Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, ficou em silêncio durante depoimento à Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (18/01).
Pouco antes das 10h30, uma equipe da
corporação chegou ao 4º Batalhão da Polícia Militar do DF, no Guará, onde ele
está preso.
No entanto, o ex-ministro disse que não tinha declarações a dar aos
investigadores.
Os servidores deixaram o local pouco
antes das 12h00.
Torres é alvo de investigação por
suspeita de omissão na contenção dos atos terroristas cometidos por
bolsonaristas radicais nas sedes dos três poderes, em Brasília, no dia 8 de
janeiro.
Na data, ele chefiava a segurança
pública do DF.
Ele nega conivência com os atos.
Torres foi preso no sábado (14), por
ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Quando a prisão foi decretada, no dia 10
de janeiro, Anderson Torres estava de férias com a família nos Estados Unidos.
Após a ordem, ele voltou ao país e foi detido
no Aeroporto de Brasília.
Durante uma operação realizada pela
Polícia Federal na casa do ex-ministro, foi encontrada uma minuta de um decreto
para instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e mudar o
resultado das eleições de 2022.
Anderson Torres afirma que recebeu o
documento de populares e que pretendia descartá-lo.
CELA
Segundo um relatório obtido pela TV Globo, Anderson Torres dorme em um
beliche e tem acesso a uma antessala com sofá que, de acordo com o documento,
está "em péssimo estado de
conservação (assento rasgado)" e uma mesa com 4 cadeiras.
Torres também pode usar os armários
abertos do local e tem acesso a um banheiro que mede cerca de 1,5m por 2,5m.
Há, ainda, um alojamento adjacente,
composto por uma antessala em que há apenas um frigobar.
Também de acordo com o relatório, foi
autorizado que o local recebesse a instalação de micro-ondas e TV.
O corredor de acesso à Sala Maior foi
isolado e tem policiamento em guarda 24 horas por dia para controle de acesso.
PEDIDO
DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO
O relatório indica, ainda, que Torres
solicitou atendimento psicológico.
"De imediato, determinei que o Comando
do BAVOP mantivesse contato com a Gerência de Saúde Prisional para
disponibilizar o atendimento", diz o documento.
Nesta segunda-feira, o Ministério
Público do Distrito Federal (MPDFT) realizou vistoria no local e na cela onde
está Fábio Augusto Vieira, o ex-comandante-geral da PM.
"Os promotores verificaram que as instalações são compatíveis com uma
sala de estado maior, e que os presos não têm nenhum tratamento preferencial",
diz o ministério público.
O
QUE DIZ ANDERSON TORRES?
Horas após os atos terroristas em
Brasília, na madrugada do dia 9 de janeiro, Anderson Torres se pronunciou pelas
redes sociais, repudiou os ataques e negou conivência com os vândalos
bolsonaristas.
"Lamento profundamente que sejam
levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as
barbáries que assistimos", escreveu.
Na oportunidade, ele chamou os atos
antidemocráticos de "execrável episódio".
"Em um caso de insanidade coletiva
como esse, há que se buscar soluções coerentes com a importância da democracia
brasileira", disse.
Após a decretação da prisão, Torres
informou que interromperia as férias nos EUA e voltaria ao Brasil para se
entregar à Justiça.
"Hoje (10/01), recebi notícia de
que o Min Alexandre de Moraes do STF determinou minha prisão e autorizou busca
em minha residência. Tomei a decisão de interromper minhas férias e retornar ao
Brasil. Irei me apresentar à Justiça e cuidar da minha defesa",
afirma Torres.
"Sempre pautei minhas ações pela
ética e pela legalidade. Acredito na justiça brasileira e na força das
instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá", declarou.
(Do g1)
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