sexta-feira, 29 de julho de 2022

MÃE E FILHOS EM CÁRCERE PRIVADO: "NÃO VIA A LUZ DO DIA HÁ 17 ANOS"

*Mãe e filhos recusaram comida oferecida pelos policiais, mesmo após homem ter sido preso; eles eram proibidos de comer sem autorização do criminoso
O caso bárbaro de uma mãe e dois filhos mantidos em cárcere privado há 17 anos pelo pai da família em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio chocou a população.

Vizinhos relataram com tristeza o estado em que viram as vítimas serem resgatadas pela polícia nesta quinta-feira (28/07).
Até o fim da noite da quinta, o estado de saúde da mulher e dos dois jovens de 19 e 22 anos era de desnutrição e desidratação grave. 
Ao sair da casa e ver o sol pela primeira vez depois de quase vinte anos, a mulher relatou dor na vista aos policiais.
"Ela disse que não via a luz do dia há 17 anos, era a primeira vez nesse tempo todo, dizia sentir dor pela luz do sol. Nós oferecemos água, perguntei se ela tinha comido alguma coisa e se queria comer, ela disse que não. Dizia ‘não, não, não, eu não posso comer, ele não deixa a gente comer sem autorização dele’", conta o capitão William Oliveira, chefe do setor operacional do 27º BPM (Santa Cruz), que tentou tranquilizar a mulher informando que o homem já estava preso e que eles poderiam se alimentar sem problemas.
"Eu expliquei que ela e os filhos estavam em liberdade agora e que o homem havia sido preso, mas ainda assim, ela insistiu e não comeu nada", disse.
A casa onde eram mantidas as vítimas não tinha infraestrutura básica para habitação.
O imóvel não tinha revestimento de cimento.
Por dentro estava só no emboço.
O chão era de concreto batido.
Não havia água encanada e nem uma caixa d’água, apenas algumas garrafas pet com líquido esbranquiçado.
Em um cômodo, havia dois colchões sujos e sem lençol.
"O local era úmido, não tinha circulação de ar, as janelas ficavam sempre fechadas com cadeado e tapumes de madeira. Também havia forte mal cheiro, o lugar não pegava sol", relata o capitão.
Segundo ele, os dois filhos do casal, um rapaz de 19 anos e uma jovem, de 22, tinham aparência de criança e não falavam.
Antes de serem resgatados, eles estavam amarrados e sujos.
Apenas a mãe conseguia falar.
(Agência O Globo)

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