*Organização denuncia Silvio Almeida por
assédio sexual; Anielle Franco seria uma das vítimas
A organização Me Too Brasil confirmou,
nesta quinta-feira (05/09), que recebeu denúncias de assédio sexual contra o
ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida.
Segundo comunicado, as vítimas foram
atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento
psicológico e jurídico.
“Como
ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em
posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio
institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a
confirmação do caso para a imprensa”, diz o documento.
O caso foi publicado inicialmente pelo
portal “Metrópoles”, que apontou a ministra da Igualdade Racial, Anielle
Franco, como sendo uma das vítimas.
A CNN apurou que ela relatou, para
integrantes do governo, ter sido alvo de assédio.
De acordo com a organização, que atua no
acolhimento de vítimas de violência sexual em todo o mundo, essas vítimas — em
especial quando quando os agressores são figuras poderosas ou influentes —
frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas.
“A
denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor,
demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição
social, econômica ou política”, completa o texto.
Para a Me Too, denunciar um agressor em
posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os
protege.
“A
denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados
por instituições ou redes de influência”.
A CNN apurou que pelo menos quatro casos
de assédio sexual foram levados ao Me Too.
Também teriam sido feitas dez denúncias
de assédio moral contra Silvio Almeida no Ministério de Direitos Humanos e
Cidadania.
Por meio de nota, o ministro Silvio
Almeida diz “repudiar com absoluta
veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra” ele.
Alegou ainda
que as denúncias não têm “materialidade”
e são baseadas em “ilações”.
Afirma ainda que o objetivo das
acusações são lhe “prejudicar” e “bloquear seu futuro”.
Procurada, Anielle Franco ainda não se
manifestou.
Interlocutores da ministra afirmam que
ela teria contado detalhes do que considerou uma aproximação indevida de
Almeida.
Aliados do ministro, por sua vez,
afirmam que ele é vítima de perseguição dentro do governo, desde o início da
gestão.
Nesta semana, durante evento público,
Almeida falou das pressões que tem sofrido por ser ministro de governo.
“Sou homem preto e não vou abrir mão de ser
ministro. Vou administrar o ministério e ser gestor igual a qualquer homem
branco”, disse, em tom de desabafo.
Veja
a integra da nota do ministro Silvio Almeida:
“Repudio
com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim.
Repudio
tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e
pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo,
diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.
Toda
e qualquer denúncia deve ter materialidade.
Entretanto,
o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar
nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.
Confesso
que é muito triste viver tudo isso, dói na alma.
Mais
uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências,
imputando a mim condutas que eles praticam.
Com
isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade
racial e perde o povo brasileiro.
Toda
e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para
tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados.
E
não apenas baseados em mentiras, sem provas.
Encaminharei
ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança
Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa
do caso.
As
falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram ‘denunciação
caluniosa’.
Tais
difamações não encontrarão par com a realidade.
De
acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a
minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas
estas não terão sucesso.
Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais
comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo
brasileiro, independentemente de visões partidárias.
Quaisquer
distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização.
Sempre
lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo
futuro delas.
Falsos
defensores do povo querem tirar aquele que o representa.
Estão tentando apagar
a minha história com o meu sacrifício”.
(Por CNN)
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