A Justiça de São Paulo concedeu uma liminar nesta quarta-feira (02/10) suspendendo a decisão que mandou soltar uma quadrilha inteira presa em flagrante por extorsão na última sexta-feira (27/9) em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, após uma integrante do bando relatar ter sido vítima de tortura na delegacia.
Os criminosos foram soltos no sábado
(28/9).
Com a liminar, foram expedidos Mandados
de Prisão contra Angélica Cristielly Silva Galindo, Mateus Costa da Silva,
Laercio Duarte e Wagner Guilherme Monteiro Diogo.
Durante audiência de custódia, a
vendedora Angélica Cristielly Silva Galindo, de 30 anos, disse que foi
asfixiada por policiais civis da cidade com uma sacola plástica, colocada na
cabeça, e agredida com tapas no rosto e puxões de cabelo.
De acordo com o relato dela, a suposta
tortura foi praticada para que ela informasse aos policiais civis onde ficava o
cativeiro de um casal de empresários, vítimas de sequestro em São Paulo.
Aos prantos, Angélica relata que teria
sido asfixiada com uma sacola plástica, agredida com tapas no rosto, além de
ter os cabelos puxados pela equipe policial que trabalhava na noite de
sexta-feira.
Em nenhum momento, ela negou participação no crime de sequestro,
acrescentando não contar com histórico criminal, além de ser mãe de cinco
filhos.
Depois dela, a Justiça ouviu os outros
presos.
Angélica foi levada à Delegacia de
Itaquaquecetuba após ser flagrada, por policiais militares, com objetos
pessoais das vítimas, entre eles celulares de alto padrão, na zona leste da
capital paulista.
Ela estava acompanhada de Laércio
Duarte, 24 anos, foragido da Justiça e com passagens por roubo e extorsão
mediante sequestro.
Com ele havia comprovantes de transações bancárias e
maquininhas de cartão, usadas para a movimentação do dinheiro das vítimas.
Laércio
mentiu sobre sua identidade, sem sucesso.
Os outros dois suspeitos do crime,
Mateus Costa da Silva, 27, e Wagner Guilherme Monteiro Diogo, 46, foram presos
na casa de Wagner.
O imóvel em Itaquaquecetuba, a polícia
descobriu posteriormente, foi usado como cativeiro das vítimas.
O Ministério Público se manifestou
favorável à soltura de Angélica, por causa da suposta tortura, e solicitou que
Wagner Guilherme Monteiro Diogo, 46, Mateus Costa da Silva, 27, e Laércio
Duarte, 24, tivessem as prisões em flagrante convertidas para preventivas, ou
seja, por tempo indeterminado.
A Defensoria Pública, porém, se
posicionou para que todos respondessem às acusações em liberdade e a
recomendação foi acatada pelo juiz.
Somente Laércio foi encaminhado ao
sistema carcerário, mas por causa de um Mandado de Prisão relacionado a outro
crime pelo qual ele estava foragido.
O
CRIME...
Angélica, Wagner, Mateus e Laércio são
acusados pelo sequestro de um casal de empresários, um homem de 64 anos e uma
mulher de 60, no dia 27 de setembro.
Eles saíram de um restaurante por volta
das 15h quando foram arrebatados pelos bandidos.
A filha dos empresários afirmou, em
depoimento à Polícia Civil, que recebeu mensagens de três instituições
bancárias sobre tentativas de transações, com valores suspeitos, em um empório,
por volta das 20h10 de sexta-feira.
Ela notou que o cartão utilizado era o
que costuma deixar com a mãe.
Quando a filha começou a receber as
notificações dos bancos, a família foi até a delegacia pedir ajuda.
AS
PRISÕES...
Angélica e Laércio foram presos na
região do Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo.
Ambos estavam no carro da suspeita, no
qual a PM encontrou os celulares, documentos das vítimas, comprovantes de
transações, além dos cartões bancários dos empresários.
As vítimas foram libertadas pela
quadrilha, ainda em Itaquaquecetuba, e identificaram o cativeiro onde foram
mantidas, no qual foram detidos por policiais civis os outros dois criminosos,
reconhecidos pessoalmente pelo casal sequestrado.
“EXCELENTE
ATRIZ”
Para justificar a soltura da mulher, o
juiz afirmou ter considerado o relato dela “verossímil”, “a não ser que a senhora Angélica
seja uma excelente atriz”.
Mesmo sem nenhum laudo confirmando as
denúncias, o magistrado acrescentou que “o agente estatal não pode apurar um crime
cometendo outro”.
Além de soltar toda a quadrilha, a
Justiça ainda expediu uma medida protetiva na qual proíbe que toda a equipe de
policiais civis, que estavam na Delegacia de Itaquaquecetuba no momento do
flagrante, se aproxime de Angélica.
Os agentes precisam manter uma distância
mínima de 100 metros da suspeita.
Apesar da soltura do bando, o juiz
afirmou que o caso de sequestro é grave e que a investigação sobre crime
precisa continuar, não descartando a eventual prisão do trio que foi para as
ruas em liberdade condicional.
SSP
A Secretaria da Segurança Pública (SSP)
afirmou ao Metrópoles, por meio de
nota encaminhada neste domingo (29/9), que caso seja constatada “qualquer irregularidade” por parte dos
policiais civis denunciados por suposta tortura, as condutas serão “rigorosamente investigadas” pela
Corregedoria da instituição.
“A
Polícia Civil esclarece que a conduta mencionada não condiz com as práticas da
Instituição, que preza pela legalidade durante as ações de Polícia Judiciária.”
A pasta acrescentou que a vendedora e os
outros três suspeitos foram presos em flagrante por extorsão mediante
sequestro, associação criminosa, falsa identidade e captura de procurado (no
caso de Laércio).
O bando, disse ainda, foi encaminhado à
audiência de custódia com a solicitação de prisão preventiva “devidamente formalizada à Justiça”.
(Metrópoles)
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