A Igreja Católica ganhou neste domingo
(20/10) mais uma santa.
Elena Guerra foi canonizada às 05h30 (horário do
Brasil) em uma cerimônia no Vaticano.
Mas quem é a beata conhecida como
"Apóstola do Espírito Santo" e qual a relação dela com o Brasil?
Elena Guerra nasceu e viveu na Itália
entre 1835 e faleceu em 1914.
Foi professora, fundadora da Congregação Oblatas
do Espírito Santo e era conhecida também por ser uma pessoa muito caridosa.
No
Brasil, a beata é conhecida e dá nome às escolas de formação religiosa e também
de ensino infantil.
Mas foi em um grupo de orações de Minas
Gerais que a fé em Elena Guerra levou à cura de um homem que estava desenganado
pela medicina.
E foi esse episódio no Brasil,
considerado um milagre pelo Vaticano, o responsável por torná-la santa.
QUEM
FOI ELENA GUERRA...(Casa onde Helena viveu - foto: Henrique Mendes) |
De acordo com publicações especializadas
na doutrina católica, Elena Guerra nasceu no dia 23 de junho de 1835, na cidade
de Lucca à beira do rio Serchio, na região da Toscana.
Aos 19 anos estudou enfermagem e
trabalhou cuidando de doentes afetados pela pandemia de cólera na Europa.
Após se dedicar aos cuidados do próximo,
Elena ficou por 8 anos em cima de uma cama devido a uma doença desconhecida.
Foi nessa época que se dedicou à
meditação da Bíblia e ao estudo dos padres da igreja.
Em 1865, curada, a jovem assistiu a uma
sessão do Concílio Vaticano I, onde foram discutidas as questões doutrinárias
necessárias para espalhar a fé.
Elena sentiu ainda mais a necessidade de
criar uma comunidade religiosa.
Ela então idealizou a primeira Associação
de Amigas Espirituais, que reunia jovens de Lucca e outras cidades.
Ao longo do tempo, o grupo cresceu e se
tornou a Congregação das Irmãs de Santa Zita, de quem Elena Guerra era muito
devota.
Em 1897, ela foi recebida pelo Papa Leão
XIII, que a encorajou a continuar com seu apostolado e sugeriu a mudança do
nome de sua congregação para Oblatas do Espírito Santo.
Elena morreu em 11 de abril de 1914, em
um sábado na véspera da Páscoa, deixando um legado de cuidado e amor pelo
próximo, sendo reconhecida em 1959 como beata pelo Papa João XXIII.
(Quarto onde a Santa dormia - foto: Henrique Mendes) |
CANONIZAÇÃO
A história que culminou na publicação de
um decreto pelo Papa Francisco no dia 13 de abril de 2024, reconhecendo o
milagre atribuído à beata Elena Guerra e abrindo caminho para ela se tornar
santa, aconteceu em 2010, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Na época, o enfermeiro que hoje é
aposentado, Paulo Gontijo, tinha 49 anos e sofreu um grave traumatismo craniano
e teve suspeita de morte encefálica depois de bater a cabeça ao cair de uma
árvore de 6 metros de altura enquanto fazia uma poda.
(Paulo Gontijo) |
Após 25 dias em coma no Hospital de
Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), os médicos deram
poucas chances de que Paulo iria sobreviver aos danos causados pela queda e,
caso se salvasse, teria sequelas graves.
A família lembra que a situação de Paulo
era tão grave que o caso dele passou a ser tratado dentro de um protocolo de
morte encefálica.
Assim, pediram ao pároco da igreja que
frequentavam, William Eurípedes Garcia, para que Paulo recebesse a extrema
unção - sacramento católico que consiste na unção do enfermo acompanhada de uma
oração - na Unidade de Terapia Intensiva.
"Eu levei o sangue de Cristo, que
é o vinho consagrado, com a intenção de pingar algumas gotas na língua dele,
para que ele pudesse ter ali a presença de Cristo vivo e ressuscitado junto
dele. Eu coloquei essas três gotas na língua do Paulo, onde ele abruptamente
reagiu de maneira brusca ao tocar o sangue na língua, uma pessoa que já estava
com o quadro de morte, ter esses movimentos bruscos foi surpreendente. Eu fui
pego de surpresa com esse milagre que foi imediato", lembrou o
padre.
Assim, após o milagre da Beata Elena em
Uberlândia foi iniciada uma investigação para comprovar a sua santidade.
(Paulo visitou o túmulo da Santa, junto com a esposa - Foto: H. Mendes |
Para o processo, é preciso solicitar a
abertura da causa, nomear um responsável para acompanhar o processo, investigar
a fama de santidade do candidato, comprovar um milagre realizado após a morte
do candidato a santo, beatificar o candidato, comprovar um segundo milagre,
desta vez realizado após a beatificação, para enfim proclamar o candidato santo,
que é a canonização propriamente dita.
Após a investigação e reunião dos
documentos, em 2013, a Diocese de Uberlândia encerrou o processo e encaminhou
para Roma.
Neste dia que encerrou as investigações
no Brasil, os documentos foram lacrados e enviados para a Santa Sé, para a
Congregação da Causa dos Santos.
Na sessão solene de clausura - que é uma
fase do inquérito de canonização - foram apresentadas duas cópias autenticadas
do processo referente ao suposto milagre.
Durante a fase de investigação do
milagre, um representante da Igreja Católica foi enviado à Uberlândia para
recolher documentos e pedir que novos exames fossem feitos em Paulo.
Vários encontros foram realizados na
Itália ao longo desses anos com representantes da igreja, e após mais de 10
anos, o Papa Francisco promulgou o decreto que reconheceu o milagre da beata no
Brasil.
O milagre em Uberlândia foi o primeiro
após a beatificação de Elena e se tornou prova viva de sua santidade, segundo a
Igreja Católica.
ORAÇÃO
À BEATA ELENA GUERRA“Ó
Deus, que destes à Beata Helena Guerra a graça de compreender a importância e a
força do vosso Espírito Santo, dai também a nós a graça de experimentá-lo em
nossas vidas, para que, como a Beata Helena, possamos dedicar nossas vidas ao
amor verdadeiro por todos os que mais necessitam. Amém. Beata Helena Guerra,
rogai por nós.”
(Por Gabriel Reis, g1 Triângulo —
Uberlândia/MG)Fotos: Henrique Mendes/Diocese de Uberlândia e redes sociais
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