De origem no século XIX, “Noite Feliz” circula mundialmente há muito tempo.
Em 2011, “Noite Feliz” foi considerada
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Em toda a história, já foi gravada mais de
137 mil vezes, segundo levantamento da revista americana Billboard.
É inegável a onipresença de “Noite Feliz”
na atmosfera natalina, seja no Brasil ou noutros países.
Mas, afinal, quando e como surgiu
esse hit global?
'Noite Feliz' foi composta após
'ano sem verão' na Áustria.
Joseph Mohr (1792–1848), um padre e
escritor austríaco, escreveu um poema em 1816 e, dois anos depois, solicitou
que o amigo organista Franz Xaver Gruber (1787–1863) compusesse uma melodia
para as letras.
O resultado da colaboração foi “Stille
Nacht, heilige Nacht”.
Em 24 de dezembro de 1818, noite da
composição da música (e também véspera de Natal), a dupla executou a produção
pela primeira vez na igreja de São Nicolau em Oberndorf bei Salzburg, pequena
cidade na Áustria.
Apesar de, na tradução brasileira, a
canção ter recebido o adjetivo “feliz”, sua origem não é tão positiva.
A criação veio em meio à fome e à miséria
causadas pelas Guerras Napoleônicas em Salzburgo.
Em 1816, ano em que Mohr escreveu o poema
original, temperaturas baixas atingiram a região austríaca, o que destruiu
plantações e prejudicou a vida de milhares.
O ano ficou conhecido como o “Ano Sem
Verão”.
Foi também o ano em que Salzburgo perdeu
independência e foi anexado à Áustria.
“As palavras deste cântico foram
escritas nestas circunstâncias. Elas expressam uma ânsia por redenção e paz”,
explicou à BBC News Brasil o historiador austríaco Peter Husty.
Ele foi curador da exposição “Noite
Feliz 200 - A História. A Mensagem. O Presente”, no Museu de Salzburgo.
'Noite Feliz': como se espalhou
pelo mundo?
Apesar do intricado contexto de origem da
música, “Stille Nacht, heilige Nacht” rapidamente se espalhou nas redondezas
austríacas.
Com o tempo, chegou a outros países, como
Alemanha e Estados Unidos.
“O Cristianismo levou essa música
para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela virou acessível
em muitas línguas e dialetos, tonando-se global”, explicou Thomas
Hochradner à BBC News Brasil.
Ele foi o idealizador da exposição sobre a
música no Museu de Salzburgo.
O alastramento de “Stille Nacht, heilige
Nacht” pelo globo gerou diversas traduções e, em alguns casos, adaptações.
Como dito, há “feliz” na tradução em
português, embora o original seja “noite silenciosa”.
Os versos “Ó Senhor, Deus de amor /
Pobrezinho nasceu em Belém”, na versão nacional, são claras adaptações.
“As chamadas traduções são novas
poesias que tentam manter a mensagem do texto, mas precisam levar em conta o
ritmo e as rimas (da língua)”, comentou Thomas Hochradner.
Entre adaptações, 'Noite Feliz'
recebeu até versão nazista
No geral, as adaptações de “Stille Nacht,
heilige Nacht” tendem a seguir a abordagem original: tratar o Natal como uma
festa de paz e redenção.
Porém, um dos casos foi levado para o
sentido oposto.
É o caso da versão propagada na Alemanha
nazista, durante o regime de Adolf Hitler (1889–1945).
A adaptação removeu menções a Jesus Cristo
porque, obviamente, o líder ditador odiava a população judia.
A maior parte do contexto religioso foi
transformado em louvores à ditadura nazista e à figura de Hitler.
Conforme a BBC News Brasil, a letra da
versão nazista dizia: “Tudo é calmo, tudo é esplendido / Apenas o
Chanceler fica em guarda / O futuro da Alemanha para vigiar e proteger /
Guiando nossa nação certamente”.
De 1818 para hoje, “Stille Nacht, heilige
Nacht” recebeu não só adaptações, mas diferentes interpretações, por diferentes
artistas.
Nomes como Sinead O’Connor, Elvis Presley e Kelly Clarkson já fizeram
covers da versão americana.
No Brasil, covers de “Noite Feliz” já
integraram álbuns (natalinos ou não) de Xuxa, Simone, Victor & Léo,
Chitãozinho & Xororó e Roupa Nova, entre outros.
(O Povo - Mateus Brisa)
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