Em discurso durante a primeira sessão realizada após a depredação do dia 8 de janeiro, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, pregou nesta quarta-feira (1º/02) a defesa "diuturna e intransigente" da Constituição e do estado democrático de direito.
Rosa Weber também afirmou que aqueles
que conceberam, praticaram, insuflaram e financiaram os atos antidemocráticos
serão punidos.
O discurso foi durante sessão solene que
marcou a abertura do ano judiciário, que ocorreu no plenário do Supremo,
reformado após a destruição promovida por bolsonaristas radicais e golpistas.
Autoridades como o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o vice, Geraldo Alckmin, o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco, e ministros da Corte, acompanharam a solenidade.
"Hoje, quatro meses e meio depois
da minha posse como chefe do poder judiciário brasileiro, nessa sessão solene
revestida de especial simbolismo de abertura do ano judiciário de 2023, neste
mesmo plenário totalmente reconstituído após a invasão criminosa do dia 8 de
janeiro último por uma turba insana movida pelo ódio e pela irracionalidade,
reafirmo minha profissão de fé como juíza e a ela acresço, em reforço, o que
erigi como norte da atual administração desta Casa: a proteção da jurisdição
constitucional e da integridade do regime democrático. Ou, mais simplesmente, a
defesa diuturna e intransigente da Constituição e do estado democrático de
direito", disse ela.
Rosa Weber classificou os atos
terroristas de 8 de janeiros de "ataque golpista e ignóbil" e
disse que o STF foi o principal alvo dos bolsonaristas radicais porque fez
"prevalecer em sua atuação jurisdicional a autoridade da
Constituição" e se contrapôs "a toda sorte de pretensões autocráticas".
De acordo com a presidente do Supremo,
os ataques foram realizados por vândalos "possuídos de ódio irracional,
quase patológico" e "imbuídos da ousadia da ignorância"
que revelaram, com a ação, "total desapreço pela res pública".
Ela afirmou que "inimigos
da liberdade" não conseguirão constranger o Supremo.
"Mas advirto. Não destruíram o
espírito da democracia. Não foram e jamais serão capazes de subvertê-lo porque
o sentimento de respeito pela ordem democrática continua e continuará a
iluminar as mentes e os corações dos juízes desta Corte Suprema, que não
hesitarão em fazer prevalecer sempre os fundamentos éticos e políticos que
informam e dão sustentação ao Estado Democrático de Direito. Que os inimigos da
liberdade saibam que no solo sagrado deste Tribunal o regime democrático,
permanentemente cultuado, permanece inabalável", disse.
"As instalações físicas de um
Tribunal podem até ser destruídas, mas a elas sobrepaira - e se mantém incólume
-, a instituição Poder Judiciário em seu elevado mister de dizer e tornar
efetivo o Direito, viabilizando a vida em sociedade, realizando o valor Justiça",
completou.
PUNIÇÃO
AOS GOLPISTAS
Rosa Weber afirmou que o Supremo
Tribunal Federal "é absolutamente intangível à ignorância
crassa da força bruta".
E disse que os responsáveis pelos atos
golpistas de 8 de janeiro serão punidos.
"Se alguma dúvida, ou dificuldade
de compreensão, acaso esteja a pairar neste momento sobre o sentido do que
estou a dizer, assevero, em nome do Supremo Tribunal Federal, que, uma vez
erguida da justiça a clava forte sobre a violência cometida em oito de janeiro,
os que a conceberam, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a
financiaram serão responsabilizados com o rigor da lei nas diferentes esferas.
Só assim se estará a reafirmar a ordem constitucional, sempre com observância
ao devido processo legal, resguardadas, a todos os envolvidos, as garantias do
contraditório e da ampla."
DEMOCRACIA
A presidente do STF apontou que a
democracia é uma "conquista diária e permanente"
e que o convívio democrático "pressupõe diálogo constante e tolerância com
as diferenças".
Entretanto, de acordo com ela, a
democracia brasileira vive "tempos verdadeiramente perturbadores de
maniqueísmos e deformações inaceitáveis, que tantas divisões impuseram à
comunhão nacional".
Diante dos ataques sofridos pelo poder
judiciário, Rosa Weber defende "cuidado, atenção, resistência e resiliência
das instituições".
Ela pregou ainda "equilíbrio"
e "harmonia" entre os poderes na defesa do estado democrático
de direito.
"Um Brasil inclusivo e
igualitário, de ordem, progresso – está na nossa bandeira - e de paz, uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia e
comprometida com a solução pacífica das controvérsias, como orienta o preâmbulo
da Constituição Cidadã de 1988, é o que almejamos. Que possamos caminhar em
2023 com serenidade e equilíbrio, cumprindo os objetivos traçados na Carta
Magna, olhos postos na entrega de prestação jurisdicional efetiva e
qualificada, na coesão do Poder Judiciário, no respeito e harmonia entre os
poderes, na união e fortalecimento das instituições e na defesa do Estado
Democrático de Direito consagrado no artigo primeiro da nossa Constituição",
afirmou.
(Por g1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.