sexta-feira, 25 de outubro de 2024

MORRE ANTÔNIO CÍCERO, COMPOSITOR DA MPB E IRMÃO DE MARINA LIMA

Morreu na manhã desta quarta-feira (23/10), na Suíça, o poeta e compositor Antônio Cícero.
O artista tinha 79 anos e era irmão da cantora Marina Lima.

Cícero era diagnosticado com Alzheimer e optou pela morte assistida.
O compositor deixou uma carta de despedida e, no momento do procedimento, estava acompanhado do marido, o figurinista Marcelo Pies.
Marina lamentou a morte do irmão nas redes sociais.
Além de poeta, Antônio Cícero foi crítico literário, filósofo e membro da Academia Brasileira de Letras.
Em entrevista ao Programa “Conversa com Bial”, em 2018, Antônio Cícero contou que a carreira como escritor e letrista ganhou destaque quando a irmã Marina Lima pegou um poema dele e colocou uma música.
Eu não sabia, mas assim que eu ouvi, eu amei, adorei aquilo e nós começamos a inverter o processo, ela pegava a música e eu botava a letra”, disse Cícero durante a entrevista a Pedro Bial.
Eternizadas na voz de Marina Lima, Antônio Cícero escreveu as letras de “Fullgás”, “Pra Começar”, “A Chave do Mundo”, “Transas de Amor (Os Sonhos de Quem Ama)”, “Tão Fácil”, “Maneira de Ser”, “Memória Fora de Hora” e “À Francesa”.
O artista também colaborou com outros cantores como: Adriana Calcanhoto, João Bosco, Orlando Morais e Lulu Santos, a quem ajudou a escrever “O Último Romântico”.
Foi a música que nos aproximou”, disse Marina Lima sobre a amizade com o irmão Antônio Cícero em entrevista no Programa Conversa com Bial, em 2018.
Confira a carta de despedida de Antônio Cícero
Queridos amigos,
Encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia.
O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável.
Estou sofrendo de Alzheimer.
Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem.
Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi.
Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.
Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo.
Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação.
A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais importante da minha vida.
Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.
Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.
Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.
Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!
(cdlfm.com.br)

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