A Polícia Federal identificou que um mesmo grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foi responsável tanto pela realização de atos de vandalismo em Brasília, em que carros e ônibus foram queimados, quanto pela tentativa de atentado com bomba no último sábado, próximo ao aeroporto da capital federal.
O artefato,
instalado em um caminhão de combustível, foi encontrado e desativada antes de
explodir.
Além de George
Washington de Oliveira Sousa, preso na noite de sábado, a investigação detectou
a participação de outros três manifestantes bolsonaristas no planejamento dos
atos.
As informações
foram compartilhadas pela PF com a Polícia Civil do Distrito Federal.
Um deles, Alan
Diego Rodrigues, foi citado pelo próprio George em seu depoimento como o
responsável por instalar o explosivo no caminhão.
Nesta
terça-feira (27/12) o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha afirmou que
Alan fugiu para outro estado.
“A
polícia já identificou essa pessoa [Alan] e está fazendo as buscas. Pelo que
foi alcançado pela polícia, ele já se evadiu do Distrito Federal, mas estão
atrás e devemos ter notícias nas próximas horas”, disse.
O próximo passo
da investigação será buscar os financiadores desses manifestantes e a origem do
dinheiro.
A apuração já
obteve indícios de que eles gastaram “160 mil reais” na aquisição de um arsenal
de armamentos.
A apuração
começou depois da tentativa de invasão do prédio da PF no último dia 12, que
resultou na depredação do local e também em atos de vandalismo nas redondezas.
Os
investigadores já estavam no encalço do grupo quando, no sábado passado, a
Polícia Civil do Distrito Federal foi acionada para desativar a bomba.
A PF e a
Secretaria de Segurança Pública do DF estavam compartilhando informações de
inteligência a respeito dos possíveis autores dos atos violentos e
identificaram que se tratava de um grupo que havia se deslocado a Brasília para
participar de manifestações antidemocráticas no quartel-general do Exército.
Foi com base nas apurações já realizadas pela PF que a Polícia Civil chegou
rapidamente ao endereço de George Washington de Oliveira Sousa, preso ainda na
noite de sábado.
Ele já estava na
mira das investigações em tramitação na Superintendência da Polícia Federal do
DF.
O próximo passo
da apuração é buscar o caminho do dinheiro.
Em seu
depoimento à Civil, George Sousa relatou ter gastado cerca de “160 mil reais”
na aquisição de armamentos, que foram levados por ele do Pará, onde mora, para
Brasília.
A Polícia Civil
também apreendeu no endereço onde George estava um conjunto de anotações nas
quais ele listava diversas armas a serem compradas para o grupo, que
totalizariam “74 mil reais”.
Por esses
indícios, os investigadores suspeitam que haja fontes de financiamento por trás
do grupo.
A investigação
da PF vai tramitar em paralelo com a da Polícia Civil, por envolverem objetos
diferentes.
Enquanto a Civil
começou a apurar o fato específico da tentativa de um atentado com bomba e da
posse de armamento ilegal, o foco inicial da PF era nos danos ao seu patrimônio
e eventual lesão corporal aos policiais federais, mas acabou ampliando seu
objeto para também investigar suspeitas de crimes contra o estado democrático e
de terrorismo, que são de competência federal.
Com o desenrolar
da investigação, a PF constatou que os fatos apurados eram semelhantes a
inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) sob relatoria do
ministro Alexandre de Moraes.
Por isso, a
investigação foi enviada ao STF para que tenha prosseguimento sob supervisão da
Corte.
A Defensoria
Pública, que representou Sousa na audiência de custódia, argumentou que ele
possui bons antecedentes e pediu a soltura para que ele possa esclarecer os
fatos, mas o pedido foi negado.
(O Globo)
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