terça-feira, 17 de dezembro de 2024

20 FUNCIONÁRIOS SÃO DEMITIDOS APÓS PACIENTE MORRER NA ESPERA EM UPA

Agentes da 41ª DP (Tanque) estão investigando a morte do garçom José Augusto Mota Silva, de 32 anos, na sala de espera para atendimento da UPA da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (13/12).

Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, ele teve uma parada cardiorrespiratória.
Contudo, a causa da morte ainda não foi divulgada oficialmente.
O Instituto Médico Legal (IML) deve realizar a necrópsia no corpo da vítima nos próximos dias e informar o que causou a morte do garçom.
Durante o velório de José, no último domingo (15), em Mogi Guaçu (SP), cidade em que ele nasceu e onde a família mora, o pai dele disse que o filho chegou na UPA gritando de dor e pedindo atendimento, mas que ninguém o atendeu.
"Ele chegou lá gritando de dor, pedindo atendimento e ninguém atendeu. Foi ficando lá, sentado. Até que morreu com o pescoço tombado", disse o pai do garçom.
"Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado. Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma. É desumano", declarou emocionada a irmã Meiriane Mota Silva.
FUNCIONÁRIOS DEMITIDOS
Além da investigação da Polícia Civil, a Prefeitura do Rio também está investigando o que aconteceu na UPA para que o paciente não fosse atendido no local.
De acordo com o secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, a prefeitura está analisando todas as câmeras de segurança e prontuários clínicos para finalizar a investigação interna sobre o ocorrido.
Contudo, independente da conclusão das investigações, o secretário demitiu 20 profissionais de saúde que estavam no plantão da última sexta-feira na UPA da Cidade de Deus.
Segundo o secretário, as demissões já foram efetuadas porque todos da equipe de plantão são responsáveis pela atenção dos pacientes.
"A responsabilidade pela atenção dos pacientes, classificação de risco e fluxo dos pacientes é compartilhada por toda a equipe do plantão", disse Daniel Soranz.
DORES CONSTANTES...
De acordo com a sobrinha Emily Larissa Souza Mota, as idas de José à unidade de saúde eram frequentes.
Há alguns meses ele se queixava de dores no estômago, mas, até então, não havia encontrado solução.
Ele, inclusive, reclamava do atendimento recebido.
"A ex-companheira dele ligava pra gente chorando falando: 'eu não sei mais o que eu faço, eu levo ele todos os dias no UPA. Eles não dão moral para ele. São de três a cinco horas para atender naquele hospital. Eles atendem, dão injeção ou dipirona na veia e pronto, tá liberado'".
MORREU SENTADO...
Testemunhas disseram que José Augusto chegou se queixando de fortes dores na UPA da Cidade de Deus.
Imagens o mostram sentando, com a cabeça inclinada à esquerda.
Uma pessoa da UPA se aproxima dele, que não reage.
Em seguida, José é colocado na maca por um funcionário.
Em nota, a SMS afirmou que tudo aconteceu "muito rápido", que o paciente estava lúcido, e entrou andando na unidade.
No entanto, quando foi atendido o homem estava desacordado.
"Segundo relatos iniciais dos profissionais, tudo aconteceu muito rápido, o paciente estava lúcido e entrou andando na unidade, acompanhado por uma pessoa que informou não poder permanecer no local", diz um trecho da nota.
"Dados do sistema mostram que a classificação de risco foi feita às 20h30 e, poucos minutos depois, foi acionada a equipe médica devido ao paciente encontrar-se desacordado. Ele foi levado à Sala Vermelha para atendimento, mas infelizmente não resistiu e foi constatada a parada cardiorrespiratória. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal para apurar a causa do óbito".
EX-MORADOR DE RUA...
Filho de uma família humilde de Mogi Guaçu (SP), José Augusto deixou a cidade de origem para acompanhar uma empresa de construção civil, para a qual prestou serviços.
No Rio, José vivia do artesanato, fazia trabalhos como garçom e chegou a morar nas ruas de Copacabana, na Zona Sul do município.
Ainda segundo sua sobrinha, ele planejava passar o Natal deste ano no interior de São Paulo ao lado do pai, dos quatro irmãos e os sobrinhos.
José Augusto é o quinto filho de José Adão e estava no Rio havia 12 anos.
Para levar o corpo a Mogi Guaçu, os parentes fizeram uma vaquinha pela internet.
(g1)

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