Um homem, ainda não identificado, se recusou a receber vacina contra a covid-19 em Ilhéus, cidade no sul da Bahia, porque a enfermeira que faria a aplicação é negra.
O caso de racismo ocorreu no final do
expediente da última segunda-feira (17/05) no CRAS (Centro de Referência de
Assistência Social) do Bairro Jardim Savoia.
A vítima de racismo é a estudante de
enfermagem Thais Carvalho, que está no 10º semestre (último ano do curso) e
atua como voluntária na campanha de vacinação.
Ela disse ao UOL que o homem estava do lado de fora da unidade, onde outras
pessoas aguardavam a aplicação da vacina.
Ela perguntou ao homem, de pele clara,
se ele queria ser vacinado.
Ele lhe respondeu que não.
"Mas o filho dele fazia a ficha
para ele receber a vacina. Então me abaixei para ficar na altura dele [o homem
é cadeirante] e perguntei por que ele não queria ser vacinado. Ele me disse:
'Você é negra'. Fiquei sem reação e saí", relatou.
Thaís, que atua como maquiadora e
digital influencer, afirma que ainda não tem palavras para descrever o que
sentiu.
"Eu já tinha passado por outras
situações de racismo na vida, com olhares preconceituosos, mas nada parecido
com isso", afirmou.
A estudante ficou de dar queixa na
delegacia local para registrar o crime, mas acha difícil o homem ser
identificado.
"Eu não fiz a ficha dele e, logo
após a atitude racista dele, saí para aplicar as vacinas, estava com isopor e
seringas na mão. Nesse dia, foram 550 pessoas vacinadas. Eu não acreditei nas
coisas que ouvi. Ele se recusou a ser vacinado por mim, porque sou negra. Isso
tirou o meu chão, eu fiquei em estado de choque”.
PREFEITURA
REPUDIA ATITUDE
A Prefeitura de Ilhéus divulgou uma nota
de repúdio, na qual o prefeito Mário Alexandre (PSD) afirma que ações racistas
devem ser repudiadas e combatidas por todas as pessoas.
"Deixo a minha solidariedade a
Thaís. Atitudes como essa são inaceitáveis em um país cuja maioria da população
é autodeclarada negra", comentou.
"Infelizmente, ainda nos deparamos
com comportamentos mesquinhos, que humilham as pessoas. Mas não vamos parar de
lutar por uma sociedade justa e igualitária, combatendo qualquer tipo de
violência e crimes de ódio e discriminação".
A prefeitura afirma ainda que "continuará
empenhada para combater a discriminação, a intolerância e o preconceito racial
em todas as esferas sociais".
(Por Uol)
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