O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (12/08) acreditar que os cartões de crédito devem deixar de existir em breve.
“Em
algum momento você vai pegar o seu celular e vai ter um integrador. Ninguém vai
ter cinco aplicativos de banco, temos o open finance para isso. O integrador
vai montar toda a sua vida financeira virtual e física no mesmo lugar, fazendo
Pix no débito e no crédito, com as taxas de cada banco. E outros serviços
ligados a isso, com carteiras de dinheiro físico e digital”, projetou,
em palestra sobre “A regulamentação das
criptomoedas no Brasil e no mundo”, promovida pelo Escritório Figueiredo
& Velloso Advogados Associados.
Segundo o
presidente do BC, algumas instituições financeiras já estão começando a usar o
Pix para operações de crédito.
Nesse caso, os
recursos são sacados da conta corrente no momento autorizado pelo cliente, até
mesmo com parcelamento, mas o valor autorizado está ligado ao limite do cartão.
Campos Neto
voltou a citar a possibilidade de pagamentos digitais offline.
“Não
entendi ainda por que não fizeram. É como se fosse uma carteira de dinheiro
digital dentro do celular, com um pouquinho de dinheiro, porque terá mais
risco. Algumas empresas já estão desenhando isso”, comentou.
CRIPTOMOEDAS
Campos Neto
disse discordar do formato de regulação mais rigoroso do mercado de
criptoativos – modelo que vem sendo defendido por outros países.
Para ele, a
regulamentação de criptomoedas não deve ser feita com “mão pesada” e deve ter a
transparência como objetivo e não levar em conta a possibilidade de o produto
gerar perdas ao investidor.
“Não deveríamos deixar para trás os avanços
tecnológicos que veem com esse desenvolvimento. É verdade que houve grande
perda de valor em alguns criptoativos. Mas não é verdade que perdas com
criptomoedas são maiores que outros ativos de tecnologia”, argumentou
no mesmo evento.
Para o
presidente do BC, o caminho da regulação de criptoativos no Brasil é diferente
de outros países e mais ficado na transparência.
“O que
precisamos fazer é ter certeza que os criptoativos têm transparência na forma
como são negociados, criados e transacionados. Esse é o caminho que queremos
seguir. Se você vai comprar um criptoativo que é uma mistura de outros dois, o
algoritmo precisa ser aberto e o lastro transparente”, completou.
Ele admitiu ter
preocupação com a concentração de custódia e transacional no mercado de
criptoativos.
“Hoje
temos 80% dos criptoativos custodiados em quatro empresas, em alguns casos com
servidores centralizados, sem abertura de estrutura de backup. Isso é sujeito a
invasões. E temos uma ou duas plataformas com 20% ou 30% do mercado de
transações. Esse é um ponto que o regulador precisa se preocupar, mais do que
se as pessoas perderam dinheiro”, avaliou.
(Do Estadão)
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