As profissionais do sexo de Minas Gerais querem ser incluídas no grupo prioritário do Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde.
Para pressionar as autoridades, a
Associação das Prostitutas de Minas (Aprosmig) orientou a categoria a cruzar os
braços por tempo indeterminado e retomar as atividades apenas quando tiverem
garantia de imunização.
O pedido foi feito por Cida Vieira,
presidente da Aprosmig, nesta sexta-feira (02/04).
Em entrevista à ÉPOCA, ela alertou sobre
a difícil situação enfrentada pelas mulheres nos últimos meses da pandemia da
Covid-19.
“Não queremos furar fila. Queremos dignidade.
Isso é política pública. Estamos em uma situação difícil porque o nosso trabalho
é de contato. Não adianta nenhum protocolo porque sempre vai ter contato mesmo
com as pessoas que só querem conversar. O que o nosso movimento quer é que a
gente possa ser um grupo prioritário na vacinação”, declarou.
Segundo a Aprosmig, Minas Gerais conta
com mais de 80 mil profissionais do sexo em todo estado.
Na grande Belo Horizonte está a maior
concentração, com 12 mil.
Desde o início da pandemia, algumas deixaram de
trabalhar com o temor de infecção, enquanto outras não tiveram opção por conta da
necessidade financeira.
“A situação de muitas é de pobreza. Muitas já
estão morando na rua. Eu estou com uma menina que não tem como pagar o aluguel
e trabalha para se manter. Não tem como ter doação porque a família não sabe o
trabalho dela. Tem gente pedindo qualquer doação, fralda, cesta básica. Hoje
temos mais de 2 mil mulheres desamparadas”, afirmou.
Além da falta de recursos financeiros,
Cida Vieira diz que o preconceito ainda é muito forte contra as profissionais
do sexo, situação que dificulta ainda mais qualquer ação política e tentativa
de representatividade.
“Existe um preconceito muito grande contra
nós. Mas ninguém fala que nós evitamos estupros e violência familiar contra as
mulheres. Algumas prefeituras de Minas Gerais acham que somos invisíveis, que
não merecemos nada. Queremos ser ouvidas pelo governo, pelo (Jair) Bolsonaro,
pelo ministro da Saúde”, protestou.
A presidente da Aprosmig disse que a prefeitura
de Belo Horizonte tem ajudado com cestas básicas, mas que apenas uma minoria
vive na capital por conta do alto custo de vida.
Já as cidades vizinhas, que formam a
grande Belo Horizonte e onde está a maioria das profissionais, não adotaram
nenhuma política de auxílio.
Minas Gerais enfrenta o pior momento da
pandemia.
De acordo com dados do governo estadual,
um total de 486 mortes por Covid-19 foram confirmadas nas 24 horas que
antecederam a divulgação do boletim epidemiológico de sexta-feira (02).
Ao longo de toda a pandemia foram
registrados 25.214 óbitos pela doença no estado.
(Thiago Rabelo – Época)
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