Os militares do Exército que atuavam dentro do Palácio do Planalto no domingo (08/01) quando golpistas invadiram o prédio oficial e destruíram o que encontraram pela frente, chegaram a deter uma das principais lideranças do movimento criminoso identificadas até agora, Ana Priscila Azevedo.
A extremista, no
entanto, não figurou entre os presos no prédio da presidência da República
naquela noite.
Ligada a grupos
extremistas que organizaram a vinda de caravanas até Brasília, Ana Priscila
aparece em vídeo que ela mesmo disseminou nas redes sociais, rodeada pelos
militares do Exército, sentada ao lado de uma fileira dos agentes de segurança.
Naquele momento,
quando tudo já tinha sido destruído pelos criminosos, ela comemora, sem nada
dizer e apenas fazendo gestos militares, o resultado da invasão.
Depois disso,
Ana Priscila Azevedo simplesmente sumiu dali, enquanto centenas de pessoas eram
detidas em vários pontos da Praça dos Três poderes, incluindo o próprio Palácio
do Planalto.
A prisão da
golpista só iria ocorrer, na realidade, dois dias depois, em outro município
localizado a mais de 60 quilômetros do Palácio do Planalto.
Na terça-feira
(10) a Polícia Federal informou que havia prendido Ana Priscila em Luziânia, um
município de Goiás, já fora do Distrito Federal.
A ordem de
prisão foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A golpista
passou a noite de terça para a quarta-feira na superintendência da PF, em
Brasília, e foi transferida para o presídio feminino Colmeia, na quarta-feira,
por volta das 13h00, onde está detida.
Ana Priscila
aparece em vídeo anunciando, antecipadamente, o que viria a ocorrer na Praça
dos Três poderes.
“Nós
vamos colapsar o sistema, nós vamos sitiar Brasília, nós vamos tomar o poder de
assalto, o poder que nos pertence”, disse ela, numa live realizada em 5 de janeiro, no
acampamento bolsonarista que ficou montado no entorno do Quartel General do Exército,
em Brasília, por meses.
A reportagem
questionou o Exército sobre os motivos de Ana Priscila, que estava detida pelos
militares, ter sido liberada pelos agentes ou, simplesmente, ter “escapado”.
Não houve nenhum
posicionamento até a publicação deste texto.
Horas após a publicação, o Centro
de Comunicação Social do Exército informou apenas que “os fatos estão sendo apurados
pelas autoridades competentes”.
Ana Priscila
Azevedo faz parte do levantamento de ao menos 88 pessoas que, conforme mostrou
reportagem do Estadão, se envolveram diretamente nas invasões e depredações dos
espaços públicos.
A convocação
para os atos já tinha um propósito golpista pré-estabelecido.
Mensagens de
mesmo teor foram reforçadas em centenas de postagens produzidas por
manifestantes, que também trataram de destacar o papel de liderança do
ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a mobilização criminosa ocorrida em
Brasília.
Nesta
quinta-feira (12) em encontro com jornalistas ocorrido no Palácio do Planalto,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expôs a sua contrariedade com diversas
situações em que os militares se envolveram com o governo Bolsonaro e contou
que, na noite do domingo, após os atos de invasão e depredação, dois blindados
foram colocados na avenida que dá acesso à avenida onde ficava o acampamento na
porta do Quartel General do Exército, para impedir a ação da polícia contra os
extremistas.
“Os
tanques estavam protegendo o acampamento. O general me ligou dizendo para que
não entrasse no acampamento de noite que era perigoso”, contou o
presidente.
(Estadão)
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