Morreu na manhã desta quarta-feira (23/10),
na Suíça, o poeta e compositor Antônio Cícero.
O artista tinha 79 anos e era irmão da
cantora Marina Lima.
Cícero era diagnosticado com Alzheimer e
optou pela morte assistida.
O compositor deixou uma carta de
despedida e, no momento do procedimento, estava acompanhado do marido, o
figurinista Marcelo Pies.
Marina lamentou a morte do irmão nas
redes sociais.
Além de poeta, Antônio Cícero foi
crítico literário, filósofo e membro da Academia Brasileira de Letras.
Em entrevista ao Programa “Conversa com
Bial”, em 2018, Antônio Cícero contou que a carreira como escritor e letrista
ganhou destaque quando a irmã Marina Lima pegou um poema dele e colocou uma
música.
“Eu não sabia, mas assim que eu ouvi, eu
amei, adorei aquilo e nós começamos a inverter o processo, ela pegava a música
e eu botava a letra”, disse Cícero durante a entrevista a Pedro Bial.
Eternizadas na voz de Marina Lima,
Antônio Cícero escreveu as letras de “Fullgás”, “Pra Começar”, “A Chave do
Mundo”, “Transas de Amor (Os Sonhos de Quem Ama)”, “Tão Fácil”, “Maneira de
Ser”, “Memória Fora de Hora” e “À Francesa”.
O artista também colaborou com outros
cantores como: Adriana Calcanhoto, João Bosco, Orlando Morais e Lulu Santos, a
quem ajudou a escrever “O Último Romântico”.
“Foi a música que nos aproximou”,
disse Marina Lima sobre a amizade com o irmão Antônio Cícero em entrevista no
Programa Conversa com Bial, em 2018.
Confira a carta de despedida de Antônio
Cícero
Queridos amigos,
Encontro-me
na Suíça, prestes a praticar eutanásia.
O
que ocorre é que minha vida se tornou insuportável.
Estou
sofrendo de Alzheimer.
Assim,
não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado
remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem.
Exceto
os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que
encontro na rua e com as quais já convivi.
Não
consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.
Não
consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais
gostava no mundo.
Apesar
de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível
situação.
A
convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais
importante da minha vida.
Hoje,
do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.
Pois
bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide
se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.
Espero
ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.
Eu
os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!
(cdlfm.com.br)
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