O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou neste sábado (15/05) que, de acordo com a apuração da comissão após duas semanas de depoimentos, "nunca houve o compromisso" pela compra de vacinas contra o coronavírus.
Cabe ao Ministério da Saúde a aquisição
de imunizantes no Brasil.
Aziz deu a declaração durante entrevista
à GloboNews.
Para ele, todos sabem que houve
"erro" na condução da pandemia no Brasil, como a defesa pelo governo
de remédios ineficazes; e de teses equivocadas de imunidade de rebanho e
isolamento vertical.
Entretanto, Aziz declarou ainda não ter
o que falar especificamente sobre a conduta do presidente Jair Bolsonaro.
"Vejo, pelo que nós já apuramos,
pelo que eu estou vendo nos depoimentos, nunca houve o compromisso da compra da
vacina. Sempre se tratou das questões da cloroquina, da ivermectina e de
protocolos. E aí é importante saber que o próprio ministro Pazuello esteve em
Manaus, no momento de maior dificuldade que nós passamos na história do
Amazonas, ele esteve aqui. E aqui tem protocolo que até hoje é cumprido, em
unidade básica de saúde de Manaus e do interior, daquele kit Covid",
afirmou o parlamentar.
Omar Aziz foi questionado sobre a
decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que
concedeu ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello o direito de ficar em
silêncio durante depoimento à comissão sempre que entender que as perguntas
possam levá-lo ao risco de produzir prova contra si.
Aziz declarou que a decisão judicial tem
de ser respeitada, mas que a comissão procurará a verdade "não
só através do depoimento do ex-ministro, mas de um conjunto de fatores".
O senador disse também não acreditar que
Pazuello "jogue fora" toda sua história mentindo à comissão.
"É importante ele responder porque
ele não comprou a vacina da Pfizer quando recebeu, em setembro, um documento. E
só em novembro que o Brasil entrou em contato com a Pfizer para poder comprar
as vacinas", afirmou o presidente da CPI.
O depoimento de Eduardo Pazuello à
comissão está previsto para a próxima quarta-feira (19).
Omar Aziz afirmou que o ex-ministro era
o responsável pela negociação de vacinas, mas que a CPI descobriu, por meio do
depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que o ex-assessor
do Planalto era quem estava negociando doses com a Pfizer.
"Houve erro na condução, isso daí
todos sabemos. A questão da imunidade de rebanho, do kit Covid, isso não salvou
ninguém. O que estamos procurando é ir mais a fundo, saber o porquê disso.
Agora, dizer se A, B ou C foi responsável, é muito cedo para isso",
afirmou o senador do PSD.
Para o presidente da CPI, "errou
feiamente" quem acreditou que o Brasil sairia da pandemia com imunidade de
rebanho e com um kit de medicamentos ineficazes contra a doença.
"Agora, tem fatos que não precisa
estar na CPI para saber que teve um erro. Não posso falar nada do presidente
Bolsonaro ainda, não tenho o que falar dele. Agora, tenho certeza que o
presidente não começou a defender cloroquina, kit Covid, imunidade de rebanho,
porque acordou e sonhou com isso. Ele foi convencido por alguém",
acrescentou Aziz.
Sobre os depoimentos já prestados, Omar
Aziz disse que o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta mentiu ou omitiu ao relatar
reunião em que se discutiu mudança da bula da cloroquina por decreto, mas não
identificou quem estava participando da audiência no Palácio do Planalto.
Ainda sobre o medicamento com ineficácia
para a Covid comprovada, Aziz afirmou que a CPI cobrará da Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias (Conitec), órgão que assessora o Ministério da
Saúde, um posicionamento sobre a droga.
(Do G1)
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