Os assassinatos de 10 pessoas de uma família do Distrito Federal movimentaram a Polícia Civil em dois estados, além do DF, para solucionar a motivação e a autoria dos crimes.
Tudo começou com o desaparecimento da
cabeleireira Elizamar da Silva e dos três filhos dela, em 12 de janeiro.
Desde então, cinco pessoas foram presas,
e todas as vítimas foram localizadas.
Nesta sexta-feira (26/01), o delegado
Ricardo Viana, que investiga o crime, deu detalhes sobre como tudo aconteceu.
QUEM
SÃO AS VÍTIMAS DA CHACINA DO DF?
Ao todo, 10 pessoas foram mortas, segundo
a polícia.
Todas as vítimas chegaram a ser dadas
como desaparecidas, mas os corpos já foram encontrados.
Vítimas:
Elizamar
da Silva, 39 anos;
Thiago
Belchior, 30 anos, marido de Elizamar;
Rafael
da Silva, 6 anos, filho de Elizamar e Thiago;
Rafaela
da Silva, 6 anos, filha de Elizamar e Thiago;
Gabriel
da Silva, 7 anos, filho de Elizamar e Thiago;
Marcos
Antônio de Oliveira, 54 anos, pai de Thiago e sogro de Elizamar;
Renata
Belchior, 52 anos, mãe de Thiago e sogra de Elizamar;
Gabriela
Belchior, 25 anos, irmã de Thiago e cunhada de Elizamar;
Cláudia
Regina de Oliveira, 54 anos, ex-mulher de Marcos;
Ana
Beatriz de Oliveira, 19 anos, filha de Cláudia e Marcos.
QUEM
SÃO OS SUSPEITOS DO CRIME?
Cinco pessoas foram presas suspeitas de
envolvimento no crime.
Além disso, um adolescente também é investigado por
participar do esquema.
Os detidos:
Gideon
Batista de Menezes;
Horácio
Carlos Ferreira Barbosa;
Fabrício
Silva Canhedo;
Carlomam
dos Santos Nogueira;
Carlos
Henrique Alves da Silva.
POR
QUE A FAMÍLIA FOI ASSASSINADA?
Segundo a Polícia Civil, a família de
Elizamar da Silva foi assassinada por causa de uma chácara avaliada em R$ 2
milhões.
Os sogros e a cunhada da cabeleireira moravam no imóvel.
Segundo a polícia, os suspeitos Gideon e
Horácio moravam na chácara, a convite do sogro de Elizamar.
O sogro da cabeleireira tinha uma
extensa ficha criminal e conheceu um dos suspeitos na prisão.
As investigações apontam que os
suspeitos resolveram matar toda a família para tomar posse do terreno, sem
disputas com herdeiros.
Além disso, a polícia acredita que os
investigados também queriam R$ 200 mil que foram obtidos por Cláudia Regina com
a venda de uma casa.
CRONOLOGIA
DO CRIME
A Polícia Civil afirma que a execução do
crime começou no dia 28 de dezembro, quando Marcos Antônio, Renata e Gabriela
foram rendidos por criminosos.
28
de dezembro:
Segundo a polícia, Carlomam e o
adolescente suspeito entraram na chácara da família de Marcos com a ajuda de
Gideon.
Eles simularam um assalto.
Durante a ação, Horácio se fez de
vítima.
Carlomam estava armado e ameaçou Marcos
e Horácio, enquanto Renata e Gabriela estavam dentro de casa.
Marcos reagiu ao "assalto", e
acabou sendo baleado na nuca.
Agonizando, Marcos foi enrolado em um
tapete e colocado dentro do carro de Gideon.
Depois, Gabriela e Renata foram
amordaçadas, vendadas e amarradas.
Em seguida, as vítimas foram levadas até um
cativeiro em Planaltina.
Já no cativeiro, Carlomam, Gideon e
Horácio esquartejaram e enterraram o corpo de Marcos Antônio.
4
de janeiro:
No começo do ano, o grupo criminoso
executou a parte do plano que envolvia a ex-mulher de Marcos, Cláudia Regina, e
a filha dos dois, Ana Beatriz.
O grupo mandou uma mensagem do celular
de Marcos para Cláudia, se passando por ele.
Na mensagem, os criminosos ofereceram a
ajuda de Gideon, Horácio e Fabrício para uma mudança de casa que estava sendo
feita por Cláudia e Ana Beatriz.
Cláudia aceitou a ajuda, e o grupo teve
acesso à casa para onde ela estava se mudando com a filha.
Já na residência, Carlomam rendeu
Cláudia em uma nova simulação de assalto.
Gideon e Horácio levaram Ana Beatriz até
a residência, e Carlomam simulou novamente o assalto.
Segundo a polícia, Gideon e Horácio se
fizeram de vítimas mais uma vez.
Mãe e filha foram levadas para o
cativeiro de Planaltina, onde já estavam Gabriela e Renata.
12
de janeiro:
Os criminosos elegeram a família do
filho de Marcos, Thiago Belchior, como novo alvo do esquema.
Isso aconteceu porque Thiago começou a
questionar Gideon e Horácio sobre o paradeiro do pai.
O casal Thiago e Elizamar, além de os
três filhos pequenos das vítimas, foram atraídos até a chácara onde os pais de
Thiago moravam.
Para convencer a família de ir até a
chácara, os criminosos usaram novamente o celular de Marcos Antônio.
Mais uma vez, Carlomam simulou um
assalto assim que a família chegou ao local. Desta vez, o grupo contou com a
ajuda de Carlos Henrique Alves da Silva.
Thiago foi amordaçado e amarrado para
ser levado ao cativeiro de Planaltina.
Elizamar e as crianças foram levadas
para Cristalina (GO) no carro da cabeleireira.
Lá, as vítimas foram mortas, e os
criminosos incendiaram o veículo com os corpos dentro.
14
de janeiro:
No cativeiro, as vítimas foram ameaçadas
o tempo todo para fornecer informações bancárias.
O suspeito Fabrício Silva Canhedo era
responsável por cuidar dos reféns, segundo a polícia.
No dia 14, os criminosos resolveram
assassinar Renata e Gabriela.
Mãe e filha foram levadas até Unaí (MG)
em um carro que pertencia a Marcos.
Renata e Gabriela foram mortas.
O veículo em que elas estavam também foi
incendiado com os corpos dentro.
15
de janeiro:
O grupo resolve executar as três vítimas
que ainda eram mantidas sob cárcere.
Thiago, Cláudia Regina e Ana Beatriz
foram mortos por Carlomam, segundo a polícia.
Para assassinar as vítimas, o suspeito
usou uma faca.
Os corpos foram jogados em uma cisterna,
na área rural de Planaltina.
O local fica a cerca de 5 km do
cativeiro onde as vítimas foram mantidas.
O
QUE ACONTECE AGORA?
Com o crime elucidado e os suspeitos
presos, agora a Polícia Civil deve concluir o inquérito e encaminhar o caso
para o Ministério Público, que poderá oferecer denúncia à Justiça para que os
investigados sejam julgados.
COMO
DEVE SER FEITO O INDICIAMENTO?
Segundo a polícia, os seis envolvidos
nos crimes tiveram papéis diferentes no esquema.
De acordo com a polícia, Gideon
Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa e Carlomam
dos Santos Nogueira eram os principais articuladores dos crimes.
Fabrício Silva Canhedo era responsável
por cuidar das vítimas que ficavam no cativeiro.
Carlos Henrique Alves da Silva entrou no
esquema mais tarde e participou do sequestro e da morte de Thiago.
Já o adolescente investigado foi chamado
para participar da primeira parte do crime, quando Marcos Antônio foi morto e
Renata e Gabriela foram sequestradas.
Segundo o delegado Ricardo Viana, o
adolescente teria desistido de participar do esquema por causa da crueldade do
crime.
POR
QUAIS CRIMES OS SUSPEITOS VÃO RESPONDER?
A polícia informou que deve indiciar
Gideon, Carlomam, Horácio e Fabrício – considerados os principais envolvidos –
pelos seguintes crimes:
*Ocultação/destruição
de cadáver;
*Extorsão
mediante sequestro com resultado morte;
*Homicídio
qualificado (5 vezes);
*Latrocínio;
*Associação
criminosa qualificada;
*Corrupção
de menor qualificada.
Demais
envolvidos:
Carlos Henrique deve responder pelo
crime de homicídio, enquanto a responsabilização do adolescente será decidida
pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA I), na Asa Norte, segundo a
polícia.
QUANTOS
ANOS DE PRISÃO OS SUSPEITOS PODEM PEGAR?
Somadas, as penas dos quatro principais
suspeitos podem variar entre 190 e 340 anos de prisão, segundo a polícia.
(Por Wesley Bischoff e Iana Caramori, g1
DF)
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