Uma proposta de emenda à Constituição (PEC), elaborada pelo Ministério da Justiça, prevê uma modernização do modelo de segurança pública no Brasil.
Entre outros temas, a PEC propõe a
criação de uma nova polícia de nível federal, a partir da atual Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
O texto busca também integrar as
diversas polícias do país.
A avaliação de especialistas hoje é que
cada corporação age de forma muito solitária e sem compartilhar dados, o que
prejudica as investigações.
A PEC também procura reforçar o Sistema
Público de Segurança, criando um modelo parecido com o do Sistema Único de
Saúde (SUS) e dando mais responsabilidades para a União.
A Constituição de 1988 deixou a
segurança pública como assunto predominantemente dos estados.
Mas a avaliação do Ministério da Justiça
é que a realidade desde então mudou e que o crime evoluiu e se tornou até
transnacional, o que pede uma ação integrada do governo brasileiro.
Em reunião com ministros e empresários
do setor alimentício nesta terça-feira (16/07) no Palácio do Planalto, o
presidente Lula falou sobre a proposta para a segurança.
"Eu agora vou discutir uma
política de segurança pública. Eu não vou fazer junto com o Lewandowski, com a
Casa Civil, com a AGU [Advocacia-Geral da União], um projeto de segurança. Não.
Eu vou chamar os 27 governadores dos estados para dizer o seguinte: 'O governo
federal quer participar da questão da segurança pública. Nós queremos saber
qual é o nosso papel, aonde a gente entra, como a gente pode ajudar?'",
disse o presidente.
A
NOVA POLÍCIA
A proposta de emenda à Constituição
(PEC) em estudo no governo prevê a transformação da Polícia Rodoviária Federal
(PRF) em uma nova polícia ostensiva federal, com atribuições mais amplas do que
apenas o policiamento das rodovias federais.
Atualmente, o artigo 144 da Constituição
lista as polícias existentes no país, incluindo uma polícia ferroviária
federal, que nunca foi efetivamente implementada.
A nova polícia ostensiva, citada na PEC
teria a responsabilidade de cuidar das estradas, ferrovias e hidrovias,
suprindo essa lacuna.
Lewandowski prepara PEC sobre segurança
para integrar polícias e aumentar responsabilidades da União
Além disso, a PRF já atua fora das
rodovias em algumas situações, como quando os estados solicitam apoio em operações,
como ocorre no Rio de Janeiro.
A intenção do Ministério da Justiça é
regulamentar essas atividades desempenhadas pela PRF, permitindo uma
fiscalização mais rigorosa e a responsabilização de agentes que cometerem
excessos.
PAPEL
DA NOVA POLÍCIA
O texto da PEC foi elaborado com a
participação direta do ministro Ricardo Lewandowski.
A concepção é que o governo federal deve
ter duas polícias: uma judiciária, responsável por investigações, que
continuará sendo a Polícia Federal (PF), e uma ostensiva, que será a nova corporação
criada a partir da PRF.
Isso espelharia o modelo existente nos
estados, onde há uma polícia judiciária (Polícia Civil) e uma ostensiva
(Polícia Militar).
SUBSTITUIÇÃO
PARA A FORÇA NACIONAL
A longo prazo, com a consolidação da nova
polícia ostensiva federal, que ainda não tem um nome, ela poderá substituir a
atual Força Nacional, que não possui um quadro fixo de profissionais.
A Força Nacional é composta por
policiais cedidos pelos estados para atuar em situações que demandam reforço
federal, um modelo criticado por poder desfalcar as polícias estaduais e ser
caro devido ao pagamento de diárias aos policiais cedidos.
OS
PRÓXIMOS PASSOS DA PEC
A minuta da PEC está em análise na Casa
Civil do governo Lula. Interlocutores do ministro Lewandowski sugeriram que o
texto seja apresentado ao Senado para iniciar sua tramitação.
No ministério, a PEC é vista como uma
possível marca da gestão de Lewandowski, que deseja deixar um legado na área da
segurança pública.
Além disso, segundo um interlocutor do
ministro, é uma oportunidade de discutir com mais profundidade o tema da
segurança pública, um dos mais importantes para a população.
(Por g1)
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