* “Ganhar dinheiro e ter '20 milhões de reais' em casa não é crime”, diz advogado
Agentes da Polícia Federal já
encontraram ao menos “20 milhões de reais” em espécie na casa do dono da GAS
Consultoria Bitcoin, Glaidson Acácio dos Santos, preso no início da manhã desta
quarta-feira (25/08) na Operação Kryptos.
Por volta das 10h30, o G1 apurou que os agentes ainda
contabilizavam a quantia total.
Oficialmente, a Polícia Federal ainda
não divulgou o valor apreendido na residência.
A ação foi comandada por PF, Ministério
Público Federal (MPF), Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional.
Glaidson é suspeito de fraude que movimentou
“cifras bilionárias”.
Segundo as investigações, Glaidson, cujo
histórico profissional era de garçom, movimentou em pouco tempo “2 bilhões de
reais” em suas contas.
Ele foi preso em uma mansão na Barra, na
Zona Oeste do Rio.
Policiais apreenderam na casa dele reais, dólares e euros em
espécie e até barras de ouro.
O Bom
Dia Rio apurou que o volume de dinheiro vivo surpreendeu até os agentes que
participam da ação: “Nem na Lava Jato”, disse um.
Ainda de acordo com os agentes, a GAS
também se apresentou como proprietária de R$ 6,9 bilhões apreendidos em Búzios.
No início da tarde, na porta da
Superintendência da Polícia Federal do Rio, na Praça Mauá, o advogado de
Glaidson, Thiago Minagé, deu entrevista.
"Foi uma surpresa. Não esperávamos
isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de procedimento ou investigação
que pudesse levar a tal situação. ‘20 milhões de reais’ é uma quantia
exacerbada e alta. Mas não é uma quantia que você possa afirmar que é oriunda
de prática criminosa. Ganhar dinheiro, ter ‘20 milhões de reais’ em casa, isso
por si só não é um crime. A partir de agora, a gente vai ver qual vai ser o
caminho a seguir e traçar", afirmou o advogado.
As equipes saíram para cumprir nove
mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no RJ, São Paulo, Ceará e Distrito
Federal.
Até a última atualização desta
reportagem, além de Glaidson, um homem havia sido preso no Aeroporto de
Guarulhos (SP), tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana.
O Fantástico desta semana mostrou que a
GAS era investigada há dois anos pelo esquema, mas se disfarçava de consultoria
em bitcoins, uma moeda digital.
LUCRO
'FÁCIL' EM 'CRIPTOMOEDAS'
Glaidson prometia lucros de 10% ao mês
nos investimentos em bitcoins, mas a força-tarefa afirma que a GAS nem sequer
reaplicava os aportes em criptomoedas, enganando duplamente os clientes.
A empresa de Glaidson tinha muitos
investidores em Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, que se tornou um
paraíso dos golpes do tipo pirâmide financeira e ganhou até o apelido de Novo
Egito, como o Fantástico mostrou há duas semanas.
“Nos últimos seis anos, a movimentação
financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias,
sendo certo que aproximadamente 50% dessa movimentação ocorreu nos últimos 12
meses”, informou a PF.
A GAS não tinha site nem perfis em redes
sociais, e o telefone disponível na Receita Federal não funcionava.
Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara
Federal Criminal do Rio.
Também fazem parte da força-tarefa o
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPF) e a Procuradoria
de Fazenda Nacional.
DE
GARÇOM A BILIONÁRIO
Um registro do Ministério do Trabalho
mostra que até 2014 Glaidson recebia pouco mais de ‘800 reais’ por mês como
garçom.
Em fevereiro deste ano, Glaidson fez uma
festa de aniversário com direito a show do cantor João Gabriel.
Dois meses depois, mais de “7 milhões de
reais” foram apreendidos em um helicóptero.
O dinheiro estava em três malas e,
segundo as investigações, seria levado para São Paulo por um casal que
trabalhava para a GAS Consultoria Bitcoin.
Anteriormente, em um depoimento à
polícia, Glaidson negou negociar criptomoedas.
Alegou que atuava com “inteligência
artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”.
Já para os clientes, o empresário dizia
que investia no ramo das criptomoedas havia nove anos.
Além da GAS Consultoria Bitcoin, pelo
menos dez empresas que oferecem investimentos com lucro alto e rápido na cidade
são alvo de investigação.
(Do G1)
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