A Procuradoria-Geral da República denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pela prática do crime de homofobia.
A denúncia foi assinada no sábado (29/01)
e apresentada pelo vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros.
Ribeiro disse que a homossexualidade não
seria normal e atribuiu sua ocorrência a "famílias desajustadas".
As declarações foram proferidas em
entrevista de setembro de 2020 ao jornal O
Estado de S. Paulo.
Procurada, a assessoria do ministro
ainda não se manifestou.
Segundo a denúncia, "ao afirmar que adolescentes homossexuais
procedem de famílias desajustadas, o denunciado discrimina jovens por sua
orientação sexual e preconceituosamente desqualifica as famílias em que
criados, afirmando serem desajustadas, isto é, fora do campo do justo curso da
ordem social".
Caso o STF aceite a denúncia, o ministro
pode se tornar réu neste caso.
O relator do processo é o ministro Dias
Toffoli.
Medeiros afirmou na denúncia que o
ministro desqualificou um grupo humano em um meio de comunicação, "depreciando-o com relação a outros grupos em
razão de orientação sexual".
De acordo com o vice-PGR, o ministro
"avilta integrantes desse grupo e
seus familiares, emitindo um desvalor infundado quanto a pessoas".
A denúncia diz que o ministro adota
prática discriminatória vedada e induz outros grupos sociais a tratarem essa
discriminação como legítima.
Quando a PGR pediu para investigá-lo, o
ministro escreveu nas redes sociais que não teve objetivo de ser discriminatório
e pediu desculpas.
"Venho esclarecer que minha fala foi interpretada de modo
descontextualizado. Jamais pretendi discriminar ou incentivar qualquer forma de
discriminação em razão de orientação sexual. Ademais, trechos da fala,
retirados de seu contexto e com omissões parciais, passaram a ser reproduzidos
nas mídias sociais, agravando interpretação equivocada e modificando o real
sentido daquilo que se pretendeu expressar", escreveu em sua conta no
Twitter.
A PGR pediu a abertura de investigação
com base na Lei nº 7.716, que define os crimes resultantes de preconceito.
Em 2019, o STF equiparou a homofobia aos
crimes previstos nesta legislação - entendimento que sempre encontrou resistência
entre lideranças evangélicas.
De acordo com a PGR, o ministro se
recusou a realizar um acordo com o Ministério Público para não ser denunciado e
confessar o crime.
(Folha de São Paulo)
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