O atirador de 16
anos que atacou duas escolas em Aracruz (ES) ganhou o livro escrito por Adolf
Hitler de presente do próprio pai, segundo a polícia.
Ele é filho de
um tenente da PM, que chegou a compartilhar a imagem da capa da publicação em
sua rede social.
Proibida em
algumas cidades do país, a obra "Minha Luta" foi escrita pelo ditador
nazista em 1923 para disseminar ideias antissemitas.
Nos ataques,
ocorridos na última sexta-feira (25/11) o autor do crime matou quatro pessoas e
feriu 12.
Os pais do
adolescente foram intimados para prestar depoimento hoje pela Polícia Civil de
Aracruz.
ATIRADOR DISSE TER LIDO TRECHOS DE LIVRO DE HITLER
O atirador, que
apareceu nas imagens registradas da ação com uma suástica no braço direito de
um uniforme camuflado, confirmou em depoimento ter lido trechos do livro de
Hitler.
A informação foi
confirmada ao UOL Notícias pelo
delegado André Jaretta no fim da manhã de hoje, após entrevista coletiva
concedida em Vitória (ES).
Ele disse
inclusive que a obra foi apreendida pelos agentes.
"Esse
adolescente leu parte desse livro", disse o delegado, responsável
pela investigação do caso.
Fontes ligadas à
PM de Aracruz informaram que o tenente admitiu ter adquirido a obra do ditador
nazista a pedido do filho.
Em conversa
informal com colegas de farda, o pai do atirador teria dito que era uma forma
de se aproximar do filho, que não tinha amigos e falava pouco com os próprios
pais dentro de casa.
O pai foi
afastado das suas atividades operacionais na Polícia Militar enquanto o caso
está sendo investigado.
A corregedoria
da instituição abriu procedimento hoje para apurar se ele cometeu algum crime.
Procurada, a
defesa do pai do adolescente ainda não se posicionou.
PARTICIPAÇÃO DE TERCEIROS
Em uma análise
preliminar do celular e do computador apreendidos para verificar se houve
participação de terceiros, os investigadores não encontraram contatos entre o
adolescente e outras pessoas.
"Os
únicos contatos salvos na agenda do celular eram 'pai' e 'mãe'",
disse o delegado André Jaretta.
ACESSO ÀS ARMAS
Questionado
sobre o acesso do atirador às armas do pai, o delegado disse ainda é prematuro
para que a polícia se posicione sobre o caso.
"Estamos
atentos à conduta do pai e seremos rigorosos nessa análise. Mas eu não posso
antecipar isso, pois é objeto de investigação."
VÍTIMAS MULHERES E PROFESSORAS
O delegado
também descartou um ataque direcionado a mulheres, já que as pessoas mortas são
todas do sexo feminino.
Em depoimento, o
adolescente disse que passou a arquitetar o ataque há dois anos após ser vítima
de bullying na escola.
Filho de uma
ex-professora da escola Primo Bitti, primeiro alvo do ataque, ele também era
ex-aluno da instituição de ensino, e estava afastado de sala de aula desde junho
deste ano, informou a polícia.
"À
princípio, foi um mero acaso que vítimas eram do sexo feminino. Os disparos
foram realizados de maneira indiscriminada", disse o delegado.
Segundo Jaretta,
o jovem escolheu as duas escolas como alvos porque elas eram mais próximas de
sua casa.
"Na
versão apresentada por ele, escolheu aleatoriamente. Como ele acessou a
primeira escola pelos fundos, e a primeira sala era a dos professores, foi a
sala que ele teve o acesso mais fácil. Todavia, vamos aprofundar ainda mais
quanto a isso (...) Não tinha um alvo específico, simplesmente queria praticar
o atentado. Atirou aleatoriamente nas pessoas que estavam ali naquele momento",
disse o policial.
(Uol)
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