quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

'NOITE FELIZ': A HISTÓRIA DA MÚSICA DE NATAL QUE TEM MAIS DE 200 ANOS

De origem no século XIX, “Noite Feliz” circula mundialmente há muito tempo.
Em 2011, “Noite Feliz” foi considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Em toda a história, já foi gravada mais de 137 mil vezes, segundo levantamento da revista americana Billboard.
É inegável a onipresença de “Noite Feliz” na atmosfera natalina, seja no Brasil ou noutros países.
Mas, afinal, quando e como surgiu esse hit global?
'Noite Feliz' foi composta após 'ano sem verão' na Áustria.
Joseph Mohr (1792–1848), um padre e escritor austríaco, escreveu um poema em 1816 e, dois anos depois, solicitou que o amigo organista Franz Xaver Gruber (1787–1863) compusesse uma melodia para as letras.
O resultado da colaboração foi “Stille Nacht, heilige Nacht”.
Em 24 de dezembro de 1818, noite da composição da música (e também véspera de Natal), a dupla executou a produção pela primeira vez na igreja de São Nicolau em Oberndorf bei Salzburg, pequena cidade na Áustria.
Apesar de, na tradução brasileira, a canção ter recebido o adjetivo “feliz”, sua origem não é tão positiva.
A criação veio em meio à fome e à miséria causadas pelas Guerras Napoleônicas em Salzburgo.
Em 1816, ano em que Mohr escreveu o poema original, temperaturas baixas atingiram a região austríaca, o que destruiu plantações e prejudicou a vida de milhares.
O ano ficou conhecido como o “Ano Sem Verão”.
Foi também o ano em que Salzburgo perdeu independência e foi anexado à Áustria.
As palavras deste cântico foram escritas nestas circunstâncias. Elas expressam uma ânsia por redenção e paz”, explicou à BBC News Brasil o historiador austríaco Peter Husty.
Ele foi curador da exposição “Noite Feliz 200 - A História. A Mensagem. O Presente”, no Museu de Salzburgo.
'Noite Feliz': como se espalhou pelo mundo?
Apesar do intricado contexto de origem da música, “Stille Nacht, heilige Nacht” rapidamente se espalhou nas redondezas austríacas.
Com o tempo, chegou a outros países, como Alemanha e Estados Unidos.
O Cristianismo levou essa música para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela virou acessível em muitas línguas e dialetos, tonando-se global”, explicou Thomas Hochradner à BBC News Brasil.
Ele foi o idealizador da exposição sobre a música no Museu de Salzburgo.
O alastramento de “Stille Nacht, heilige Nacht” pelo globo gerou diversas traduções e, em alguns casos, adaptações.
Como dito, há “feliz” na tradução em português, embora o original seja “noite silenciosa”.
Os versos “Ó Senhor, Deus de amor / Pobrezinho nasceu em Belém”, na versão nacional, são claras adaptações.
As chamadas traduções são novas poesias que tentam manter a mensagem do texto, mas precisam levar em conta o ritmo e as rimas (da língua)”, comentou Thomas Hochradner.
Entre adaptações, 'Noite Feliz' recebeu até versão nazista
No geral, as adaptações de “Stille Nacht, heilige Nacht” tendem a seguir a abordagem original: tratar o Natal como uma festa de paz e redenção.
Porém, um dos casos foi levado para o sentido oposto.
É o caso da versão propagada na Alemanha nazista, durante o regime de Adolf Hitler (1889–1945).
A adaptação removeu menções a Jesus Cristo porque, obviamente, o líder ditador odiava a população judia.
A maior parte do contexto religioso foi transformado em louvores à ditadura nazista e à figura de Hitler.
Conforme a BBC News Brasil, a letra da versão nazista dizia: “Tudo é calmo, tudo é esplendido / Apenas o Chanceler fica em guarda / O futuro da Alemanha para vigiar e proteger / Guiando nossa nação certamente”.
De 1818 para hoje, “Stille Nacht, heilige Nacht” recebeu não só adaptações, mas diferentes interpretações, por diferentes artistas. 
Nomes como Sinead O’Connor, Elvis Presley e Kelly Clarkson já fizeram covers da versão americana.
No Brasil, covers de “Noite Feliz” já integraram álbuns (natalinos ou não) de Xuxa, Simone, Victor & Léo, Chitãozinho & Xororó e Roupa Nova, entre outros.           
(O Povo - Mateus Brisa)

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