*Veja o que disseram a secretaria de saúde de Campina Grande e o Hospital Help
Repercute a denúncia do
chanceler Dalton Gadelha, presidente da Fundação Pedro Américo, de que secretaria
de saúde de Campina Grande estaria devendo 33 milhões de reais ao Hospital
HELP.
A denúncia em tom de desabafo aconteceu na
rádio Correio na tarde da terça (18/03).
Ontem (19) o secretário de saúde, Dunga
Júnior, esclareceu que essa dívida não passava de 700 mil reais.
O QUE DISSE A SECRETARIA DE SAÚDE DE CAMPINA GRANDE...
O secretário de Saúde de Campina
Grande, Carlos Dunga Júnior informou que o Fundo Municipal de Saúde pagou mais
de “44 milhões de reais” ao hospital HELP (Hospital Escola e Laboratórios de
Pesquisa) no ano de 2024, referentes a emendas parlamentares e realização de
procedimentos pelo SUS.
De acordo com ele, outras rubricas
foram repassadas por meio de acordo judicial, restando apenas “700 mil reais” a
serem pagos à instituição, diferentemente do valor apresentado de “33 milhões
de reais”, que fora divulgado.
Dunga explicou que o HELP atua por
meio da Fundação Pedro Américo, e funciona como Rede Complementar do SUS,
podendo receber recursos de emendas parlamentares e de produção hospitalar, ou
seja, dos procedimentos executados pelo SUS.
Para o recebimento dos valores, é
necessário apresentar planos de ação, no caso das emendas parlamentares. No
caso da produção hospitalar, os recursos somente são recebidos até dois meses
após o processamento, o que é uma praxe nos serviços executados pela Rede
Complementar, uma vez que este é o intervalo necessário para que o Ministério
da Saúde realize o pagamento.
O QUE DISSE O HELP, REBATENDO...A Fundação Pedro Américo, entidade
filantrópica, estabelecida na cidade de Campina Grande-PB, mas com atendimento
em todo Estado da Paraíba, vem a público esclarecer os seguintes fatos:
Por ter o Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social na Área de Saúde (CEBAS), atende, por meio do
Sistema Único de Saúde (SUS) em suas diversas unidades, há quase duas décadas.
Em razão dessa característica, a
entidade tem direito de receber recursos públicos de vários órgãos e
ministérios, como toda e qualquer instituição filantrópica, a exemplo do
Hospital da FAP, do Hospital Napoleão Laureano e do Hospital Português.
Nos últimos anos, foi contemplada
com recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS), solicitados pela própria
Secretaria de Saúde, especificamente para o Hospital de Ensino e Laboratórios
de Pesquisa (HELP), com vistas ao custeio das atividades necessárias ao
atendimento de pacientes do SUS e daqueles atendidos por filantropia.
Após a informação concedida em
recente entrevista pelo presidente da Fundação Pedro Américo Dalton Gadelha
sobre a dívida que a Secretaria de Saúde de Campina Grande-PB tem com o HELP,
decorrente da falta de repasse de recursos carimbados, o Secretário de Saúde se
manifestou e, de forma surpreendente, negou o débito.
Do montante recebido pelo Fundo
Municipal de Saúde (FMS), na época da notícia de fato instaurada perante os
Ministérios Públicos Estadual e Federal, que tramitam nos aludidos órgãos sob
nº 001.2025.001942 e 1.24.001.000015/2025-37, respectivamente, remanescia ainda
R$ 33.181.000,00 (trinta e três milhões cento e oitenta e um mil reais)
devidamente carimbados em favor do HELP e não repassados.
Estranha-se a negativa, pois, na
própria notícia de fato instaurada perante o Ministério Público, de fácil
acesso a qualquer pessoa, a assessoria jurídica do eminente secretário, por
meio do Ofício nº 040/2025/SMS/PMCG, de 21 de fevereiro de 2025, assume
expressamente o débito e justifica o não pagamento em suposta falta de
apresentação de planos de trabalho e outros procedimentos burocráticos.
Apesar disso, em recente resposta
no âmbito do processo existente no MP, o HELP apresenta farta documentação que
demonstra a apresentação de todos os planos de trabalho e demais documentos
solicitados pela prefeitura, de modo a não restar qualquer desculpa ao ente
municipal.
Tanto é verdade que dos R$
33.181.000,00 (trinta e três milhões cento e oitenta e um mil reais) cobrados,
após a instauração do caso no órgão ministerial, a Secretaria de Saúde fez
repasse de R$ 1.000.000,00 no dia 14 de fevereiro de 2025 e, após a entrevista
concedida no dia 18 de março e de grande repercussão na mídia, quitou R$
1.373.228,48 no dia 19 de março:
As evidências da contradição que
caracteriza as palavras do gestor de saúde local são irrefutáveis, tudo dentro
das notícias de fato já mencionadas.
São ofícios por ele mesmo assinados
com solicitação expressa à Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados em relação
aos valores cobrados, com destinação específica para o HELP; os pagamentos
feitos ao fundo municipal nos exatos valores solicitados; os contratos
assinados; e os planos de trabalho aceitos também por ele mesmo.
A título exemplificativo, segue
abaixo e também anexo à presente nota, o Ofício nº 102/2024/PMCG/SMS-GS em que
o Secretário de Saúde pede ao presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos
Deputados:
Em virtude disso, ratifica que
deixa a situação nas mãos do Ministério Público para que a desídia do órgão
municipal não gere mais prejuízos aos usuários do SUS que precisam dos serviços
do nosso hospital, das outras entidades filantrópicas e das demais unidades
públicas.
Depois disso, salvo os valores de
R$ 1.000.000,00 e R$ 1.373.228,48, nada mais foi pago e pode ser facilmente
rastreado em pesquisa nas movimentações das contas bancárias do fundo
municipal.
Preferimos crer que a manifestação
contraditória do secretário reflete muito mais uma falta de conhecimento, de
comunicação com seus próprios servidores e uma total desorganização da pasta
que comanda do que propriamente a má fé que, de forma aparente, também não se
descarta.
É que como o gestor do Fundo
Municipal de Saúde de Campina Grande afirma dever R$ 700.000,00 sem apresentar
qualquer comprovação idônea e, após grande repercussão na mídia da entrevista
concedida à rádio Correio FM pelo presidente do HELP, de forma apressada, paga
R$ 1.373.228,48??!
O valor a que fez referência o
Secretário de Saúde refere-se a repasse de outros recursos anteriores ao
protocolo da notícia de fato, quantia que não é objeto da dívida em discussão e
que se trata de recursos efetivamente devidos ao hospital por serviços
prestados à população carente de Campina Grande, logo uma obrigação do gestor
local.
O montante referido pelo
secretário, embora vultoso, não chega à metade do custo do hospital que é de R$
7.000.000,00 mensais para atender cerca de 90% (noventa por cento) de usuários
do Sistema Único de Saúde (SUS), consoante média totalizada dos últimos 12
(doze) meses.
Essa desídia, no final, não gera
prejuízo somente ao fluxo de caixa do hospital, mas verdadeiramente aos
pacientes do SUS que terminarão sem um atendimento da qualidade existente no
HELP, pois, se o ente municipal mantiver este comportamento de descompromisso,
infelizmente os serviços já abertos terão sua oferta paralisada.
Isso compromete o pagamento dos
mais de 900 colaboradores, incluindo os 240 médicos, que atendem a população
com tanto zelo e compromisso à saúde, mas, mesmo diante dessa conduta omissiva,
a Fundação Pedro Américo vem mantendo às suas próprias custas a remuneração de
cada um deles, como forma de cumprir o seu papel e a sua função social.
Portanto, a Fundação Pedro Américo
não reconhece verdade em nenhuma das palavras do Secretário de Saúde de Campina
Grande e mantém todos os fatos narrados pelo presidente da Fundação Pedro
Américo Dalton Gadelha, escolhido pela mídia nacional como uma das 100 maiores
personalidades da área da saúde no Brasil.
Por isso, a notícia de fato pede
que a apuração faça a busca pelo recurso, em técnica denominada de follow the
money para identificar o destino de verbas carimbadas e creditadas há muito
tempo pelo Ministério da Saúde nas contas do Fundo Municipal de Saúde que tinha
a obrigação de fazer o necessário repasse ao HELP.
Acaso se confirme eventual
desvirtuamento, é possível que as autoridades envolvidas respondam por
improbidade administrativa e, no âmbito criminal, por crimes contra a
Administração Pública.
De outra banda, a Fundação Pedro
Américo preza pela transparência em todas as suas ações que tratem de parcerias
com o poder público e, especialmente, no recebimento de recursos oriundos de
emendas parlamentares.
Prova disso é que, durante seus
mais de vinte anos de história, sob a tutela e fiscalização da Promotoria das
Fundações em Campina Grande, o referido órgão ministerial nunca reprovou as
contas apresentadas pela entidade anualmente, em conformidade com o art. 66 do
Código Civil brasileiro.
Por essas razões, o Hospital de
Ensino e Laboratórios de Pesquisa (HELP) tem consciência da necessidade do
cumprimento de requisitos prévios antes do recebimento dos recursos ora
solicitados, a exemplo da contratualização com a Secretaria de Saúde de Campina
Grande-PB e da apresentação dos planos de trabalho, dos quais nunca se
esquivou.
(Por www.renatiodiniz.com)
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