A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que instituía o voto impresso nas eleições brasileiras foi rejeitada pelo plenário da Câmara dos Deputados em sessão na noite desta terça-feira (10/08).
A matéria obteve apenas 229 votos
favoráveis, sendo que eram necessários 308 votos dos deputados para que a
proposta seguisse o rito.
A decisão do plenário da Câmara
representa mais uma derrota para o governo de Jair Bolsonaro, uma vez que o
voto impresso é uma das principais bandeiras do atual chefe do Executivo.
Outros 218 parlamentares votaram contra
a matéria e um deputado se absteve, totalizando 448 votos na sessão.
O texto, de autoria da deputada
bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), será arquivado.
DESFILE
MILITAR
A adoção da impressão do voto eletrônico
foi rejeitada até mesmo por deputados que fazem parte da base do governo
Bolsonaro no Congresso.
O desfile de blindados do Corpo de
Fuzileiros Navais na Esplanada dos Ministérios nesta manhã só piorou o cenário.
Ao contrário do que o governo esperava,
o movimento foi interpretado como uma afronta ao Legislativo e apenas serviu
para aumentar a quantidade de parlamentares contrários ao texto.
No Senado, também houve resposta, com a
aprovação do projeto que revoga a Lei de Segurança Nacional (LSN), legislação
da época da ditadura militar que vem sendo usada pelo governo para perseguir e
processar críticos.
Discussão na votação
Diante da iminente derrota,
parlamentares do PSL tentaram adiar a votação, mas todos os partidos se
posicionaram a favor de apreciar o texto imediatamente.
O presidente da Casa, Arthur Lira
(PP-AL), no entanto, manteve o voto impresso na pauta.
"Esse tema não há de se ter
vencedores nem vencidos. Faço um apelo para que tenhamos um debate de alto
nível", disse.
O PSL chegou a apelar a um requerimento
de adiamento da votação, mas uma mudança do regimento interno da Casa aprovada
neste ano reduziu os instrumentos do chamado 'kit-obstrução'.
A alteração - tão criticada pelos
parlamentares de oposição, para quem as discussões seriam atropeladas e as
votações de temas polêmicos seriam feitas a jato - acabou, pela primeira vez,
se virando contra o próprio governo.
Mesmo com a derrota do voto impresso,
Lira sinalizou um acordo entre Poderes para aumentar a auditagem das urnas.
Ele, reiterou, no entanto, confiar no
sistema atual e ressaltou que todos os parlamentares foram eleitos pelo sistema
eletrônico.
COMO
ORIENTARAM OS PARTIDOS
O PSD, PL, PSDB, PT, PSB, PDT,
Solidariedade, DEM, PSOL, Avante, PCdoB, Cidadania, PV, Rede, Oposição e
Minoria orientaram contra a PEC.
PSL, Republicanos, Governo e Maioria
orientaram a favor do texto. Progressistas, PSC, Pros, PTB, Novo e Patriota
liberaram a bancada para votar como quiser.
TRAJETÓRIA
ATÉ O PLENÁRIO
Rejeitada em comissão especial que
analisou seu mérito, a PEC foi levada ao plenário pelo presidente da Casa,
Arthur Lira, sob o pretexto de encerrar a discussão de uma vez por todas.
A proposta vem sendo defendida pelo
presidente Jair Bolsonaro e aliados.
Em uma de suas vária defesas do que
chamou de 'voto auditável' - o atual sistema já é auditável e o que o
presidente e seus aliados defendem é a impressão do voto - Bolsonaro chegou a
dizer que não aceitaria o resultado das próximas eleições caso considere que
elas não tenham ocorrido de maneira "limpa".
Também elegeu como alvo favorito o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, a quem
fez ataques pessoais e acusou de interferência indevida no processo
legislativo.
Barroso, que reafirma publicamente a
segurança do atual sistema e a inviolabilidade das urnas eletrônicas,
posicionou-se contra a PEC em audiências com parlamentares.
(Por Terra/Estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.