*Jornalista e ex-noivo (acusado de
assassinato) deram entrada em pedido de casamento duas semanas antes de
feminicídio;
*Acusado é músico e se mostrava “reflexivo
e poético”;
*equipe do Ministério das Mulheres
vai acompanhar apuração de feminicídio
A jornalista e servidora do Ministério
Público do Trabalho (MPT), Vanessa Ricarte, morreu na noite do dia 12 de
fevereiro, após ser esfaqueada em casa pelo ex-noivo, Caio Nascimento.
A vítima fugiu de um cárcere privado para
ir até Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e registrar
boletim contra o ex-companheiro.
Ela foi esfaqueada horas depois, na tarde
de quarta-feira (12). Caio foi preso em flagrante pela Brigada Militar.
Caio Nascimento tem extensa ficha
criminal, conforme aponta documento do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do
Sul.
O suspeito está envolvido em 13 processos
de violência doméstica contra mulher.
Vanessa é a segunda vítima de feminicídio
em Mato Grosso do Sul neste ano.
EQUIPE DO MINISTÉRIO DAS MULHERES
VAI ACOMPANHAR APURAÇÃO DE FEMINICÍDIO
Uma equipe do Ministério das Mulheres vai
acompanhar em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a apuração de um caso de
feminicídio.
Neste sábado (15), colegas de profissão
fizeram uma homenagem à jornalista e reivindicaram melhorias no combate à
violência contra a mulher.
A família acusa a polícia de não ter feito
o atendimento adequado e pede a condenação de Caio Nascimento, que está preso
preventivamente.
Pouco antes de ser assassinada, Vanessa
enviou áudios a uma amiga, questionando a forma como tinha sido atendida na
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.
"Eu fui falar com a delegada,
tentar explicar toda a situação. O jeito que ela me tratou foi bem prolixo,
sabe? Bem fria, seca. E ela toda hora me cortava. Eu falei assim: não, eu
queria entender quem que é essa pessoa, ver o histórico dela. Ela pegou e falou
para mim que não podia passar o histórico dele, mas que eu já sabia, porque ele
mesmo tinha falado de agressões. Eu não posso te passar isso aí, é sigiloso...
Sigilo. Assim, parece que tudo protege o cara, né? O agressor",
conta Vanessa em áudio.
A jornalista afirma que chegou a ser
orientada a voltar pra casa em que morava com o ex-noivo, mesmo depois de
registrar um boletim de ocorrência contra ele.
"Eu falei, mas eu preciso ir
para minha casa, preciso tomar banho, faz dois dias que eu não tomo banho, que
eu não troco de roupa. Aí ela: então vai para sua casa. Você já avisou ele?
Manda uma mensagem falando para ele deixar a casa. Então, assim, eles não
entendem, né, a dimensão do negócio", diz.
Depois da divulgação dos áudios da
jornalista, a Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul afirmou
que "a polícia ofereceu todas as orientações e medidas existentes para
a tutela da segurança e a vida da vítima. Que seguiu o protocolo operacional,
inclusive, com a orientação de não voltar para casa e permanecer no alojamento
da Casa da Mulher Brasileira, sugestão que não foi aceita pela vítima e não
pode ser coercitiva".
O governo de Mato Grosso do Sul disse que
a Corregedoria da Polícia Civil está investigando o atendimento.
E que é preciso identificar erros e
planejar mudanças para pôr fim à morte de mulheres.
Uma equipe do Ministério das Mulheres chegou
ainda neste sábado (15) a Campo Grande para acompanhar as investigações. A nota
do ministério afirma que Vanessa não poderia ter voltado para casa "sem
a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de
risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na
Casa da Mulher Brasileira."
Vanessa foi sepultada na sexta-feira (14),
em Três Lagoas, cidade onde nasceu.
"Eu quero justiça sobre esse
caso, que não fique sepultado como ela está lá agora", diz Agmar
Jacinto Ricarte, pai de Vanessa.
QUEM É O ASSASSINO...Pianista, arranjador e produtor: Caio
Cesar Nascimento Pereira, de 47 anos, foi preso em flagrante pela pela morte da
jornalista e ex-noiva Vanessa Ricarte, 42 anos, na madrugada desta quinta-feira
(13), em Campo Grande (MS).
Natural de Campo Grande (MS), o músico
chegou a sair do estado, mas atualmente morava com a vítima na capital.
Com uma ficha criminal extensa, Caio
possui 13 processos de violência doméstica contra a mulher, que se iniciaram em
2020, e continuaram ao longo dos anos com outras mulheres.
Veja abaixo os processos:13 processos registrados em varas de violência doméstica e familiar contra a mulher, em Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2020 e 2024;
1 processo criminal por roubo no centro de Campo Grande em junho de 2024;
1 crime de trânsito em 2012;
1 crime de difamação em 2024.
Entre os 13 processos, sete são pedidos de medida protetiva, como o feito pela vítima, Vanessa Ricarte, horas antes de ser morta.
Nas redes sociais, Caio se apresenta aos cerca de 2 mil seguidores com a frase "do piano ao estúdio, criando trilhas para a alma".
Suas publicações mostram um homem
"reflexivo e poético".
(Do g1)
(Do g1)
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