*Imunização diminui muito, mas não zera
risco de casos graves e morte. *Especialistas explicam
O ator Tarcísio Meira morreu na manhã
desta quinta-feira (12/08), vítima da Covid-19, aos 85 anos, em São Paulo.
Ele estava internado no hospital Albert
Einstein, na Zona Sul da cidade, em tratamento contra a doença e havia tomado
as duas doses da vacina.
Diante desse fato, muitas pessoas
ficaram em dúvida: é possível morrer de Covid ou se contaminar com o vírus
mesmo após ter completado o esquema vacinal?
Segundo os estudos conduzidos com cada
uma das vacinas em uso contra a Covid-19, sim, uma vez que os imunizantes
diminuem, mas não zeram, a chance de casos graves e de morte pela doença.
É por isso que, além de se vacinar, você
deve manter as outras medidas de proteção contra a doença.
"Uma boa vacina é como se fosse um
bom goleiro. E como sabemos que o goleiro é bom? Vamos olhar o histórico dele.
A frequência com a qual ele faz defesas. Se ele defende com frequência, ele é
um bom goleiro. Isso não quer dizer que ele é invicto, que ele nunca vai deixar
de tomar gol. Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro.
Precisamos olhar o histórico dele", explica a microbiologista
Natalia Pasternak.
Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que os números da queda de
mortes estão entre os dados que já mostram a efetividade da vacina em grupos
(sobretudo idosos) que estão totalmente imunizados.
Apesar disso, eles alertam que a
pandemia não está controlada e que a chegada da variante delta ainda é um risco
para aqueles que não tomaram as duas doses da vacina.
"A vacinação com duas doses dos
idosos (é a explicação para a queda). A cobertura já está bem elevada nesta
faixa, acima dos 60%. Acima dos 70, 80 e 90 ainda é maior. No número de casos,
o impacto só vai ser maior com o avanço da vacinação", afirma
Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz.
NESTA
REPORTAGEM, VOCÊ VAI TIRAR DÚVIDAS RELACIONADAS À VACINAÇÃO COM DUAS DOSES E A
COVID-19:
1.
Posso ter Covid mesmo após as duas doses da vacina?
Sim, pode.
O objetivo principal das vacinas, neste
momento, é evitar formas graves da Covid-19 – e não necessariamente o contágio
pela doença (ainda que algumas vacinas já tenham se mostrado capazes de evitar
também a transmissão e a infecção).
Nas pesquisas, as vacinas são testadas
para sua capacidade de evitar contágio, casos sintomáticos, moderados e graves
– que precisam de internação – e morte pela Covid.
Até agora, todas as vacinas que estão
sendo aplicadas no Brasil – CoronaVac, AstraZeneca/Oxford, Pfizer e Johnson –
foram capazes de evitar internações e mortes pela doença.
2.
Já que a vacina não necessariamente evita o contágio, eu devo me vacinar?
Sim.
Mesmo que você se infecte, a chance de
desenvolver um caso grave ou até morrer pela Covid-19 diminui após a
imunização.
3.
Conheço pessoas que tomaram as duas doses e morreram ou tiveram quadro grave. A
vacina funciona?
Sim, as vacinas funcionam.
A questão é que elas diminuem, mas não
zeram, a chance de casos graves e de morte pela Covid.
É por isso que, além de se vacinar, você
deve manter as outras medidas de proteção contra a doença.
Cada medida de prevenção que você adota
– como se vacinar, usar máscaras, evitar aglomerações e lugares fechados – é
uma "camada extra" de proteção.
Por isso é necessário combiná-las.
Veja as taxas de eficácia contra casos
graves alcançadas durante os testes em cada vacina usada no Brasil até o
momento:
Johnson: 85% eficaz
Coronavac: entre 83,7% e
100% eficaz
Pfizer: 92% eficaz
AstraZeneca: 100% eficaz
4.
Preciso tomar as duas doses da vacina?
Se ela for aplicada em duas doses, sim,
pois a taxa mais alta de imunização somente é alcançada após a segunda dose.
Das quatro vacinas aplicadas no Brasil,
apenas a da Johnson/Janssen alcança a sua taxa máxima de eficácia em apenas uma
dose.
5.
A vacina que só tem uma dose 'protege menos' que as de duas doses?
Não.
A decisão sobre dosagem e esquema
vacinal (espaço entre as doses) é uma decisão do desenvolvedor da vacina ou de
autoridades de saúde pública – e não tem a ver com uma vacina "proteger
mais" ou "menos" do que outras.
Todas as vacinas reduzem o risco de você
ter um caso grave ou morrer pela Covid-19.
6.
Devo escolher qual vacina tomar?
Especialistas são unânimes ao dizer que
não, já que é muito melhor tomar qualquer vacina disponível do que ficar
vulnerável à Covid-19.
E, ao se vacinar, você ajuda a aumentar
a cobertura vacinal, que é o mais importante neste momento.
7.
Preciso continuar usando máscara e evitando aglomerações mesmo depois da
vacina?
Sim.
Isso porque, quanto mais medidas de
proteção você combina, mais protegido estará – e mais estará protegendo as
pessoas ao seu redor que ainda não puderam se vacinar.
"Mesmo ao ar livre, de máscara, se
tiver 100 pessoas, o risco vai ser maior do que se tiver duas pessoas. Não
adianta 'estou ao ar livre, não preciso de máscara'. Precisa. 'Eu estou ao ar
livre, não preciso ficar à distância'. Precisa. 'Ah, eu estou de máscara, não
preciso manter a distância'. Precisa", explica Lucia Pellanda,
cardiopediatra e professora de epidemiologia na Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
"Quando a gente faz todas as
coisas, vai diminuindo bastante o risco. As pessoas têm ideia de que é tudo ou
nada. O risco é contínuo", reforça Pellanda.
(G1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.