quarta-feira, 26 de março de 2025

MORRE O PREFEITO DE BELO HORIZONTE, FUAD NOMAN, AOS 77 ANOS

Morreu nesta quarta-feira (26/03) o prefeito de Belo Horizonte (MG), Fuad Noman (PSD), aos 77 anos.
Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória na noite de terça-feira, 25, em meio ao tratamento das sequelas em razão do câncer.

Ele estava internado no Hospital Mater Dei desde o dia 3 de janeiro e após o ocorrido o quadro dele era considerado "bastante grave".
No dia 29 de janeiro chegou a ter alta da UTI, mas permaneceu na unidade hospitalar, sob cuidados médicos.
Segundo o último boletim médico desta quarta-feira, 26, Fuad "foi reanimado, mas evoluiu com choque cardiogênico necessitando de doses elevadas de drogas vasoativas e inotrópicas".
Ele estava respirando com ajuda de aparelhos e sendo medicado. 
Após a parada cardiorrespiratória, também surgiu um quadro de insuficiência renal aguda, e o prefeito não resistiu.
Fuad Noman foi reeleito como chefe do Executivo de Belo Horizonte nas eleições do ano passado, mas não chegou a exercer o novo mandato. 
Ainda em 1º de janeiro, dia da posse, o político participou da cerimônia de forma virtual, por questões de saúde. 
Em tratamento contra um câncer e com a imunidade baixa, Fuad foi orientado a evitar contato com grandes aglomerações.
Nas eleições de 2024, Fuad Noman foi o prefeito eleito mais velho de uma capital brasileira.
Em seu discurso feito virtualmente no dia de posse, ele comentou o motivo de estar na política.
"Muita gente tem me perguntado desde a eleição o porquê de eu estar aqui. Pessoas que me conhecem e até mesmo desconhecidas têm curiosidade para saber as razões de um homem de 77 anos, com a situação financeira resolvida, decidir entrar na política e disputar uma pesada eleição, em vez de curtir os netos ou viajar para conhecer os países que tem vontade de visitar", afirmou o político na época.
CARREIRA POLÍTICA
Economista e servidor de carreira do Banco Central, atuou em governos do PSDB e integrou a equipe do Ministério da Fazenda que implementou o Plano Real.
Foi secretário dos governos tucanos de Aécio Neves e Antônio Anastasia em Minas Gerais, mas era um nome pouco conhecido dos belo-horizontinos até ser eleito vice-prefeito em 2020, ascender à chefia do Executivo durante o mandato e se reeleger no ano passado.
Com família de origem síria, Fuad nasceu no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital mineira, mas passou a infância e a adolescência no vizinho Padre Eustáquio.
Católico, era devoto do sacerdote que foi beatificado pela Igreja em 2006 por ter curado o câncer de um colega.
Foi justamente a doença, que atacou o sistema linfático, que fragilizou a saúde do prefeito.
O linfoma não Hodgkin, descoberto em julho do ano passado, não impediu Noman de se candidatar à reeleição.
Ele realizou o tratamento ao mesmo tempo em que administrava a cidade e fazia campanha.
Entre o primeiro e o segundo turno, em outubro, anunciou que estava curado.
As complicações, porém, não tardaram a aparecer.
Ele foi internado quatro vezes desde que venceu o pleito, pelos mais diversos motivos: dores nas pernas, pneumonia, sinusite, sangramento intestinal, diarreia e, por último, insuficiência respiratória.
Álvaro Damião (União Brasil) assume definitivamente o comando da Prefeitura, posto que ocupava interinamente desde que Fuad se licenciou no início do mês.
De trato cordial e fala mansa, Fuad Noman tinha como marca registrada o uso do suspensório.
Dizia que o acessório, do qual possuía uma coleção com cerca de 50 peças, é mais confortável por apertar menos a barriga do que o cinto.
Gostava de contar histórias, principalmente as vividas no Banco Central e de quando morou com a família em Cabo Verde, onde atuou como consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para estabilizar a economia do país.
Também contava que foi "chefe" de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Fuad era secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República, enquanto Mendes era subchefe para Assuntos Jurídicos do mesmo ministério.
Anos antes, o mandatário fez parte da equipe econômica que elaborou o Plano Real, iniciativa que colocou fim ao crescimento desenfreado da inflação e estabilizou a economia brasileira.
"Tinham os economistas de renome que bolavam o plano e tinham as pessoas mais operacionais, que era o meu caso. Eu coordenei o grupo que cuidava das instituições financeiras federais, para que a gente tivesse um plano de ação preparado para manter as instituições funcionando sem nenhum problema, o que acabou acontecendo", disse Fuad em uma entrevista ao jornal O Tempo em setembro do ano passado na qual falou sobre sua trajetória.
Embora não fosse propriamente progressista, o ex-tucano apoiou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a presidente em 2022 e subiu no palanque do petista em comícios realizados em Belo Horizonte.
A eleição daquele ano também sacramentou o rompimento com Kalil — o prefeito não fez campanha para o aliado sob o argumento de que precisava administrar a cidade.
O período na Prefeitura coincidiu com o florescimento da veia literária de Fuad.
Ele publicou três livros: o "Amargo e o Doce" (2017), com elementos aparentemente autobiográficos, já que conta a história de um garçom, profissão que o prefeito também exerceu no restaurante do pai; "Marcas do Passado" (2022), que aborda a trajetória de uma mulher vítima de violência e abuso; e "Cobiça" (2020), alvo de ataques de bolsonaristas que acusaram a obra de fazer apologia à pedofilia por citar o estupro coletivo de uma criança de 12 anos.
No tempo livre, Fuad se dedicava ao jardim e aos animais que criava em um sítio que possuía em Baldim (MG), município de 7 mil habitantes que fica a duas horas de carro de Belo Horizonte. 
Ele deixa a esposa, Mônica, dois filhos, Paulo Henrique e Gustavo, e quatro netos: João Pedro, Mateus, Isabela e Rafael.
(www.terra.com.br)

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