Uma operação da Polícia Civil de Teresópolis, na Região Serrana do Rio, prendeu, na manhã desta quinta-feira (19/08), quatro pessoas apontadas como integrantes de uma quadrilha responsável por roubar cerca de “11 milhões de reais” de uma idosa de 88 anos, que era funcionária da Justiça Federal.
De acordo com as investigações, a
organização criminosa começou a atuar em 2018, quando um dos integrantes foi
contratado como pedreiro e depois se tornou o motorista da vítima.
Bruno de Lima Reis seria o chefe da
quadrilha, segundo a polícia, e o responsável por apresentar os demais
envolvidos, que também se tornaram funcionários da idosa.
Além de Bruno, nesta quinta-feira também
foram presos Luiz Carlos Amorim e Márcia Souza Pereira Amorim, sogros do
motorista e caseiros do sítio da vítima, e Marcelo da Silveira Reis, tio de Bruno
e responsável pelas transferências bancárias, segundo a polícia.
O jardineiro do sítio da idosa,
Alexandre Caetano Félix, que seria integrante da quadrilha e era considerado
foragido até a manhã desta quinta, se entregou à polícia nesta tarde.
De acordo com o delegado responsável
pelo caso, Alexandre afirmou que estava trabalhando no Rio de Janeiro e por
isso não foi encontrado pelos policiais.
VÍTIMA
DOPADA PARA ASSINAR DOCUMENTOS
Segundo a polícia, a idosa era
constantemente dopada com o medicamento clonazepam, utilizado no golpe
"Boa noite Cinderela", para que assinasse cheques e documentos que
autorizavam a venda de imóveis e saques de contas bancárias.
Caixas do
medicamento foram encontradas dentro do quarto da vítima.
O patrimônio da aposentada foi então
dilapidado por transferências, saques, emissões de cheques e aquisição de bens
como carros de luxo.
TRANSFERÊNCIAS
BANCÁRIAS
As transferências de dinheiro eram
realizadas por meio da utilização das contas de terceiros que sacavam as
quantias e repassavam aos membros da organização criminosa, ficando com 5% dos
valores transferidos, segundo as investigações.
Entre os suspeitos de envolvimento no
esquema está o auditor fiscal chefe da Receita Estadual de 12 municípios da
Região Serrana, Moacir Carvalho Correia.
Na casa dele, foram cumpridos mandados
de busca e apreensão.
Segundo a polícia, Moacir teria recebido mais de “100 mil
reais” e fazia parte do esquema de transferências bancárias.
"Tivemos a expedição de vários
mandados de busca e apreensão em relação aos endereços das pessoas que cederam
suas contas para transferências bancárias e que ficam com 5% do valor
transferido. Uma dessas pessoas que cedeu a conta é auditor da Receita Estadual
[...] Na casa dele foram apreendidos computadores, documentos, celular. Tudo
isso vai ser objeto de uma investigação futura para analisar qual a
participação dele nesse fato e em outros", afirmou o delegado
titular da 110ª DP, responsável pelo caso, Márcio Mendonça Dubugras.
Além de Moacir, outras cinco pessoas
também são investigadas por envolvimentos no esquema.
Uma equipe de reportagem da Inter TV -
Afiliada Rede Globo esteve na residência de Moacir, mas o auditor disse que não
vai se pronunciar sobre o caso.
Em nota, a Secretaria de Estado de
Fazenda (Sefaz-RJ) informou que, "diante
da gravidade da denúncia", o auditor fiscal Moacir Carvalho Correa foi
afastado do cargo de chefia.
Ainda segundo a Sefaz, uma investigação
interna foi instaurada para auditar os procedimentos aos quais Moacir tem
acesso ou participação, "com o
objetivo de confirmar se os atos que estão sendo investigados de fato não
afetaram a Sefaz-RJ de alguma maneira. Ao mesmo tempo, a pasta acionou todos os
órgãos de controle interno do estado".
VENDA
DE IMÓVEIS
De acordo com a Polícia Civil, em 2020,
a organização criminosa conseguiu forjar uma declaração de união estável entre
a vítima e Bruno, e passou a vender todos os imóveis da idosa, como quatro
apartamentos na Barra da Tijuca e Copacabana, por valores bem menores do que o
real para que obtivessem o dinheiro mais rápido.
O sitio da vítima, localizado no bairro
Cascata dos Amores, também foi transferido para um dos membros da organização
criminosa.
Segundo moradores da região, Márcia e
Luiz eram vistos na localidade desde 2013.
Ainda de acordo com moradores, o casal
trabalhou em outros imóveis até começar a trabalhar no sítio da idosa.
SOBRINHA
DA VÍTIMA FOI INFORMADA DE CRIME
De acordo com a polícia, as suspeitas do
crime começaram quando uma sobrinha da idosa recebeu uma ligação anônima, em
fevereiro deste ano, afirmando que a idosa estava sendo vítima de maus-tratos e
que os bens dela estavam sendo roubados.
A mulher então acionou a 110ª DP.
Policiais civis que chegaram a visitar o
sítio não identificaram situação de maus-tratos, mas abriram um inquérito para
investigar o caso.
Um dia após a denúncia e a visita dos
agentes, no entanto, a vítima deu entrada num hospital com suspeita de
traumatismo craniano.
A idosa também teve o plano de saúde cancelado
por falta de pagamento.
As suspeitas de que algo de errado
estava acontecendo também foram confirmadas por amigos da idosa, que, ao
visitar o sítio, perceberam que o local estava malcuidado e que a vítima estava
agindo de forma estranha.
Atualmente, a vítima apresenta distúrbio
mental, causado, possivelmente, por uso excessivo do medicamento, segundo a
polícia.
A idosa está com familiares, no Rio de
Janeiro.
OPERAÇÃO
PARASITA
A Operação Parasita buscou cumprir cinco
mandados de prisão para os membros principais do esquema e 11 mandados de busca
e apreensão para a residência de todos os envolvidos.
De acordo com a polícia, os membros
principais do esquema vão responder por roubo qualificado, organização
criminosa e lavagem de dinheiro.
Já as pessoas que cederam suas contas
para as transferências bancárias vão responder por organização criminosa e
lavagem de dinheiro.
(Do G1)
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