O papa Francisco revelou pela primeira vez em uma entrevista neste domingo (18/12) a um jornal espanhol que assinou uma carta de renúncia há quase uma década para o caso de sua saúde o impedir de desempenhar funções.
Francisco, que completou 86 anos no
sábado (17) já havia dito que renunciaria ao papado se problemas de saúde o
impedissem de fazer seu trabalho.
“Já assinei minha demissão em caso de
impedimento médico”, disse em entrevista ao jornal espanhol ABC.
O pontífice explicou que assinou a carta
e a entregou ao então secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio
Bertone, em 2013, antes de se aposentar.
“Assinei-o e disse-lhe: ‘Em caso de
impedimento por razões médicas ou qualquer outra coisa, aqui está a minha
demissão. Eles já a têm’”, afirmou o Papa.
Ele completou: “Agora talvez alguém vai e
pergunte a Bertone: ‘Dê-me essa carta’. Certamente ele o terá dado ao novo
secretário de Estado. Eu entreguei a ele enquanto secretário de Estado”.
Questionado pelo entrevistador se
gostaria que este fato fosse conhecido, Francisco respondeu: “É por
isso que vos estou a dizer.”
O papa tem dificuldade para andar devido
a um problema inoperável no joelho que o obrigou a usar uma cadeira de rodas
nos últimos meses.
Ele também teve que cancelar ou reduzir
as atividades várias vezes no último ano devido à dor.
Em uma entrevista em julho deste ano,
ele reconheceu que precisava desacelerar.
“Acho
que com a minha idade e com essa limitação, tenho que me preservar um pouco
para poder servir a igreja. Ou, alternativamente, pensar na possibilidade de me
afastar”, disse, na época.
O predecessor de Francisco, Bento XVI,
renunciou em 2013 devido a problemas de saúde.
Ele agora vive na Cidade do Vaticano.
Na entrevista, o pontífice também disse
que planeja viajar a Marselha no próximo ano para participar de uma reunião de
arcebispos, cuja data ainda não foi especificada.
“Talvez no próximo ano eu vá a Marselha para
o Encontro do Mediterrâneo”, disse ele.
Ele especificou, no entanto, que não
seria uma visita oficial do chefe de Estado do Vaticano na França.
“Estive em Estrasburgo, mas não pela França,
mas para visitar as instituições da União Europeia” em 2014, recordou
ele.
PAPA
COMENTA JULGAMENTO DE LULA NO BRASIL
Na mesma entrevista, outros assuntos
foram abordados, dentre eles o julgamento de Lula no Brasil em 2017.
De acordo com a agência oficial do
vaticano, o Papa Francisco acredita que foi criada uma “atmosfera” que
favoreceu o julgamento do atual presidente eleito.
“O problema das notícias falsas sobre líderes
políticos e sociais é muito sério. Elas podem destruir uma pessoa”.
No caso específico de Lula, segundo o
Papa Francisco, não foi “um julgamento à altura”.
Além disso, Francisco também fez um
alerta: “Cuidado com aqueles que criam a atmosfera para um julgamento, seja ele
qual for. Eles fazem isso através da mídia de forma a influenciar aqueles que
devem julgar e decidir. Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com
tribunais de primeira classe que não tenham outro interesse que manter limpa a
justiça”, afirmou.
(Do Estadão)
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