A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB) decretou a prisão preventiva do médico pediatra Fernando Cunha Lima nesta terça-feira (05/11).
A decisão, por unanimidade, acatou um
recurso do Ministério Público da Paraíba (MPPB).
Também foram determinadas buscas e
apreensão em locais ligados ao médico, em computadores, celular, quebra do
sigilo telemático e em documentos do consultório do médico.
O desembargador Ricardo Vital, relator
do processo na Câmara Criminal do TJPB, justificou sua decisão pela prisão
preventiva afirmando que existe a necessidade de impedir possíveis novos
crimes.
Ele afirmou que os autos mostram que os
crimes imputados a Fernando Cunha Lima não são “fatos isolados”, e disse que a
idade do médico, que tem 81 anos, não é um impeditivo para a prisão.
"Essa questão da argumentação da
idade (do acusado) não pode e não deve (proceder). Tornar-se com o passar do
tempo mentalmente mais periculoso ainda. Os indícios até então catalogados dão
conta que o perfil comportamental do acusado não mudou. Isso é óbvio, dos mais
de 30 anos reportados nos depoimentos das vítimas com supostos fatos delituosos
praticados ainda recentemente, no mês de julho de 2024, pouco tempo antes do
pedido de prisão", disse o desembargador no voto.
O advogado Lucas Mendes, da defesa do
médico pediatra, informou que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ), pois entende que a prisão é desnecessária.
“Nós da defesa entendemos que a decisão é
equivocada, se insurgiremos contra ela e petraremos sem dúvida alguma com
habeas corpus no Tribunal de Justiça, e confiamos, inclusive, na concessão da
ordem para garantir a liberdade plena de Fernando Paredes Cunha Lima”,
explicou Lucas Mendes
Fernando Cunha Lima deve ir para uma
prisão especial.
AUDIÊNCIAS
DE INSTRUÇÃO
O primeiro dia da audiência de instrução
de Fernando Paredes Cunha Lima foi finalizado no início da tarde, em 29 de
outubro. Duas vítimas e sete testemunhas de acusação foram ouvidas durante a
manhã.
Foram ouvidas uma menina de 9 anos e
outra de 11 anos, vítimas do médico.
Antes da audiência de instrução, a mãe
de uma das crianças afirmou que a filha está sendo acompanhada por psicólogos e
que espera que o processo seja concluído em breve.
"Ela vai ser ouvida, ela faz parte
do caso e ela teve ciência do que aconteceu. Temos a esperança de que isso se
encerre hoje. Ela está sendo assistida por um psicólogo desde o ocorrido. Hoje,
a psicóloga dela também está aqui para tentar fazer esse acompanhamento, mesmo
que não na sala, mas recebeu ela aqui. É a forma que a gente tenta amenizar
essa situação, para que ela não se sinta tão acuada e para que não se torne
pior do que já está sendo”, afirmou a mãe.
Gabriella Cunha Lima, de 42 anos, é uma
das testemunhas de acusação.
Ela é sobrinha do médico e disse que
também foi vítima de abuso sexual em 1991, quando tinha 9 anos de idade.
Na época, não houve denúncia formal, mas
ela afirma que o fato ocasionou um rompimento familiar.
“Eu espero que a justiça seja feita, eu
espero que ele vá pra cadeia, que é isso que todo mundo espera. Quem é
criminoso tem que estar preso”, afirmou Gabriella Cunha Lima.
O segundo dia de audiência de instrução
do médico Fernando Cunha Lima encerrou por volta das 16h desta quarta-feira (30/10).
Foram ouvidas uma testemunha de acusação, a filha do médico, oito testemunhas
de defesa e o próprio médico, que segundo a defesa, participou da audiência
através de uma sala online por motivos de saúde.
O pediatra é acusado de estuprar
crianças dentro do próprio consultório, em João Pessoa.
A audiência foi realizada de forma
híbrida - online e presencialmente - na 4ª Vara Criminal, no Fórum Criminal da
capital.
O médico responde judicialmente pelo
estupro de seis crianças, mas o processo em análise envolve apenas quatro
delas.
De acordo com o advogado do médico,
Aécio Farias, ele nega todas as acusações.
O médico respondeu todas as perguntas
feitas pelo juiz e pela defesa, mas escolheu não responder às perguntas da
acusação.
Uma filha de Fernando Cunha Lima também
participou da audiência como declarante.
Por causa da relação próxima com o réu,
ela não foi considerada testemunha.
Também era aguardado o testemunho de um
assistente técnico que deveria comentar a perícia do caso.
Porém, o Ministério Público da Paraíba
pediu para indeferir o depoimento, devido ao excesso no número de testemunhas.
O juiz manteve o pedido e indeferiu o
depoimento, que não aconteceu.
MÉDICO
É RÉU POR ESTUPRO DE CRIANÇAS
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério
Público e tornou réu o pediatra Fernando Paredes Cunha Lima, acusado de abuso
sexual infantil, mas negou a prisão preventiva do médico, solicitada pela
polícia.
A decisão judicial foi divulgada no dia
26 de agosto.
De acordo com a decisão do juiz José Guedes
Cavalcanti Neto, a prisão preventiva de Fernando Cunha Lima não foi aprovada
porque as suspeitas levantadas contra ele se caracterizam como "indício
suficiente de autoria" e, por se tratarem de indícios, não contam como
provas concretas e aniquilam a representação por prisão preventiva.
"O primeiro pressuposto a ser
analisado diz respeito à prova da existência do crime. Pois bem. Indaga-se:
existe prova da existência do crime, o crime está realmente provado? Penso que
não. Só a instrução processual dirá se o crime está devidamente provado. Existe
acusação séria e depoimentos colhidos sem o crivo do contraditório. Considerar
que o crime está provado nesta fase seria uma temeridade", diz a
decisão do juiz.
Na época, o advogado de Fernando Cunha
Lima, Aécio Farias, disse que a decisão do juiz foi acertada.
"Não havia nem há qualquer razão
para se decretar a prisão preventiva contra um respeitabilíssimo médico, com
mais de 50 anos de atividade", declarou o advogado.
O médico pediatra investigado por
estuprar crianças, em João Pessoa, atendia a maioria das vítimas desde bebês e
tinha a confiança das famílias.
Fernando Paredes Cunha Lima é um
pediatra famoso na capital paraibana e tinha uma clínica particular no bairro de
Tambauzinho.
O Ministério Público pediu a condenação
do acusado por quatro crimes cometidos contra três crianças, uma vez que uma
das vítimas foi abusada duas vezes.
Porém, o número de vítimas foi
recalculado.
De acordo com informações da TV Cabo
Branco, o médico responde judicialmente por estupro contra seis crianças.
Em um primeiro processo, são quatro
vítimas, e em um segundo, há mais duas.
Em uma série de depoimentos dados à
Polícia Civil, as mães narram que os abusos aconteciam dentro do consultório,
com as vítimas em cima de uma maca, quando o médico obstruía a visão delas ou
fazia a ausculta do pulmão das crianças.
Duas sobrinhas também relataram ter
sofrido abusos de Fernando Cunha Lima quando eram crianças.
Porém, como o crime já prescreveu, elas
vão atuar como testemunhas no processo.
(Por g1 PB)
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