O presidente Jair Bolsonaro ameaçou nesta quarta-feira (04/08) agir fora da Constituição, numa reação à inclusão dele, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito das fake news, que investiga a disseminação de notícias falsas.
Alexandre de Moraes acolheu nesta quarta
um pedido unânime dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), feito na
segunda-feira (02).
A declaração de Bolsonaro foi numa
entrevista transmitida pela rádio Jovem
Pan em redes sociais, em que ele voltou a atacar o sistema de votação
brasileiro.
Desta vez, distorcendo o conteúdo de um
inquérito da Polícia Federal, de 2018.
Bolsonaro e o deputado Filipe Barros
(PSL-PR), relator da comissão especial do voto impresso na Câmara, disseram que
o inquérito revelava a invasão por um hacker aos sistemas do TSE em 2018 e que
o hacker teve acesso ao código-fonte das urnas, sem revelar, contudo, que o acesso
ao código-fonte não permite a ninguém alterar a votação.
Tanto é assim que, após a assinatura de
um termo de sigilo, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
e os partidos políticos, por exemplo, podem pedir o acesso ao código-fonte,
justamente para fiscalizá-lo.
O inquérito foi aberto em 2018 depois de
uma reportagem publicada pelo site Tecmundo.
A própria reportagem explicava na
ocasião exatamente a impossibilidade de se fraudar a eleição a partir apenas do
código-fonte.
RESPOSTA
DO TSE
Em nota divulgada no fim da noite desta
quarta-feira, o TSE fez esclarecimentos em referência a esse inquérito da
Polícia Federal, que apura o ataque ao seu sistema interno.
Afirma que o episódio foi divulgado à
época em veículos de comunicação diversos e que embora ele seja objeto de
inquérito sigiloso, não se trata de informação nova.
A nota afirma também que o acesso
indevido, objeto de investigação, não representou qualquer risco à integridade
das eleições de 2018.
Isso porque o código-fonte dos programas
utilizados passa por sucessivas verificações e testes, aptos a identificar
qualquer alteração ou manipulação e que nada de anormal ocorreu.
O TSE acrescenta que o código-fonte é
acessível a todo tempo aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a
outras entidades que participam do processo.
E que, uma vez assinado digitalmente e
lacrado, não existe a possibilidade de adulteração.
Segundo o tribunal, o programa
simplesmente não roda se vier a ser modificado.
Na nota, o TSE reitera que as urnas
eletrônicas jamais entram em rede e que por não serem conectadas à internet não
são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência
externa no processo de votação e apuração.
Por essa razão, segundo a nota, é
possível afirmar com margem de certeza que a invasão investigada não teve
qualquer impacto sobre o resultado das eleições.
A nota afirma ainda que o próprio TSE
encaminhou à Polícia Federal as informações necessárias à apuração dos fatos e
que prestou as informações disponíveis.
O tribunal esclarece ainda que a
investigação corre de forma sigilosa e que nunca se comunicou ao TSE qualquer
indicativo de fraude.
Segundo a nota, de 2018 para cá, o
cenário mundial de cybersegurança se alterou, sendo que novos cuidados e camadas
de proteção foram introduzidos para aumentar a segurança de todos os sistemas
informatizados.
O TSE conclui a nota afirmando que, por
fim e mais importante que tudo, os sistemas usados nas eleições de 2018 estão
disponíveis na sala-cofre para os interessados, que podem analisar tanto o
código-fonte quanto os sistemas lacrados e constatar que tudo transcorreu com
precisão e lisura.
(Do G1)
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