O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou ao Congresso nesta segunda-feira (04/03) o projeto de lei que cria um pacote de direitos para motoristas de aplicativos de transporte.
A mensagem de envio ao Legislativo foi
assinada durante cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do ministro
do Trabalho, Luiz Marinho, outros ministros e representantes dos motoristas.
Pela proposta do governo, não haverá
vínculo de trabalho entre motorista e app previsto pela Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT).
Caso o texto seja aprovado pelos
parlamentares, os motoristas receberão um valor mínimo por hora trabalhada e,
junto com as empresas, contribuirão com o INSS – com esta medida, trabalhadores
serão segurados pela Previdência Social e terão direito aos benefícios do
instituto.
ENTRE
OUTROS PONTOS, O PROJETO DO GOVERNO PROPÕE:
*JORNADA de trabalho de
8 horas diárias (podendo chegar a 12 horas se houver acordo coletivo);
*CRIAÇÃO da categoria
"trabalhador autônomo por plataforma";
*O
TRABALHADOR
poderá escolher quando trabalhar e não haverá vínculo de exclusividade;
*HAVERÁ sindicato da
categoria;
*O
TRABALHADOR
deverá ter conhecimento sobre as regras de oferta de viagens;
*O
TRABALHADOR
deverá ter remuneração mínima mais o ganho variável com as corridas;
*A
HORA
trabalhada deverá ter valor de R$ 32,09.
Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística mostram que o Brasil tinha ao menos 1,5 milhão de trabalhadores
de aplicativos em 2022.
Segundo o IBGE, desse total:
52,2%
trabalhavam
com transporte de passageiros;
39,5%
trabalhavam
com entrega de comida e produtos;
13,2%
trabalhavam
com prestação de serviços.
No caso dos motoristas, ainda segundo o
IBGE, a renda média naquele ano foi de R$ 2.454.
NEGOCIAÇÃO
COM PARLAMENTARES
Na cerimônia, Lula destacou que o
projeto do governo enviado ao Congresso precisará do apoio de parlamentares
para ser aprovado.
Ele lembrou que em outros países propostas desse tipo foram
aprovadas com uma pequena margem de votos.
"Vocês sabem que têm que procurar
os deputados. Cada bancada tem um líder, então vocês vão começar chamando os
líderes para conversar. É preciso que a gente não fique com raiva dos contras,
é abrir um sorriso e falar 'companheiro, vamos lá, pelo amor de Deus, nós somos
trabalhadores'", disse o petista.
Lula afirmou ainda que o governo
negociará com bancos a criação de linhas de crédito voltadas a trabalhadores de
aplicativos.
"Passageiro quer carro novo, não quer carro velho. Isso tudo nós temos
que fazer caminhar", declarou.
Para virar lei, a proposta enviada nesta
segunda-feira terá de ser aprovada pela Câmara e pelo Senado; e,
posteriormente, sancionada pelo próprio presidente Lula.
Lula envia ao Congresso projeto com
regras para trabalho de motoristas de aplicativos de transporte
JULGAMENTO
NO STF
O Supremo Tribunal Federal analisa uma
ação que discute se uma motorista de aplicativo tem vínculo de trabalho com a
plataforma.
A decisão sobre o tema foi dividida em
duas etapas:
Primeira: se o
entendimento a ser firmado tem a chamada repercussão geral (ou seja, se valerá
para todas as instâncias da Justiça);
Segunda: se efetivamente
há o vínculo de trabalho.
Na última sexta-feira (1º), o STF
decidiu por unanimidade pela repercussão geral.
Isto é, o futuro entendimento a ser
firmado pela Corte sobre o tema deverá ser seguido por todas as demais
instâncias da Justiça em todos os processos semelhantes.
Tomada a decisão sobre a repercussão
geral, o relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin, pode determinar
providências como realizar audiências públicas ou suspender processos que
tratam do tema no Poder Judiciário até que o plenário do STF julgue o mérito do
assunto.
(g1)
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