Um servidor do Ministério Público Federal é apontando como um dos responsáveis pela lavagem do dinheiro oriundo de um esquema internacional de tráfico de armas.
Wagner Miranda foi um dos alvos da
operação Dakovo, na semana passada, que identificou uma estrutura criminosa no
Paraguai que abastecia as duas principais facções brasileiras com armamentos.
De acordo com relatórios aos quais o
blog teve acesso com exclusividade, Wagner é integrante do núcleo financeiro da
quadrilha, que é composto "por
pessoas que consciente e voluntariamente permitiram a movimentação de dinheiro
advindo do tráfico de armas, em suas contas bancárias, para fins de dar
aparência de 'licitude' as manobras realizadas pelo núcleo doleiros".
O núcleo também está relacionado ao
pagamento das armas junto aos fabricantes europeus, ocultando o efetivo
proprietário dos recursos movimentados e sua origem.
A investigação aponta que Wagner usou
empresas em seu nome para tentar dar aspecto legal ao dinheiro proveniente da
venda de armas ilegais.
Em 20 de julho de 2022, ele remeteu R$
100 mil à Bravo Brasil; em 24 de outubro de 2022, mais R$ 50 mil, ambas as operações
com dinheiro em espécie.
A PF verificou que o sócio de Wagner na
Bravo Brasil, Raimundo Pereira, tinha em seus registros trabalhistas o
exercício da função de trabalhador doméstico entre 2007 e 2016, e como
trabalhador agropecuário em geral.
A empresa não tem funcionários e não
atividades nos endereços apontados, indícios de funcionar apenas de fachada.
Raimundo aparece como único dono ainda
da Bravo Brasil - Iphones LTDA, que possui o mesmo endereço e os mesmos
telefones da outra empresa.
Essa efetuou três depósitos, totalizando
R$ 53 mil, para a DDM Aviação LTDA e para David Carlos Ferreira LTDA utilizadas
pelo esquema para efetuar pagamentos.
O juizado colegiado montado para essa
operação pediu o afastamento cautelas de Wagner das suas funções no Ministério
Público Federal.
"Na qualidade de servidor do MPF, lotado na Procuradoria-Geral da
República, Wagner Vinicius possui livre acesso a sistemas e dados internos,
podendo, eventualmente, acessar informações sensíveis relacionadas à operação
e, ainda, possui cadastro ativo no PJE do TRF1ª Região como servidor do MPF, de
modo que tem acesso a todos os processos, inclusive aqueles classificados com
sigilo, o que denota a necessidade de seu afastamento", atesta o
documento.
Wagner Miranda é servidor analista do
Ministério Público da União. Dados da Transparência da instituição mostram que
seu salário bruto é de R$ 20.649,61.
Procurado, o MPF se recusou a responder
se o servidor já havia sido afastado.
"O caso é sigiloso, não temos informações dos investigados."
A Polícia Federal deflagrou terça-feira
passada (05/12) uma operação contra um grupo suspeito de entregar 43 mil armas
para os chefes das maiores facções do país — Primeiro Comando da Capital e
Comando Vermelho —, movimentando R$ 1,2 bilhão.
A investigação começou em 2020, quando
pistolas e munições foram apreendidas no interior da Bahia.
As armas estavam
com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter
as informações e avançar na investigação.
Três anos mais tarde, a cooperação
internacional que resultou na operação desta terça indica que um homem
argentino, dono de uma empresa chamada IAS, com sede no Paraguai, comprava
pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de fabricantes de países como
Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.
(Por g1)
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