não tem dúvidas que isso acontece por causa da cor da sua pele. “Algumas pessoas da segurança, infelizmente, seguem os clientes pela cor da pele ou pela forma como as pessoas estão vestidas. Isso acontece em todo lugar, mas vivencio mais em supermercados porque preciso ir todos os dias”, contou.

ABALO EMOCIONAL

No vídeo, Tiago Messias falou sobre o abalo emocional desses episódios. Conhecido, querido e respeitado na cidade, o ex-atleta é evangélico e relatou que chegou até a deixar de participar do culto em sua igreja por estar sob forte indignação.

“Sábado passado deixei de tocar na igreja porque estava com meu coração cheio de raiva, cheio de revolta, porque não aceito isso. Só sabe quem sente na pele”, falou Tiago, que também contou ter reagido recentemente ao constrangimento.

“Sou trabalhador, mas as pessoas me olham e vem atrás de mim. No sábado, cheguei ao meu limite. Chamei o cara da segurança, não o desrespeitei, e perguntei porque me seguem. Um deles disse que nem tinha me visto, como se fosse coisa da minha cabeça, mas não é. Isso dói em meu coração”, lamentou.

DESABAFO

Em seu vídeo Tiago Messias explicou que a fala era uma forma de desabafar e quebrar o silêncio, denunciando o preconceito.

Ele garantiu que não vai mais calar diante dos casos de discriminação, mas alertou também que não ia informar os nomes dos estabelecimentos onde ocorreram os episódios, porque, segundo ele, esse tipo de situação seria uma prática generalizada. 

Tiago também avisou que não pretende entrar com qualquer ação judicial contra os supermercados.

“Não quero dinheiro, quero que parem de me seguir”, disse.

(Por Hora Agora – www.horaagora.com.br)