Uma operação realizada na tarde dessa quarta-feira (13/10) pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba constatou situação precária de trabalho, com risco à saúde e a vida de trabalhadores que laboram em plantações de maracujá, mamão, goiaba e limão, em uma fazenda entre os municípios de Boqueirão e Cabaceiras.
O uso indiscriminado e irregular de
agrotóxicos estaria colocando em risco a saúde e a vida de trabalhadores.
A operação foi em parceria com a Polícia
Rodoviária Federal, Superintendência Regional do Trabalho, Cerest Campina
Grande, Cerest Estadual e UEPB.
Um equipamento pulverizador irregular –
adaptado de uma moto – foi interditado na fazenda.
Aproximadamente 20 pessoas trabalhariam
no local, a maioria de Boqueirão, mas também da Bahia e de Pernambuco.
A operação ocorreu depois que uma
denúncia grave que chegou ao MPT em Campina Grande, informando que duas
trabalhadoras jovens de uma fazenda em Boqueirão haviam passado mal trabalhando
e a suspeita seria pela inalação de produtos utilizados para pulverização das
lavouras.
Segundo a denúncia, as trabalhadoras
socorridas teriam 25 e a outra 16 anos de idade.
Elas foram levadas para a Policlínica
Municipal de Cabaceiras, uma delas chegou inconsciente e teve várias crises
convulsivas, posteriormente sendo transferida para o Hospital de Trauma de
Campina Grande.
Segundo a vice-procuradora-chefe do MPT
na Paraíba, Marcela Asfora, que recebeu a denúncia, várias irregularidades
foram constatadas durante a operação, entre elas, em relação a precárias
condições de trabalho, botijão de gás junto a produtos inflamáveis, agrotóxicos
armazenados de forma irregular e trabalhadores sem carteira assinada.
“Considerando a gravidade da denúncia,
diversos órgãos de proteção ao trabalhador participaram da operação, com o
importante apoio da Polícia Rodoviária Federal. Foram verificadas
irregularidades trabalhistas, em especial violações às normas de saúde e
segurança do trabalho, mas não foi constatado trabalho degradante capaz de
configurar o labor em condições análogas à escravidão, por esta razão, nenhum
resgate foi feito”, afirmou a vice-procuradora-chefe do MPT-PB Marcela
Asfóra, acrescentando que o MPT continuará investigando o caso.
AUDIÊNCIA
NO MPT
O procurador do Trabalho Raulino
Maracajá participou da operação, representando o MPT.
“Foi marcada uma audiência para 25 de outubro
na PTM de Campina Grande, onde será apresentado um relatório com as
irregularidades, para que os proprietários regularizem todas as ilegalidades
verificadas na operação”, informou.
Segundo o procurador Raulino Maracajá,
também foi constatado o transporte irregular de trabalhadores.
“Eles eram transportados sem segurança na
carroceria de uma camionete”, disse.
“O MPT dará um prazo para a regularização dos
problemas verificados e, caso os proprietários não queiram se adequar
extrajudicialmente, por meio de TAC, o MPT ajuizará ação civil pública”,
acrescentou Raulino Maracajá.
CEREST
O Centro Estadual de Referência em Saúde
do Trabalhador (Cerest Estadual) e o Cerest de Campina Grande também atuaram no
caso.
"A denúncia chegou até o Cerest
Estadual através da Secretaria de Saúde de Cabaceiras. Então, levamos a
denúncia ao MPT", informou o assessor jurídico do Cerest Estadual
Davi José Teixeira Alcântara.
INTERDIÇÃO
O auditor fiscal do Trabalho Rui da
Silva Vidal participou da ação representando a SRT-PB, órgão que também
continuará a investigação.
“Documentos fiscais serão encaminhados ao MPT
para subsidiar as investigações”, informou o auditor, que fez a
interdição do equipamento pulverizador que estava irregular.
VENENO
PARA CARRAPATO
“Tinha uma embalagem sem rótulo que não foi
possível identificar qual era o tipo de produto. Alguns dos agrotóxicos
encontrados não são indicados para as culturas do mamão, limão e maracujá,
sendo indicados para outras culturas, como algodão e soja. E a gente encontrou
o carrapaticida, que é um produto de uso veterinário, não é para ser utilizado
em plantações. Infelizmente, isso é uma prática comum de usar carrapaticida em
plantações, de forma indevida”, afirmou a professora da UEPB Shirleyde
Alves dos Santos, que participou da operação e integra a Campanha Permanente
contra Uso de Agrotóxicos e pela Vida.
(Ascom MPT-PB)
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