Portugal aceitou o pedido feito pelo governo brasileiro e vai emprestar o coração de dom Pedro 1º para as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira
(22/06) por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, cidade onde
está o coração do antigo imperador.
Segundo ele, a data da viagem ainda não
foi definida - o coração deve ser transportado em um avião da FAB (Força Aérea
Brasileira), com as despesas pagas pelo governo brasileiro.
"O relatório de perícia ainda não
está concluído, mas já foi assegurado que o coração poderá ser transladado
temporariamente ao Brasil, mediante exigência de transporte em ambiente
pressurizado", disse Moreira em entrevista coletiva.
Antes da viagem, ainda será necessário
um acerto formal entre a diplomacia dos dois países.
O pedido de empréstimo foi revelado pelo
embaixador brasileiro George Prata, um dos coordenadores das comemorações do
bicentenário.
A justificativa é a importância
atribuída à figura de dom Pedro.
Primeiro imperador do Brasil, ele é conhecido
pelos brasileiros como Pedro 1º, e, em Portugal, como dom Pedro 4º.
O coração encontra-se preservado em
formol, protegido por cinco chaves, na igreja da Lapa.
Devido à fragilidade do material, seu
manuseio e exibição são bastante restritos.
Ainda que o corpo de dom Pedro 1º esteja
guardado no parque da Independência, no complexo do Museu do Ipiranga, em São
Paulo, o coração ficou no Porto a pedido do próprio monarca, que expressou o
desejo em testamento.
A decisão foi tomada como um
reconhecimento ao papel que a cidade teve na luta que dom Pedro travou com os
exércitos de seu irmão mais novo, dom Miguel, pelo trono de Portugal.
Dom Pedro 1º abdicou do trono brasileiro
menos de uma década depois da Independência, em abril de 1831.
Em meio à instabilidade política no
Brasil e na Europa, decidiu voltar à Europa para reconquistar a coroa para sua
filha, Maria da Glória, reconhecida como herdeira legítima pelas monarquias do
continente.
Assim, Portugal mergulhou numa sangrenta
guerra civil, entre as tropas absolutistas, de dom Miguel, e as liberais, de
dom Pedro.
O Porto, mesmo sitiado por mais de um
ano, resistiu e foi crucial para a vitória de Pedro 1º, que morreria de
tuberculose meses após o fim do conflito, em setembro de 1834, aos 35 anos.
(Folhapress)
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