terça-feira, 17 de agosto de 2021

MINISTRO DIZ QUE ALUNO COM DEFICIÊNCIA 'ATRAPALHA' E BATE BOCA COM ROMÁRIO

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que alunos com deficiência "atrapalham" o ensino dos demais estudantes.

O senador Romário (PL-RJ), pai de Ivy, menina de 16 anos que tem síndrome de Down, reagiu nas redes sociais.
Ribeiro defendeu a criação de turmas e escolas especializadas que atendam apenas estudantes com deficiência.
O gestor do MEC também fez críticas contra a antiga norma do PNEE (Política Nacional de Educação Especial) que definia turmas mistas.
O ex-jogador e atual parlamentar classificou as falas do integrante do governo Jair Bolsonaro (sem partido) como vindas de uma pessoa "imbecil" e afirmou que não era de se esperar que um ministro da Educação tivesse a postura apresentada por Ribeiro. 
Romário se referia às críticas do ministro contra o "inclusivismo" — termo usado por Ribeiro, durante entrevista ao programa "Novo sem Censura", da TV Brasil, para se referir ao ato de incluir crianças com e sem deficiências em um mesmo ambiente de aprendizado.
Somente uma pessoa privada de inteligência, aqueles que chamamos de imbecil, podem soltar uma frase como essa. Existem aos montes, mas não esperamos que estes ocupem o lugar de ministro da Educação de um país”.
Ribeiro reagiu a Romário e disse que é "deselegante" um dos representantes do Parlamento se dirigir a um ministro com palavras ofensivas. 
Ribeiro afirmou ainda que a frase comentada por Romário foi tirada de contexto.
Quero acreditar que o Sr. não tenha assistido à entrevista e 'caiu na onda' de quem distorceu o sentido de minha frase. Para poupar seu tempo e energia, trago esclarecimentos dos seus próprios e seguidores”.
TURMAS EXCLUSIVAS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Em outubro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou via decreto que o governo federal, estados e municípios deviam oferecer "instituições de ensino planejadas para o atendimento educacional aos educandos da educação especial que não se beneficiam, em seu desenvolvimento, quando incluídos em escolas regulares inclusivas e que apresentam demanda por apoios múltiplos e contínuos".
Ribeiro declarou na mesma entrevista que a universidade deveria ser "para poucos" e ser "útil à sociedade".
De acordo com ele, os institutos federais, que formam técnicos, serão a "grande vedete" — ou seja, protagonistas — do futuro.
A Comissão Externa de Acompanhamento do Ministério da Educação, formada por deputados federais, concordou com as críticas de Romário ao ministro.
Disse, em nota oficial, que a fala do ministro é "segregadora e vai contra as leis e as normas constitucionais brasileiras que promovem a inclusão aos estudantes com deficiência".
Assinam a carta e fazem parte da comissão Felipe Rigoni (PSB-ES), Tabata Amaral (sem partido, eleita por SP), Eduardo Bismarck (PDT-CE), Israel Batista (PV-DF), Silvia Cristina (PDT-RO) e Tiago Mitraud (Novo-MG).
"A inclusão é força motriz para que tenhamos uma educação acessível e que abrace todos os princípios democráticos e de cidadania. Logo, nenhuma fala que atente a esta finalidade e que atinja a dignidade humana deve ser tolerada!", afirmam no comunicado, que ainda exige que Ribeiro "reveja a sua postura e peça desculpas aos mais de 1,5 milhão de estudantes brasileiros com deficiência".
A comissão também pede que o ministro dê explicações ao Parlamento e a toda a sociedade brasileira acerca dos investimentos na educação inclusiva.
(Uol)

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