quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

4 MORTOS: FAMÍLIA ENVENENADA COM BAIÃO DE DOIS; PADRASTO PRESO DIZ TER NOJO E RAIVA DA ENTEADA, MAS NEGA CRIME À POLÍCIA

Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso na manhã desta quarta-feira (08/01) suspeito de envenenar o “Baião de Dois” consumido por ele e mais oito pessoas de sua família no dia 1º de janeiro, em Parnaíba, no Litoral do Piauí. 

Ele também tinha sido hospitalizado, mas já recebeu alta.
Quatro pessoas morreram:
Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco)
Francisca Maria da Silva, de 32 anos (enteada de Francisca)
Criança de 1 ano (filho de Francisca)
Criança de 3 anos (filha de Francisca)
Outra filha de Francisca, de 4 anos, continua internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
O caso é investigado como homicídio.
Ao chegar à delegacia após ser preso, Francisco foi abordado por jornalistas e disse estar “contando com a justiça de Deus”. 
Perguntado sobre qual produto usou na comida, respondeu: “Eu não sei, a polícia foi lá. Não tenho nada a dizer, não. A polícia vai saber”.
Ele também falou para perguntarem à polícia quando o questionarem sobre o motivo do crime.
Francisco de Assis Pereira da Costa relatou que tinha nojo e raiva da enteada, Francisca Maria da Silva, mas negou o crime em depoimento à polícia.
A informação foi divulgada em coletiva de imprensa, na manhã desta quarta-feira (8), em Parnaíba, no Litoral do Piauí.
Sobre os depoimentos do suspeito, a polícia destacou a forma como ele se referia aos enteados, principalmente a Francisca Maria e aos filhos dela, dos quais dois morreram e uma permanece hospitalizada.
"Ele revelou, bem como as enteadas, que o relacionamento entre eles era conturbado, para dizer o mínimo. Ele não falava com nenhum dos filhos da esposa e tinha um sentimento de ódio específico em relação à Francisca Maria, mãe das crianças", informou o delegado Abimael Silva.
"Esse sentimento de ódio era tão grande que mesmo com ela no leito da morte, ele não conseguia esconder isso no depoimento dele. Ele disse que quando olhava para ela sentia nojo e raiva. Isso são palavras dele no depoimento dele", completou o delegado.
Ainda segundo o delegado, ele sentia desprezo pelos filhos de Francisca Maria.
"Chamava-os de 'primatas', pessoas não higiênicas, pessoas que ele não queria conviver, mas suportava", afirmou o delegado.
"Ele chegou a falar para a esposa: 'essa tua filha não procura um homem que trabalhe, só procura vagabundo', e manifestou várias vezes o desejo de que ela saísse de casa. Ele disse que uma vez ela alugou uma casa, onde foi morar com os filhos, e isso deu um pouco de 'alívio'", disse Abimael Silva.
Contudo, o delegado Williams Pinheiro afirmou que a investigação ainda está em andamento.
"Não estamos dizendo que ele é o culpado, que ele cometeu o crime. É provável que ele seja, mas não se deve antecipar o julgamento", pontuou.
O baião de dois (arroz com feijão) foi envenenado com terbufós, segundo o Instituto de Medicina Legal (IML).
Esse produto químico é altamente tóxico, usado em pesticidas e na composição do chumbinho.
A venda dele é proibida no Brasil.
Ao ser consumido por humanos, o terbufós ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos.
Ele causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas.
Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao veneno e podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
Veja, abaixo, quem ingeriu o alimento:
Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) - morto;
Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) - morto;
Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) - morta;
Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) - morta;
Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) - internada em Teresina;
Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos (padrasto de Manoel e Francisca; preso como suspeito) - recebeu alta;
Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) - recebeu alta;
Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha) - recebeu alta;
Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) - recebeu alta.
Em agosto, dois meninos da mesma família, de 7 e 8 anos de idade, morreram depois de comerem cajus também envenenados. 
A polícia, no entanto, não vê relação com o envenenamento da última semana.
Uma vizinha que tinha dado o caju para as crianças está presa por homicídio duplamente qualificado.
VENENO UTILIZADO
O veneno utilizado, segundo o Instituto de Medicina Legal (IML), foi o terbufós, produto químico altamente tóxico, usado em pesticidas e na composição do chumbinho.
A venda dele é proibida no Brasil.
Ao ser consumido por humanos, o terbufós ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos.
Ele causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas.
Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao veneno e podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
COMO FOI A REFEIÇÃO EM FAMÍLIA
O baião de dois tinha sido preparado pela própria família em 31 de dezembro, dia anterior às internações.
Segundo o médico Antônio Nunes, diretor do IML, o veneno foi colocado em grande quantidade na comida.
"Estava em todo o arroz, em grânulos visíveis", comentou o médico.
A família também comeu um peixe que tinha sido doado na noite anterior.
Inicialmente, houve uma suspeita de que ele pudesse estar estragado ou envenenado, mas a perícia afastou esta hipótese.
O casal que deu o peixe à família não é considerado suspeito pela polícia.
No dia 31 de dezembro de 2024, noite de réveillon, a família preparou uma ceia para comemorar a virada: carne, feijão tropeiro e baião de dois. 
Todos comeram e ninguém passou mal.
No dia seguinte, 1º de janeiro, eles comeram o que tinha sobrado junto com o peixe que tinha sido doado. 
Poucos minutos depois, começaram a sentir os efeitos do envenenamento.
Segundo o delegado, o veneno foi colocado no arroz no dia 1° de janeiro, porque a família comeu o mesmo prato, da mesma panela, na noite de réveillon.
"No dia 31, a família fez o baião de dois e consumiu, mas ninguém passou mal. Só depois do meio dia do dia 1º começaram a sentir os efeitos", comentou o delegado.
(g1 PI)

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