“Eu sou do Nordeste, ele é do sul / Prefere rap e eu sou mais Gadú”, pontua Juliette, marcando território nos versos de Diferença mara, música de autoria dos compositores paraibanos Dann Costara e Zé Neto, o Juzé da banda Os Gonzagas.
Faixa escolhida para ser o carro-chefe
do EP lançado pela artista paraibana na noite desta quinta-feira (02/09) Diferença
mara é forró romântico embalado para o disco com a produção musical de
Rafinha RSQ e promovido com clipe filmado sob direção de Giovanni Bianco e
programado para entrar em rotação na segunda-feira (06).
Diferença mara retrata com fidelidade os
caminhos seguidos pela cantora debutante no EP Juliette.
Sem cair no pop explicitamente erotizado
que domina parte do universo musical brasileiro, Juliette derrama doçura no
disco, enfatizando a origem paraibana nas cadências e nas letras das seis
músicas inéditas.
Não por acaso, uma das músicas do EP se
chama justamente Doce.
Embora seja música assinada por Anitta
com os compositores Jefferson Jr. e Umberto Tavares, produtores mais associados
ao pop funk carioca, Doce é xote com alto teor de glicose.
“Eu
matava e morria se preciso fosse / Pois nem o doce de batata doce / Tem seu
doce mel, ai, ai...”, canta Juliette, exagerando no açúcar.
Música dos mesmos Dann Costara e Zé
Netto creditados como autor de Diferença mara, Bença é outro xote que demarca o
território pop nordestino pisado por Juliette neste EP com orgulho da origem
paraibana.
“...É que eu venho lá do
sertão / O coco é seco demais, irmão / E o preconceito eu só engulo com farinha”,
avisa Juliette, sem perder a ternura.
Faixa produzida por Rafinha RSQ, Sei lá
(Carlitos, Isabelle Fernandes e Juzé) é pop romântico com a doçura melodiosa do
trio Melim, mas com a pegada nordestina do EP, imprimida no disco com
invariável leveza.
Sem a força e a aridez do canto arretado
da antecessora Elba Ramalho, e tampouco sem a vivacidade vocal da matricial
Marinês (1935 – 2017), Juliette acertadamente põe a voz com suavidade, sem
correr riscos como cantora.
Instrumento recorrente no disco, a
sanfona dá o tom de Benzin (Umberto Tavares, Jefferson Jr e Rapha Lucas), outra
faixa que segue o tom leve e linear do EP, bem produzido com mix de sons
orgânicos e eletrônicos.
Música que fecha o disco, Vixe que
gostoso (Shylton Fernandes, Diego Barão e Lucas Medeiros) se diferencia ao
acenar para o pop contemporâneo mais festivo e dançante, com certa dose de
sensualidade, menos explícita e menos apelativa do que nos repertórios de
outros artistas que disputam o lucrativo mercado do forró.
Fica a sensação de que, nesse primeiro
disco, Juliette soube impor a própria personalidade, ainda que seguindo o
padrão pop da indústria da música.
Como a cantora enfatiza em verso de
Bença, a faixa inicial do EP Juliette, “a
rapadura é doce, mas né mole”.
(Por Mauro Ferreira, G1)
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