O Ministério Público Federal (MPF) viu indícios de crime de peculato por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias sauditas.
O crime de peculato ocorre quando há
desvio ou apropriação, por parte de um funcionário público, de um bem a que ele
tenha acesso por causa do cargo que ocupa, mediante abuso de confiança.
Avaliadas em R$ 16,5 milhões, as joias
seriam presentes do governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro.
Os itens de luxo estavam com uma
comitiva do governo que visitou o país do Oriente Médio e foram retidos pela
Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, em
outubro de 2021.
Um ex-assessor do então ministro de
Minas e Energia Bento Albuquerque tentou entrar no Brasil sem declarar as joias
à Receita, o que é ilegal.
A GloboNews
teve acesso ao pedido inicial de investigação enviado pelos procuradores à
Polícia Federal no dia 20 de março.
No início deste mês, o ex-presidente
Jair Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso na sede da PF em Brasília.
Na ocasião, Bolsonaro confirmou que
conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira
Gomes sobre as joias enviadas pela Arábia Saudita.
Na peça enviada à PF em março, os
procuradores dizem que "o primeiro
ponto a se destacar é a tentativa do senhor Marcos André dos Santos
[ex-assessor do então ministro Bento Albuquerque] de ingressar no país através
do canal 'Nada a Declarar' com os presentes recebidos na Arábia Saudita, qual
seja: o conjunto de joias. E, por conta disso, da detida análise dos fatos e
provas apresentadas, verificou-se indícios do crime [de peculato]".
"As circunstâncias objetivas do caso sugerem uma tentativa de desvio das
joias retidas para o patrimônio particular do ex-presidente da República, com
possível patrocínio do ex-secretário especial da Receita Federal, [Júlio Cesar
Vieira Gomes]", diz trecho do documento do MPF.
Os procuradores também dizem ser "importante ressaltar que, a partir da
decretação de perdimento dos bens, os bens passam a ter natureza eminentemente
pública descabendo qualquer destinação particular".
(Por g1)
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