domingo, 20 de outubro de 2024

FAVA: COM 3,3 MIL TONELADAS COLHIDAS, PARAÍBA SE CONSOLIDA COMO POTÊNCIA NA PRODUÇÃO

A Paraíba tem a segunda maior produção do grão de fava ou fava feijão do Brasil.
De acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 foram colhidos 3,3 mil toneladas do produto, ficando atrás apenas do estado do Ceará, que teve uma produção de 3,5 mil toneladas.

Só em solo paraibano, agricultores familiares de 123 municípios trabalham com o grão.
A fava é cultivada principalmente no Nordeste brasileiro, possuindo boa adaptação à região semiárida.
Na Paraíba, a semente é plantada em várias regiões do estado, sendo predominante no Brejo e Agreste, que compreende o bioma da caatinga e a floresta ombrófila aberta.
A produção é totalmente da agricultura familiar e não há registro de uma produção em larga escala.
A maioria dos produtores tem apenas um hectare de área plantada e geralmente estão em consórcio com outras culturas, como o milho.
O município de Alagoa Grande, no Brejo paraibano, a 110 km de João Pessoa, tem a maior produção do grão do estado.
Em 2023 foram colhidas 1,0 mil toneladas do produto.
A mesma quantidade foi colhida em 2022 e 2021.
De 2018 a 2020, a produção chegou a 2 mil toneladas cada ano.
O grão também é cultivado fortemente em outros municípios do estado, que atingiram juntos, em 2023, cerca de 798 mil toneladas das sementes. São eles: Mogeiro (240 t.), Queimadas (225 t.), Campina Grande (125 t.), Massaranduba (108 t.) e Esperança (100 t.).
PESQUISA
Miguel Barreto Neto, pesquisador da Embrapa Algodão, localizada em Campina Grande, trabalha há mais de 15 anos com a fava e já publicou mais de 20 títulos relacionados ao cultivo e produção das sementes.
De acordo com Barreto, o principal período de plantio da leguminosa ocorre nas primeiras chuvas de cada região.
No Sertão, por exemplo, esse período é de janeiro a fevereiro, enquanto na região do Agreste e Brejo o plantio vai de fevereiro a abril.
A colheita vai do mês de maio a agosto e geralmente tem duração de quatro a cinco meses.
Os agricultores produzem suas próprias sementes e guardam seu estoque para o plantio da próxima safra.
A estratégia ocorre devido ao alto valor da fava no mercado.
Um quilo de fava pode chegar até “25 reais” em média nas feiras livres.
Para plantar um hectare são necessários 20 quilos, já que em cada cova são utilizadas três sementes, o que equivale a um investimento de mais de “500 reais”.
Dessa forma o custo para os agricultores familiares sairia muito alto para um produção que muitas vezes não tem um bom resultado.
De acordo com Barreto, a feira de Campina Grande é um local representativo da fava na Paraíba, por conter uma grande variedade de tipos e tamanhos da semente.
Apesar das famílias não consumirem todos os dias, o cultivo é sustentável já que a atividade não exige umidade. Se após a floração o tempo for seco, a planta se adequa e consegue desenvolver suas vagens no tempo seco. A fava é uma cultura muito promissora e pode ser introduzida em outras atividades agrícolas, garantindo um bom lucro e pouca preocupação com o manejo da plantação”, detalhou.
O pesquisador disse que a planta pode ter dois formatos, o de crescimento indeterminado, que tem uma ramagem mais longa e na maioria das vezes é cultivada junto ao pé de milho e isso ajuda os agricultores na economia dos espaços no terreno plantando duas culturas.
Outro formato é o moita, que tem um crescimento menor e arredondado.
ESTUDO
A Embrapa, por meio dos Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), divulgou o Catálogo de Fava  (Phaseolus lunatus L.) Conservada.
A publicação tem informações detalhadas sobre as espécies dos grãos encontrados nos biomas da Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Amazônia.
Na região da caatinga da Paraíba foram catalogadas pela instituição 14 tipos de fava cultivadas nas cidades de Campina Grande (tipo cearense), Juarez Távora (t. branca), Alagoa Grande (t. Pacatuba), Areia (t. olho verde), Esperança (t. moita), Alagoa Nova (t. cara larga), Matinhas (t. coquinho, eucalipto), Mogeiro (t. manteiga). Só no município de Queimadas são produzidos cinco tipos: galo de campina, preta, boca de moça, lavadeira e a orelha de vó.
CULINÁRIA
A fava é apreciada no mundo inteiro e destaca-se pelo seu sabor suave e amanteigado.
De acordo com os estudos da Embrapa, entre os nutrientes encontrados no grão, estão: proteínas, fibras, ácido fólico (vitamina B9) e antioxidantes.
Contém também zinco, potássio, manganês, fósforo, ferro, cobre e tiamina (vitamina B1). Além do Brasil, a semente é consumida na América Latina, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.
(De: O farolPB com Pauta Real)
 

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