domingo, 16 de fevereiro de 2025

JORNALISTA É MORTA A FACADAS E EX-NOIVO É PRESO EM FLAGRANTE

*Jornalista e ex-noivo (acusado de assassinato) deram entrada em pedido de casamento duas semanas antes de feminicídio;
*Acusado é músico e se mostrava “reflexivo e poético”;
*equipe do Ministério das Mulheres vai acompanhar apuração de feminicídio

A jornalista e servidora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Vanessa Ricarte, morreu na noite do dia 12 de fevereiro, após ser esfaqueada em casa pelo ex-noivo, Caio Nascimento.
A vítima fugiu de um cárcere privado para ir até Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e registrar boletim contra o ex-companheiro.
Ela foi esfaqueada horas depois, na tarde de quarta-feira (12). Caio foi preso em flagrante pela Brigada Militar.
Caio Nascimento tem extensa ficha criminal, conforme aponta documento do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
O suspeito está envolvido em 13 processos de violência doméstica contra mulher.
Vanessa é a segunda vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano.
EQUIPE DO MINISTÉRIO DAS MULHERES VAI ACOMPANHAR APURAÇÃO DE FEMINICÍDIO
Uma equipe do Ministério das Mulheres vai acompanhar em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a apuração de um caso de feminicídio.
Neste sábado (15), colegas de profissão fizeram uma homenagem à jornalista e reivindicaram melhorias no combate à violência contra a mulher.
A família acusa a polícia de não ter feito o atendimento adequado e pede a condenação de Caio Nascimento, que está preso preventivamente.
Pouco antes de ser assassinada, Vanessa enviou áudios a uma amiga, questionando a forma como tinha sido atendida na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.
"Eu fui falar com a delegada, tentar explicar toda a situação. O jeito que ela me tratou foi bem prolixo, sabe? Bem fria, seca. E ela toda hora me cortava. Eu falei assim: não, eu queria entender quem que é essa pessoa, ver o histórico dela. Ela pegou e falou para mim que não podia passar o histórico dele, mas que eu já sabia, porque ele mesmo tinha falado de agressões. Eu não posso te passar isso aí, é sigiloso... Sigilo. Assim, parece que tudo protege o cara, né? O agressor", conta Vanessa em áudio.
A jornalista afirma que chegou a ser orientada a voltar pra casa em que morava com o ex-noivo, mesmo depois de registrar um boletim de ocorrência contra ele.
"Eu falei, mas eu preciso ir para minha casa, preciso tomar banho, faz dois dias que eu não tomo banho, que eu não troco de roupa. Aí ela: então vai para sua casa. Você já avisou ele? Manda uma mensagem falando para ele deixar a casa. Então, assim, eles não entendem, né, a dimensão do negócio", diz.
Depois da divulgação dos áudios da jornalista, a Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul afirmou que "a polícia ofereceu todas as orientações e medidas existentes para a tutela da segurança e a vida da vítima. Que seguiu o protocolo operacional, inclusive, com a orientação de não voltar para casa e permanecer no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, sugestão que não foi aceita pela vítima e não pode ser coercitiva".
O governo de Mato Grosso do Sul disse que a Corregedoria da Polícia Civil está investigando o atendimento.
E que é preciso identificar erros e planejar mudanças para pôr fim à morte de mulheres.
Uma equipe do Ministério das Mulheres chegou ainda neste sábado (15) a Campo Grande para acompanhar as investigações. A nota do ministério afirma que Vanessa não poderia ter voltado para casa "sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira."
Vanessa foi sepultada na sexta-feira (14), em Três Lagoas, cidade onde nasceu.
"Eu quero justiça sobre esse caso, que não fique sepultado como ela está lá agora", diz Agmar Jacinto Ricarte, pai de Vanessa.
QUEM É O ASSASSINO...

Pianista, arranjador e produtor: Caio Cesar Nascimento Pereira, de 47 anos, foi preso em flagrante pela pela morte da jornalista e ex-noiva Vanessa Ricarte, 42 anos, na madrugada desta quinta-feira (13), em Campo Grande (MS).
Natural de Campo Grande (MS), o músico chegou a sair do estado, mas atualmente morava com a vítima na capital.
Com uma ficha criminal extensa, Caio possui 13 processos de violência doméstica contra a mulher, que se iniciaram em 2020, e continuaram ao longo dos anos com outras mulheres.
Veja abaixo os processos:
13 processos registrados em varas de violência doméstica e familiar contra a mulher, em Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2020 e 2024;
1 processo criminal por roubo no centro de Campo Grande em junho de 2024;
1 crime de trânsito em 2012;
1 crime de difamação em 2024.
Entre os 13 processos, sete são pedidos de medida protetiva, como o feito pela vítima, Vanessa Ricarte, horas antes de ser morta.
Nas redes sociais, Caio se apresenta aos cerca de 2 mil seguidores com a frase "do piano ao estúdio, criando trilhas para a alma". 
Suas publicações mostram um homem "reflexivo e poético".
(Do g1)

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