Uma menina de 13 anos, moradora de Vale do Anari (RO), escreveu um pedido de socorro em uma prova da escola, dizendo que a mãe é vítima de violência doméstica.
A foto com o recado viralizou nas redes
sociais nesta semana, e o caso foi encaminhado para a polícia de Machadinho
D'Oeste (RO), distante aproximadamente 54 km.
"Desumano".
Essa foi a palavra usada pelo delegado
André Delta, de Machadinho D'Oeste (RO), para descrever o caso.
Ele, que é responsável pela
investigação, conta que encaminhou uma equipe da Polícia Civil ao endereço
escrito pela menina.
Mas, ao chegar à residência, foi preciso paciência e poder
de convencimento para que a mulher fosse retirada do ambiente de violência
doméstica.
"Nunca na minha carreira tinha
visto algo parecido. Ela nunca denunciou as agressões. Quando a polícia era
chamada lá, ela negava que era agredida. Ela está totalmente afetada
emocionalmente por conta das agressões", contou Delta.
De acordo com o delegado, as agressões
psicológicas e físicas começaram quando o casal ainda morava no Paraná.
O agressor teria começado a culpar a mulher
por conta da morte do primeiro filho deles.
"Eles tiveram um filho lá no
Paraná, onde moravam. O bebê, que tinha entre um e dois anos, foi até um paiol,
ingeriu veneno de rato e morreu. Desde então, ele começou uma pressão e tortura
psicológica sobre ela", relatou.
Delta também contou que, em mais 12 anos
da carreira policial, se surpreendeu ao conhecer e analisar a vítima.
"Não seria apenas uma palavra para
definir o que ela viveu ao lado desse homem, mas desumano se encaixa em toda
essa situação".
Os policiais civis de Machadinho dizem
que foi preciso conversar por mais de 5 horas com a mulher para que ela
decidisse sair da casa onde morava em Vale do Anari.
"A gente buscou amparar ela, dar
apoio. Ela não falava quase nada. Foi bem complicada a oitiva dela. Ela foi
encaminhada para fazer o exame de corpo de delito, mas se recusou a tirar a
roupa para o médico", conta.
A vítima foi encaminhada para a casa de
parentes.
Dos filhos do casal, três são meninas,
sendo uma de 16 anos, outra 14 e a de 13 anos, que escreveu o recado na prova,
e também um menino de 8 anos.
Todos estão abrigados sob responsabilidade
do Conselho Tutelar.
AMBIENTE
HOSTIL
O caso segue em segredo de Justiça, e o
inquérito está em construção.
A vítima, o agressor e os filhos foram
ouvidos.
Testemunhas ainda serão ouvidas.
"A vítima nega que o marido batia
nas crianças, mas uma das adolescentes disse que ele agrediu uma das meninas e
depois mandou as crianças embora de casa, o que é abandono de incapaz",
afirmou o delegado.
As crianças também contaram que após
esse episódio da expulsão de casa, sem terem para onde ir, pediram ajuda a
funcionários de uma rádio no Vale do Anari.
Na sequência, foram encaminhadas ao
Conselho Tutelar.
Foi solicitado pelo delegado que a
vítima seja acompanhada por um psicólogo e um assistente social.
Até o momento, o suspeito das agressões
não foi preso.
(g1 RO)
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