As penas vão de 23 a 28 anos de prisão.
O caso repercutiu mundialmente.
A
Justiça condenou:
*William Noia, que abordou
Genivaldo desde o início da ocorrência e
segurou a porta da viatura após a
bomba de gás lacrimogêneo ter sido jogada no porta-malas, recebeu pena de 23
anos, um mês e 9 dias de reclusão;
*Kleber Freitas, que fez, por
cinco vezes, uso de spray de pimenta contra Genivaldo, recebeu pena de reclusão
23 anos, um mês e 9 dias de reclusão;
*Paulo Rodolpho, que chegou
após a abordagem já iniciada, jogou a bomba e segurou a porta, recebeu pena de
28 anos de reclusão.
Segundo a Justiça Federal, as penas de
William e Kleber foram agravadas pelo motivo fútil, pela asfixia e pelas
circunstâncias que impossibilitaram a defesa da vítima.
Além disso, foram considerados os fatos
de o crime ter sido cometido por agentes públicos e contra pessoa com
deficiência.
As defesas dos réus ainda podem recorrer
da decisão.
O trio era acusado por tortura e
homicídio triplamente qualificado. No entanto, o Júri Popular desclassificou o
crime de homicídio doloso para os réus William Noia e Kleber Freitas, que
passaram a responder por tortura seguida de morte e homicídio culposo - quando
não há intenção de matar.
Os dois foram sentenciados diretamente
pelo juiz federal Rafael Soares Souza, da 7ª Vara Federal em Sergipe.
Já Paulo Rodolpho, foi sentenciado pelo
Júri Popular que o absolveu pelo crime de tortura e o condenou pelo homicídio
triplamente qualificado.
Após a sentença, a irmã de Genivaldo,
Laura de Jesus Santos, falou que apesar da condenação o sentimento da família
não é de felicidade.
"Foi um resultado satisfatório,
embora a gente não fique feliz com a desgraça de ninguém. Acalma, mas
felicidade não traz”, disse.
Os ex-prfs estão presos desde 14 de
outubro de 2022, e foram demitidos da PRF após determinação do Ministro da
Justiça em agosto de 2023.
No final da manhã do dia 25 de maio de
2022, Genivaldo, que tinha esquizofrenia, foi parado por estar pilotando uma
motocicleta sem capacete.
A perícia feita pela Polícia Federal
durante as investigações concluiu que a vítima passou 11 minutos e 27 segundos
em meio a gases tóxicos, dentro de um lugar minúsculo e sem poder sair da
viatura estacionada.
Segundo alegação dos réus, ele teria
resistindo à abordagem.
O julgamento durou 12 dias e incluiu uma
vistoria na viatura em que Genivaldo foi colocado.
Durante mais de 100 horas, o júri,
composto por quatro homens e três mulheres, ouviu 28 testemunhas, incluindo
familiares da vítima, peritos e especialistas.
Foram
ouvidos:
*Wallysson de Jesus Santos, sobrinho da
vítima;
*Uma pessoa que presenciou a ação;
*A mãe de Genivaldo, Maria Vicente;
*A ex-esposa de Wallysson (com quem era
casado à época);
*Um químico especialista em gás,
ex-funcionário da empresa fabricante da granada de gás lacrimogêneo acionada
dentro da viatura da PRF;
*O corregedor regional da PRF, que atuou
na apuração das denúncias e no procedimento administrativo disciplinar
instaurado contra os réus;
*Uma irmã de Genivaldo;
*A viúva, Maria Fabiana;
*A médica que fez o atendimento de
Genivaldo quando ele foi levado ao hospital;
*Mais uma pessoa que presenciou a ação;
*Agricultor que passava pelo local;
*Um mecânico que presenciou o começo do
procedimento policial
*Um amigo de infância de Genivaldo, que
viu a situação a partir do momento em que ele estava imobilizado;
*Um policial rodoviário federal (defesa
- William Noia);
*Outro policial rodoviário federal
(defesa - William Noia);
*Mais um policial rodoviário federal
(defesa - Paulo Rodolpho);
*Médico cardiologista (defesa - Paulo
Rodolpho);
*Um PRF aposentado (defesa - Paulo
Rodolpho);
*Testemunha de defesa de Kleber
Nascimento;
*Tabelião de cartório e amigo que
trabalhou na PRF (defesa - Kleber Nascimento);
*Ex-diretor do IML à época;
*Perito que fez o exame toxicológico em
Genivaldo;
*Médico legista que fez a necropsia no
corpo de Genivaldo;
*Um perito da Polícia Federal;
*Uma perita da Polícia Federal;
*Farmacêutico toxicologista que falou
sobre a parte técnico-científica do processo (defesa - Paulo Rodolpho);
*Um assistente técnico, perito criminal
aposentado da PF (defesa - Kleber Nascimento);
*Psiquiatra forense (defesa de Paulo
Rodolpho).
Quem
era a vítimaGenivaldo de Jesus Santos tinha 38 anos
e era aposentado em virtude do diagnóstico de esquizofrenia.
Ele era casado com Maria Fabiana dos
Santos, com quem tinha um filho de sete anos e um enteado de 18.
De uma família de 11 irmãos, ele é
lembrado como uma pessoa de personalidade tranquila, bom pai e muito prestativo
com as pessoas próximas.
Em setembro de 2023, a Justiça Federal
em Sergipe determinou que a União pague uma indenização por danos morais no
valor de “1 milhão de reais” para o filho de Genivaldo.
Além de pagamento de indenização de “405
mil reais” para a mãe da vítima.
Abordagem
foi gravada
Nas imagens da abordagem, gravadas por
testemunhas, a perícia observou que o policial William de Barros Noia aparece
pedindo para que Genivaldo colocasse as mãos na cabeça.
Genivaldo obedece, mas mesmo assim,
recebe um jato de spray de pimenta no rosto.
Segundo os peritos, o policial Kleber
Nascimento Freitas jogou spray de pimenta pelo menos cinco vezes em Genivaldo,
que alegou que não estava fazendo nada.
A ação continuou no chão, quando
policiais pressionaram o pescoço e o peito de Genivaldo com os joelhos.
Após Genivaldo ser colocado no
porta-malas da viatura, o policial Paulo Rodolpho Lima Nascimento jogou uma
granada de gás lacrimogêneo no compartimento.
Paulo Rodolpho e William seguraram a
porta, impedindo que a fumaça se dissipasse mais rapidamente.
A perícia feita pela Polícia Federal
durante as investigações concluiu que a vítima passou 11 minutos e 27 segundos
em meio a gases tóxicos, dentro de um lugar minúsculo e sem poder sair da
viatura estacionada.
Com a detonação do gás lacrimogêneo,
houve a liberação de gases tóxicos, como monóxido de carbono e ácido
sulfídrico.
Os peritos atestaram que a concentração
de monóxido de carbono foi pequena, mas a de ácido sulfídrico foi bem maior, e
pode ter causado convulsões e incapacidade de respirar.
Segundo a perícia, o esforço físico
intenso e o estresse da abordagem aceleraram a respiração de Genivaldo, e isso
pode ter potencializado ainda mais os efeitos tóxicos dos gases.
A perícia constatou que os gases
causaram um colapso nos pulmões.
(Do g1 SE)
Fotos/montagem g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.