Adeilson Guilherme de Oliveira foi baleado e morto durante uma ação policial na noite desta quinta (09/02) cidade de Alagoa Nova, no Brejo paraibano.
Ele completaria 18 anos em abril.
Adeilson estava numa motocicleta quando
ultrapassou uma abordagem policial e acabou sofrendo um tiro na Rua João
Pessoa, no Centro.
Imagens mostram um grupo de três
policiais militares conversando com um popular entre a calçada e rua e, segundo
a Polícia Militar, os PMs foram alertados por um grito de alguém.
Os PMs percebem uma moto se aproximando
e se dirigem à via para tentar interceptar o veículo.
O condutor não para e passa entre os
policiais.
Nisso um dos policiais atira e atinge
Adeilson que ainda consegue pilotar por mais alguns metros.
Depois cai, é socorrido pela própria PM
e morre no Hospital Sofia de Castro.
Conforme a Polícia Militar, com ele foram
encontrados uma arma de fogo e uma peça de moto embrulhada.
Na manhã desta sexta-feira (10), Maurício
Guilherme de Oliveira e Adriana Batista, pais do adolescente conversaram com a
imprensa, bem como o comandante da equipe de policiais de Alagoa Nova, tenente
Ricarte.
Foi especulado, e isto chegou ao
conhecimento da imprensa, de que o adolescente estava empinando a moto e
provocando a Polícia Militar.
Esta hipótese, de acordo com o tenente,
não é verdadeira.
O trecho que segue abaixo é referente a
entrevista concedida ao repórter Renato Diniz.
O
QUE DISSE MAURÍCIO GUILHERME DE OLIVEIRA, PAI DO ADOLESCENTE
“Não dá pra acreditar que aconteceu
isto...
Ele trabalhou o dia todo comigo (ele é
servente, eu sou pedreiro). Quando a gente chegou em casa (às cinco e pouco)
ele tomou um banho e foi na ‘rua’.
Dizem que quando ele vinha lá Centro que ‘empinou’
os ‘homens atiraram nele’ pelas costas. A única coisa que eu sei foi isso.
Fui
lá falar com o policial e o policial falou que ele estava armado e encapuzado”.
SOBRE
A ARMA
Seu Maurício perguntou sobre a arma e
como resposta o policial teria dito que ele (Adeilson) jogou fora.
“Como ele jogou fora, no Centro? Com
carro de um lado e de outro?
Meu filho nem com faca nunca andou.
Cadê essa arma?
Cheio de gente lá no Centro e eles
atirando no meio do pessoal...
Ele passou o dia trabalhando numa
construção comigo aqui ao lado.
Ele nunca bebeu, nunca fumou.
A única
coisa que ele ia era na rua.
A única coisa que ele fazia assim, de
vez em quando, ele empinava a moto...
Na Hora que ele empinou no quebra-molas o
policial atirou nele. Justifica?”
ENCAPUZADO
Conforme seu Maurício o filho usava um
casaco (tipo moletom) e não estava encapuzado.
FILHO
ÚNICO
“E agora acabou com minha vida. Perdi tudo. A
única coisa que eu tinha”.
O
QUE DISSE ADRIANA BATISTA, MÃE DO ADOLESCENTE
“Meu filho era um menino bom. Ele não era
errado. Ele empinava (a moto) com o todo jovem faz. Fizeram com meu filho,
poderia fazer com muitos por aí...
Tirar a vida do meu filho...
Um
jovem tão novo, trabalhador, nunca usou droga, nunca andou com gente errada
desse tipo.
Se ele passasse (por alguém) dava oi, boa tarde.
Não era de se
juntar e fazer nada de errado.
Meu filho sempre foi direito. Meu filho sempre
foi um menino bom, honesto e tiraram a vida do meu filho”.
O
QUE DISSE O TENENTE RICARTE, COMANDANTE DO DESTACAMENTO DE ALAGOA NOVA
“Ontem (quinta) eu estava de serviço e
acompanhei todo esse processo, todo esse procedimento aí.
O fato não foi porque ele estava
empinando moto, isto não aconteceu.
Veja bem:
Durante todo o dia (que foi o serviço 24
horas ontem) tivemos na nossa área (área do 15º Batalhão) três motocicletas roubadas
por indivíduos usando motocicletas e arma de fogo.
Duas delas foram recuperadas:
uma entre Areial e Esperança, á tarde.
A outra justamente entre esse horário
(20h40 e 21h20) que foi quando aconteceu o fato aqui.
Populares procuraram a guarnição e
disseram que teve uma moto roubada entre Camucá (em Lagoa de Roça) e Sítio São
Tomé (A. Nova).
Um fugiu com a moto roubada e outro com
a moto utilizada para o delito.
Estávamos em diligências lá na área rural:
a minha guarnição e mais três guarnições empenhadas lá.
Todas as guarnições da área estavam
empenhadas cientes dessa ocorrência (do roubo) e esta guarnição (do caso do
adolescente) estava na cidade, atenta na cidade...”
O
CASO ENVOLVENDO A GUARNIÇÃO E O ADOLESCENTE
O tenente disse que os policias estavam parados
na rua principal, falando com um cidadão “momento em que ouviu-se um grito. Ouviram um
grito. Eles (os policiais) ouviram um grito do pessoal e aí foram para a rua
para ver o que se tratava. No meio da rua lá vinha a moto em alta velocidade. Policiais
se quer viram que se tinha gente empinando.
Essa história de que tinha gente
empinando moto saiu depois (de pessoas que viram esse rapaz empinando) ...”.
Segundo o comandante, quando a moto se
aproximou os policiais mandaram parar, mas o condutor não obedeceu.
A moto estava com luz alta (farol xenon)
e o condutor usava balaclava.
“Temos testemunhas disso. Ele estava com
balaclava, em alta velocidade.
Os policiais foram para a frente,
mandaram parar, de arma em punho (que é nossa abordagem – arma tem que está em
punho pronta pra qualquer situação) ...
O indivíduo teve oportunidade de pegar
uma rua paralela e sair (ele até fez menção disso), porém ele retornou.
Não sei o que deu na cabeça dele
(enfrenar a polícia de frente e partir para cima da guarnição, quase
atropelando a guarnição, passando entre dois policiais).
A
HORA DO DISPARO...
“A guarnição, já de arma em punho, de forma
institivamente efetuou o disparo. Os dois policiais dispararam e um disparo pegou
no braço e transfixou (e foi pra parte interna do corpo).
Aí ele seguiu mais na frente e caiu.
Isso foi o que aconteceu.
Os policiais imediatamente pegaram a
viatura para ver o que aconteceu, porque ele tinha caído.
Até então os policiais não sabiam que
tinham acertado ele.
Tanto que foi quase fogo cruzado (ele
passou no meio de dois policiais)”.
EMPINAR
MOTO
O tenente Ricarte fez questão de afirmar
que essa questão de “empinar a moto” ter sido o motivo do que ocorreu, não tem
nada a ver.
“O que gerou a ocorrência não foi empinar
moto. É que nós já estávamos em ocorrência diligenciando procurando os autores
do roubo da moto que houve na zona rural e de repente aparece esse rapaz em
alta velocidade e a população gritou”.
A
ARMA E O SOCORRO...
“Quando viu que ele estava no chão ligou para
o SAMU, mas como o hospital era perto se preocupou no socorro e levaram para o
hospital. Lá, ao tirar da viatura, caiu da cintura dele, uma arma que ele tinha
(uma garrucha ‘32’) e ficou de posse dos policiais e ele foi levado para dentro
do hospital onde veio a óbito. A médica disse que ele ‘tem outro volume aqui no
bolso’. Era uma peça de moto envolvida em um plástico. Além da arma, ele tinha
isso no bolso também. Infelizmente ele veio a óbito.”
A polícia tambérm contesta a informação de que o disparo foi pelas costas.
(Por
www.renatodiniz.com)
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