Um dos quatro garimpeiros mortos por agentes de segurança no último domingo (30/04) na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, era integrante de uma facção criminosa com atuação nacional.
Essa linha de investigação passou a ser
um dos focos de ações de inteligência do governo federal na região.
A informação foi revelada pelo
presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, em entrevista a jornalistas em Boa
Vista, na noite dessa segunda-feira (1º/05).
"Nosso serviço de inteligência tem
encontrado indícios muito fortes de que alguns pontos de garimpo são mantidos
com o apoio de organizações criminosas. Isso está sendo investigado. Uma das
pessoas que morreu na operação de domingo [30] tinha envolvimento muito forte
com uma das organizações criminosas", disse Agostinho.
O presidente do Ibama fez parte de uma
comitiva do governo federal que esteve em Roraima para monitorar a situação dos
Yanomamis após atentado que deixou um indígena morto e dois feridos no último
sábado (29).
Um dia depois, quatro garimpeiros teriam
reagido à incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ibama
num ponto de garimpo conhecido como Ouro Mil, dentro da terra indígena.
Eles
acabaram sendo mortos em confronto.
A Agência Brasil apurou que um dos
mortos com vínculos ao crime organizado é do Amapá.
Ele é apontado como integrante do grupo
PCC, que tem origem em São Paulo, mas atua em todo o país.
No local do confronto, segundo a PRF,
foi apreendido um arsenal de armas, com fuzil, três pistolas, sete espingardas
e duas miras holográficas, além de munição de diversos calibres, carregadores e
outros equipamentos bélicos.
Segundo o presidente do Ibama, a atuação
de facções criminosas é cada vez mais comum em atividades extrativistas
ilegais, como o garimpo, a grilagem de terras e o comércio clandestino de
madeira.
"A gente tem percebido que essas
atividades passaram a exercer uma atração de facções criminosas. Elas servem,
ao mesmo tempo, como forma de lavagem de dinheiro, por meio do garimpo ilegal,
por exemplo, mas também como fonte de capitalização desses grupos, já que o
tráfico internacional de drogas demanda grande investimento de operação",
explicou Rodrigo Agostinho, em conversa com a Agência Brasil.
BALANÇO
O Ibama informou que, desde o início da
operação, há cerca de três meses, foram destruídos 327 acampamentos de
garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de
balsas, barcos e tratores.
Também foram apreendidas 36 toneladas de
cassiterita, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por
criminosos.
(Por iG)
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