*O que ele disse em depoimento e o que
disse o delegado
O autor do tiro que matou a jovem Leidjane
Maria de Sousa Silva se apresentou com advogado na manhã desta quinta-feira
(13/10) ao delegado Ramirez São Pedro da Delegacia de Homicídios.
Por aproximadamente uma hora e meia ele
prestou depoimento.
Na noite da terça-feira (11) Richardson
da Silva, 19 anos, participava do aniversário da amiga em um apartamento no
Major Veneziano/Bairro das Cidades, em Campina Grande, e a atingiu com um disparo de revólver na
cabeça.
Na madrugada de ontem ela morreu no
Hospital de Trauma.
Ele disse que o tiro foi acidental.
Richardson vai responder o crime em
liberdade.
SETE PESSOAS JÁ FORAM OUVIDAS
Conforme o delegado Ramirez São Pedro, na
noite em que aconteceu o crime a PC foi ao local “ouvimos sete testemunhas ainda no
momento e elas declinaram que estava ocorrendo o festejo (era data de
aniversário da vítima e que o suspeito não teria nenhum motivo aparente para
atentar dolosamente contra a vítima). As primeiras informações davam conta de
que ele acidentalmente teria feito um disparo contra Leidjane e teria fugido do
local para não ser preso (o que acaba sendo comum na esfera criminal, como
também instigado por alguns populares que o orientaram a sair da cena do crime).
Faltavam alguns detalhes, como por exemplo: a quem pertencia essa arma, as circunstâncias
do disparo e se realmente havia alguma motivação para ele ou para alguns dos
seus amigos atentarem contra a vítima”.
O
INTEROGATÓRIO
“Hoje nós interrogamos aqui o Richardson por
mais de uma hora (foram cinco páginas de interrogatório). Ele deixou bem claro
que era amigo da vítima desde a sua infância, desde a sua adolescência. Não
havia nenhuma relação íntima, afetiva, nenhum relacionamento amoroso entre os
dois. Eram amigos. Considerava ela uma irmã (era muito amiga da família dele).
E no dia do fato ele tinha ido a um clube (uma piscina próximo ao Major
Veneziano com seus parentes, com suas sobrinhas, suas primas) e ao retornar foi
ao apartamento de uma amiga juntamente com seu primo e outro amigo onde
ficaram bebendo e conversando”.
O
DISPARO...
“Em determinado momento a vítima chegou com a
dona do apartamento e ficaram conversando na sala. Ele estava armado e estava com
essa arma sobre a perna em cima do sofá. A vítima tinha visto a arma e
curiosamente pediu para manusear. Ele disse que neste momento abriu o tambor do
revólver, tirou as munições e entregou a ela. Ela ficou ainda manuseando e no
momento em que devolveu a arma pra ele (Richardson fez um gesto abrupto de
abrir e fechar o tambor acreditando que arma estaria desmuniciada quando então houve
o disparo). Ele disse que neste momento estava sentado no sofá e a Leidjane
estava de pé, próximo à porta (pela questão da estatura dela o disparo atingiu
a cabeça da vítima). Naquele desespero ele fugiu e levou a arma e lançou nas imediações
do Conjunto Major Veneziano”.
A
ORIGEM DA ARMA...
“Ele alega que comprou a arma havia cerca de dois
meses pois houve uma desavença entre sua mãe e alguns moradores da região e ele
ficou receoso de haver alguma retaliação e de forma irresponsável comprou essa
arma... O crime por ele estar portando a arma é absolvido (por esse tipo de
situação pelo crime de homicídio – que é um crime mais grave). Então ele não
vai responder por dois crimes (por estar com uma arma ilegal). Nós vamos analisar
a questão da compra dessa arma, a quem ele comprou (e isto também está sendo
apurado nos altos)”.
O
CRIME É DE HOMICÍDIO CULPOSO (QUANDO NÃO HÁ INTENÇÃO DE MATAR)
“De pronto a gente já começa a descartar
alguns pontos, por exemplo: não houve ocorrência de feminicídio (não havia
relação íntima de afeto, não havia coabitação, ele não efetuou o disparo pela
questão do gênero feminino, ele não queria matar Leidjane). Então assim: a
linha de investigação continuará, nós temos 30 dias para concluir, mas tudo
indica pelo indiciamento dele por ‘homicídio culposo’. Novas testemunhas serão
ouvidas. Ele estava em companhia de outras pessoas no apartamento no momento do
disparo. Tinha outras pessoas na festa de aniversário dela (embaixo). Creio que
vamos escutar cerca de dez pessoas. Ainda falta chegar laudo pericial. Nós
pedimos análises de vestígios no apartamento, onde ocorreu os fatos. Tinha
sangue no local. O laudo cadavérico também foi liberado. Nós vamos analisar com
bem calma e chegarmos a uma conclusão. No momento tudo leva a um ‘homicídio culposo’
... O que ficou claro, como eu disse, é que não havia motivação, não havia
motivo aparente para ele atentar, querer matar a vítima. As testemunhas são
claras neste sentido ele também foi sincero, bem direto no depoimento dele, não
deixou nenhuma brecha, nenhuma lacuna que a gente possa duvidar das palavras
dele, é uma fatalidade. Vai ser indiciado, vai ser processado (certamente), vai
depender do entendimento do Ministério Público, mas a gente afasta a questão do
feminicídio e do homicídio doloso”.
Quando terminou o depoimento Richardson
disse que só queria o perdão da família de Leidjane, que sentia muito pelo
ocorrido e que não teve intenção de matar.
Ele estava acompanhado do advogado
Jefferson Maia.
(Por www.renatodiniz.com)
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