A lenda Mário Jorge Lobo Zagallo, o único tetracampeão mundial de futebol, morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos, nesta sexta-feira (05/01).
A informação foi confirmada pela
assessoria do ex-jogador. Zagallo é uma das maiores lendas do futebol
brasileiro.
Ele estava internado desde o fim de
dezembro em um hospital do Rio de Janeiro.
A causa da morte foi falência múltipla
dos órgãos.
"É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno
tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo", diz a nota publicada
pela família.
"Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional
vitorioso e um grande ser humano.
Ídolo gigante.
Um patriota que nos deixa um
legado de grandes conquistas."
"Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos
ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que
você nos deixa", conclui a nota.
Em agosto de 2023, Zagallo ficou 22 dias
internado para tratar uma infecção urinária.
Já em 2022, ele foi hospitalizado com um
quadro de infecção respiratória.
CARREIRA
Zagallo nasceu em Atalaia (AL) e foi
para o Rio de Janeiro logo aos 8 meses de vida.
Foi morar na Tijuca, Bairro da Zona
Norte com o qual desenvolveu uma relação próxima durante toda a vida.
Das peladas no Maracanã – antes mesmo da
inauguração do estádio –, Zagallo passou pelas categorias de base do América,
que tinha sede na Tijuca, antes de ir para o Flamengo.
Aos 18 anos, foi convocado para servir o
Exército e deu início à sua relação com copas do mundo.
Começou com um revés.
Fez a segurança das arquibancadas do
Maracanã na derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950.
Foi testemunha, portanto, do fatídico Maracanazzo.
Tornou-se tornando profissional como
ponta-esquerda e foi tricampeão carioca pelo Flamengo, de 1953 a 1955.
Em 1958, conquistou junto com a seleção
brasileira a primeira Copa do Mundo da história do país, com direito a gol na
final contra a Suécia (5 a 2).
Era apelidado de Formiguinha, por correr
muito e ajudar na marcação do meio-campo – algo raro para atacantes à época.
Quatro anos depois, já como atleta
campeão pelo Botafogo, foi bicampeão mundial com a seleção como jogador na Copa
da 62.
Em 1964, se aposenta como jogador e
começa a carreira de treinador, começando pelo Botafogo.
Meses antes da Copa de 70, assume a
seleção no lugar de João Saldanha.
Acabou comandando Pelé e companhia para
o tricampeonato mundial.
Para muitos, foi a melhor seleção de
todos os tempos.
O tetra veio em 1994.
Como coordenador técnico de Carlos
Alberto Parreira, Zagallo participou da campanha na Copa dos Estados Unidos.
Por pouco, não foi penta: como técnico
da seleção, chegou à final da Copa de 1998, mas a equipe foi derrotada pela
França de Zidane.
O visual do Zagallo treinador de 1998,
aliás, foi o escolhido para a homenagem no Museu da Seleção, na sede da CBF, no
Rio.
No ano passado, o Velho Lobo foi
conferir – e aprovou – seu boneco de cera.
"Tá bom demais (...) Quer trocar comigo?", brincou. "Jamais pensei em poder bater um papo com o
Zagallo."
Zagallo é homenageado com a inauguração
de sua estátua de cera no Museu da Seleção
Zagallo ainda foi treinador no Rio dos
outros três times grandes (Flamengo, Vasco e Fluminense) e do Bangu, além das
seleções de Kwait, Emirados Árabes e Arábia Saudita – onde também comandou o Al
Hilal, o atual time de Neymar.
'VÃO
TER QUE ME ENGOLIR!'
Em 1997, ao vencer a Copa América,
Zagallo disparou uma de suas frases célebres, em ataque aos críticos da
seleção: "Vocês vão ter que me
engolir".
As brincadeiras com o número 13 eram
rotineiras.
Quando tinha a oportunidade de citar uma
frase com 13 letras, não perdia a chance.
"Brasil campeão tem 13 letras, e Argentina vice também", bradou
ao vencer nos pênaltis os rivais na final da Copa América de 2004.
Também usou a contagem para incentivar a
população a tomar vacina contra a Covid em 2021: "Dose de reforço tem 13 letras".
"O 13 veio aliado à minha esposa, quer era devota de Santo Antônio
[celebrado em 13 de junho], sinônimo de fé", dizia.
Treze também foi o dia em que se casou
com a mulher, Alcina, que também fazia aniversário no dia 13.
Também é "31" ao contrário –
ano de nascimento de Zagallo.
Zagallo eterno tem 13 letras.
(Por Wesley Bischoff, g1 — São Paulo)
Foto: Lucas Figueiredo/CBF
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